Comissão Vladimir Herzog lembra 35 anos da morte de Santos Dias

A Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, presidida pelo médico e vereador Gilberto Natalini, lembrou os 35 anos da morte do operário e líder popular Santos Dias da Silva em audiência pública realizada em conjunto com a Comissão da Verdade M’Boi Mirim, no sábado dia 29 de março.

SantosDiasdaSilva

A reunião conjunta das duas comissões da verdade lotou o Auditório Santo Dias. Natalini e o relator da Comissão Vladimir Herzog, vereador Mário Covas Junior, ouviram os depoimentos de seis moradores da Zona Sul de São Paulo que conviveram com Santo Dias da Silva e sofreram com a repressão política durante a ditadura militar. Entre eles a metalúrgica aposentada Edna de Oliveira, o padre Luiz Giuliani e o ex-deputado e também metalúrgico Aurélio Peres.
“A comunidade se organizou para buscar a verdade e conhecer a própria história, pelo testemunho do seu povo”, afirma Alex Ferreira de Carvalho, coordenador da Comissão da Verdade M’Boi Mirim Santo Dias da Silva.
Santos Dias
Santos Dias era metalúrgico e participava da pastoral operária da Igreja Católica e foi morto, em 1979, durante ato de greve de metalúrgicos na zona sul da capital em frente da fábrica Sylvânia.
“A própria comunidade nos pediu para realizarmos essa audiência pública, e esse encontro foi muito importante para a história. Resgatar o momento daquela greve operária e de maneira tão emocionante daqueles que participaram foi fundamental. Descobrimos, por exemplo, que Santos Dias tinha uma rede de articulação operária, e isso não está registrado nos livros”, afirmou Natalini.
“A morte de Santo Dias da Silva não foi em vão”, declara o presidente da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog. “Vivemos em liberdade e o regime democrático possibilita, por exemplo, que as comissões da verdade passem o Brasil a limpo”.
Trecho de depoimentos sobre Santos Dias:
Metalúrgica aposentada Edna de Oliveira que conheceu Santos Dias ainda na infância
“Foi fundamental ver o trabalho dele (Santos Dias) e, por isso, comecei a participar das reuniões e dos piquetes. Além disso, incentivei outros a fazerem o mesmo. No entanto, no dia em que Santos Dias foi morto, estávamos passando por um momento muito forte de repressão. E na fábrica Sylvânia os trabalhadores não estavam conseguindo parar um turno. Ele foi até o local para tentar ajudar. Depois disso, só recebi a notícia (da morte) e até hoje para mim é difícil”.
Padre Luiz Giuliani
“Ele (Santos Dias) nunca pegou em uma arma. Trabalhava muito, no entanto, o sindicato fazia oposição ao regime e ele foi uma das vítimas. Quando o juiz me interrogou sobre ele, já tinha dito que deveria ser considerado até mesmo um santo”.
Ex-deputado e também metalúrgico Aurélio Peres, que foi amigo de Santos Dias.
“Na greve de 1979 eu já era deputado, e fiquei na igreja para qualquer necessidade dos trabalhadores. Qualquer problema, por eu ter imunidade, iria dar proteção a quem precisasse. Quando me ligaram, foi para avisar que o Santos Dias estava no hospital, mas ao chegar o médico disse que ele estava morto”.

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