Cartilha sobre Psoríase

Centro Brasileiro de Psoríase

Cid Yazigi Sabbag

 

O QUE É PSORÍASE

 

É uma doença de pele e de articulações (chamada psoríase artropática), de origem genética, mas que atinge somente 30% dos indivíduos que possuem histórico familiar. Aproximadamente 70 a 100 milhões de pessoas, em todo mundo, possuem o gene para psoríase em suas células, podendo ou não vir a desenvolvê-la em qualquer fase da vida. Não existem exames laboratoriais para identificar a psoríase.

É conhecida desde a antiguidade e já foi confundida com a lepra (hanseníase). Muita gente acredita que a psoríase seja uma doença emocional ou psicossomática, porém, na última década, foi confirmada que além da predisposição genética, a psoríase é mediada pelo sistema imunológico de defesa, como ocorre em outras doenças como a artrite reumatóide e doença de chron, produzindo alterações nas células da pele, vasos de sangue e nas substâncias imunológicas.

Psoríase e psoríase artropática são doenças inflamatórias crônicas, não contagiosas e que ocorrem em surtos de piora, melhora ou desaparecimento por tempo indeterminado. Não há como prever sua evolução. Geralmente, fatores desencadeantes promovem um novo surto.

Na pele, a inflamação forma placas avermelhadas em que as células chamadas queratinócitos aumentam sua velocidade de produção e, ao se acumular na superfície, formam escamas esbranquiçadas.

Também pode ocorre inflamação na articulação óssea provocando rigidez de movimentação, inchaço,  dor e, em alguns casos mais raros, destruição óssea.

Aprender sobre essas doenças e seus tratamentos pode resultar em melhor qualidade de vida. O Centro Brasileiro de Psoríase tem a função de contribuir para isso, oferecendo uma visão global e atualizada dos tratamentos.

 

QUEM TEM PSORÍASE

A psoríase atinge igualmente homens e mulheres em qualquer idade. Em 15% dos casos aparece em crianças com até 10 anos. Quando ocorre na infância e já existem casos na família, a psoríase pode ter controle mais difícil.

Ela existe em todas as regiões do mundo, com incidência de 2 % da população, sendo que em maior número em países como Finlândia, Islândia, Noruega e Alemanha e um pouco menos em povos em que não há mistura de raças, como os negros da África oriental, índios e esquimós. Nos EUA, estima-se em 8 milhões de pessoas com psoríase; no Brasil, em cerca de 2 % de seus habitantes.  

É muito importante saber que 20% a 30 % das pessoas com psoríase na pele podem, em qualquer fase da vida, desenvolver psoríase artropática. O dermatologista deve ser informado quando houver dores ou inchaços em alguma junta, para uma necessária avaliação do médico reumatologista.

FATORES DESENCADEANTES

O indivíduo geneticamente predisposto para ter psoríase precisará de um ou mais fatores desencadeantes para iniciar o primeiro surto ou exacerbar uma psoríase já instalada. São eles:

-Infecções em qualquer órgão por bactérias estreptocócicas (faringite, amigdalite, pneumonia,infecção urinária, etc...), vírus (herpes, gripe, HIV, etc...) ou fungos (micose, candidíase vaginal, etc...) podem ou não predispor à psoríase e psoríase artropática. Há uma hipótese de formação de superantígenos alterando o sistema imunológico da pele. Converse com seu dermatologista se as crises de psoríase vieram após infecções.

-Trauma físico na pele pode resultar em uma nova lesão de psoríase (chamada fenômeno de Koebner) ou piorar uma lesão já existente. Isso explica porque a psoríase é mais comum em cotovelos (atritos na mesa), joelhos (raspam na calça) e couro cabeludo (atrito ao escovar os cabelos). É preciso evitar remover escamas ou coçar.

-Medicamentos podem alastrar a psoríase para o corpo todo, principalmente aqueles compostos de cortisona (corticóides), em comprimidos, injeções ou mesmo na fórmula de cremes, pomadas e loções capilares que, quando utilizados por longos períodos e em áreas extensas do corpo, correm o risco de serem absorvidos pela a corrente sanguínea, piorando a psoríase na pele. Evite automedicação e informe seu dermatologista de todos os remédios que usa. Alguns medicamentos prescritos para hipertensão ou coração podem piorar a psoríase até mesmo meses depois de ingeridos, como o atenolol, propanolol e captopril. Lítio prescrito para depressão também pode influenciar, assim como a cloroquina para dores reumáticas. Nunca suspenda o uso sem antes conversar com o médico.

-Origem emocional e estresse psíquico são comumente relacionados à psoríase, quando a forma é intensa e constante, mas nem sempre são a principal causa da evolução da afecção já que existem outros fatores que modificam o sistema imunológico. A explicação possível seria a liberação de neurotransmissores pelo sistema nervoso central de outras substâncias mediadoras para pele. A psiconeuroimunologia é a ciência que estuda esses fenômenos e que também explica como técnicas de relaxamento físico e mental podem beneficiar alguns pacientes com psoríase e psoríase artropática.

-Tabagismo e abuso de bebidas alcoólicas são associados com a piora da psoríase e certamente podem levar à toxicidade quando se faz uso de medicações sistêmicas para essa doença. Em relação a alimentos, nada foi associado e certamente uma dieta equilibrada, assim como evitar obesidade, são cuidados benéficos para o organismo como um todo.

-Variações climáticas, inverno rigoroso e baixa umidade podem estar relacionados com períodos de piora da psoríase e da artralgia (dor articular) da psoríase artropática.

 

Tipo de psoríase e diagnóstico

Há tipos diferentes de apresentação da psoríase na pele:

-psoríase vulgar: pequenas lesões até grandes placas, comuns em couro cabeludo, cotovelos, região lombar e joelhos. Pode atingir unhas e genitais.

-psoríase eritrodérmica: quando atinge a totalidade do corpo, sendo uma forma mais rara que pode ser grave e com sintomas sistêmicos.

-psoríase gutata: semelhantes a lesões em gotas espalhadas pelo tronco.

-psoríase palmoplantar: somente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Pode ter a variação pustulosa quando aparecem pequeníssimas pústulas que logo se rompem.

-psoríase invertida:quando, em vez de áreas de extensão, acometem dobras das axilas, virilhas.

-psoríase artropática: em uma ou várias articulações e com características diferentes da artrite reumatóide. Geralmente é diagnosticada pelo médico reumatologista.

A evolução pode ser aguda ou mais comumente progressiva das áreas de atrito para outras regiões.

O diagnóstico pode exigir biópsia da pele, mas a experiência clínica do dermatologista geralmente é suficiente para confirmar.

Tratamentos

Varia conforme a quantidade de lesões na pele, sendo que em até 10% do corpo utilizam-se medicamentos tópicos com alcatrão, coaltar, derivados da vitamina D3, como o calcipotriol e calcitriol. Porém, quando há maior quantidade de lesões tornam-se necessários tratamentos mais generalizados como a fototerapia (banho de luz) com ultravioleta A (PUVA) ou B, ou laser. Na psoríase disseminada por mais de 30% do corpo  e na psoríase artropática estão indicados medicamentos sistêmicos sob rigoroso controle médico e laboratorial para evitar efeitos colaterais já conhecidos há anos da acitretina, metotrexato e ciclosporina. Quando essas medicações deixam de ser eficazes ou provocam toxidades no fígado ou em outros órgãos, são indicadas as drogas biológicas injetáveis como o infliximabe, etanercepte e efalizumabe.

É consenso que o melhor é combinar tipos de medicações e mudá-las na crise seguinte de psoríase.

O uso de cremes hidratantes no corpo todo, sol com moderação (e fotoprotetor no rosto), não mexer ou atritar a pele, são medidas fundamentais para saúde da derme.   

A pessoa com psoríase, quando informada, tem maior condição de discernir o que é mais adequado tanto no momento como na gestão em longo prazo.

Grupos de apoio geralmente proporcionam ambiente propício para conversa, troca, informação e apoio.

Associações sem fins lucrativos são fundamentais para exercer o direito do paciente.

 

TER PSORÍASE

O estigma social pode ser mais difícil do que os sintomas da psoríase. É comum produzir mudanças de comportamento e até de personalidade. A falta de apoio e compreensão pode agravar a evolução da doença, tornando-a crônica.

O custo dos medicamentos e o custo de dedicar horas a tratamentos sem resultados definitivos, leva a frustrações e perda da auto-estima. Porém, uma nova atitude de enfrentamento diante da psoríase, mudanças de hábitos e maiores cuidados, aliados a tratamentos médicos e científicos, levam com certeza a um controle e melhor qualidade de vida da pessoa com psoríase.

·        Centro Brasileiro de Psoríase promove encontros anuais gratuitos para pessoas com psoríase unindo as associações de psoríase, autoridades e profissionais da saúde pública, de estética e fisioterapia.

·        Visite o site: www.cbp.med.br