Síndrome Alcóolica Fetal: um dilema difícil de contornar

Entende-se que, na maioria das doenças há algum tipo de cura ou tratamento proposto que se pode conviver com ela. Porém, não são todas e, em especial, algumas a origem do problema não vem da própria pessoa, provém em seu processo de gestação: seu conjunto materno.


A Síndrome Alcóolica Fetal (SAF), é um transtorno grave em decorrência de uso a bebidas alcóolicas das mulheres grávidas, passando isso para o bebê. A criança pode nascer com má formações congênitas faciais, neurológicas, cardíacas e renais, mas as alterações comportamentais estão sempre presentes, mesmo que implícitas.
Os primeiros relatos deste “descontrole”, começaram em 1968 na França, onde pesquisadores descreveram graves efeitos adversos do álcool em 127 casos em filhos de mães alcóolatras. Cinco anos passados, a terminologia “Síndrome Alcóolica Fetal” (SAF), foi colocada por Jones e Smith nos EUA, quando apresentaram um padrão de má formações em fetos de mães que ingeriam estas bebidas e critérios diagnósticos.
Apesar da doença ser um tanto quanto rara – pois, de acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, a proliferação de crianças com este tipo de anomalia, é de 1 a cada 1000 nascidos vivos – a tendência pode ser até 13% maior de meninas adolescentes, na média dos 13 aos 17 anos, no período fértil, à ingestão de álcool, do que entre os meninos da mesma faixa etária, com base em dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE).
No Brasil, ano a ano, 1500 a 3000 casos novos podem surgir se a prevalência de 0,5 a 2 por 1000 nascidos vivos for considerada, conforme o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA). Vale ressaltar também, que todos os tipos de bebida alcóolica são prejudiciais, mesmo que consumidas em quantidades pequenas e em qualquer momento da gestação. No processo de pós parto, o perigo também é grande. A probabilidade de haver anomalias no desenvolvimento, chega a 34,1 bebês a cada 1000 nascidos vivos, de acordo com o Ministério da Saúde em conjunto com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Em novembro de 2017, criamos e foi sancionada a Lei que cria campanha permanente de esclarecimento sobre a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Ela, possibilita ao município de São Paulo e à Secretaria de Saúde da cidade, desenvolver iniciativas visando conscientizar a população a respeito dos riscos, às crianças, do consumo de álcool durante a gravidez. Com isso, a Prefeitura pode alocar verba para ações contra a SAF – inclusive, utilizar a própria rede de saúde, que conta com cerca de mil serviços, entre Unidades Básicas (UBS), Assistência Médica Ambulatorial (AMA), Rede Hora Certa e hospitais. É baseada em campanha encabeçada pela Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Batizada de #gravidezsemalcool, é direcionada a munir a população com informação correta e atualizada sobre os perigos de ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica durante a gestação.
A importância dessa conscientização para as mães em estarem plenamente saudáveis na gestação é imprescindível. Não é justo as crianças passarem por problemas de saúde por conta de seu maior laço afetivo: sua mãe.
Gilberto Natalini
Médico e Vereador PV/SP

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