Gilberto Natalini SP

Gás natural, pela nossa saúde

São Paulo é a maior e mais desenvolvida cidade brasileira. Porém, se por um lado o desenvolvimento nos traz prosperidade econômica, atrai novos investidores e cria mais oportunidades, por outro gera alguns inconvenientes, e poluição é um dos graves. Assim, São Paulo é também a cidade mais poluída do país, e por isso precisa de sérios cuidados antes que os danos ao ambiente e à população paulistana sejam agravados.

A poluição do ar na capital paulista é um fato preocupante e ao mesmo tempo impressionante. Freqüentemente os telejornais regionais mostram imagens do céu coberto por nuvens cinzas de poluição, provando que, ainda que não percebamos no dia-a-dia, o perigo nos ronda, nos envolve e nos invade. A cada minuto os moradores de São Paulo inspiram uma porção de partículas nocivas ao organismo, que podem causar doenças cardiovasculares e respiratórias. No último ano, estas representaram a quarta causa de internação na capital.

Um dos principais poluidores do ar em São Paulo são os automóveis, que lançam todos os dias na atmosfera toneladas de monóxido de carbono, produto da queima de combustível altamente tóxico. A escassez de áreas verdes piora ainda mais a situação, já que não há muitas árvores para ajudar na purificação do ar poluído. Na qualidade de médico e vereador, preocupado com a manutenção da saúde da população e da cidade, elaborei Projeto de Lei (0216/03) que dispõe sobre o uso de gás natural veicular (GNV) – que dos combustíveis fósseis é o menos poluente -, de hidrogênio, de motor híbrido ou de qualquer fonte de energia com menor potencial poluidor, nos veículos integrantes da frota do Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros. Em São Paulo há cerca de dez mil ônibus em circulação, e a substituição de óleo diesel representaria uma grande redução na emissão de poluentes, melhorando consideravelmente a qualidade do ar.

Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o programa do gás natural veicular no Brasil iniciou-se na década de 1980 com estudos e pesquisas visando a substituição do óleo diesel nos ônibus. De lá para cá, pesquisas revelaram diversas vantagens do uso do GNV. Como é um combustível seco, não provoca resíduos de carbono nas partes internas do motor, o que aumenta a vida sua útil e o intervalo de troca de óleo, reduzindo significativamente os custos de manutenção. Além disso, é um combustível limpo, que não contribui com o alarmante efeito estufa. O GNV também é o mais seguro já que, por ser mais leve que o ar, em caso de vazamentos se dissipa na atmosfera, reduzindo o risco de explosões e incêndios.

De acordo com a Petrobrás, que vem apoiando a substituição do óleo diesel pelo gás natural nos veículos coletivos, a tarifa de transporte com o uso do GNV pelos ônibus urbanos, pode cair até 10%. Isso porque os gastos com combustível representam atualmente até 30% dos custos de transporte. O GNV é mais barato do que a gasolina, o álcool e o óleo diesel, representando uma vantagem econômica para qualquer um que optar pela substituição. Os postos têm vendido o diesel por aproximadamente R$ 1,40 e o gás natural por R$ 0,95 – uma diferença de 34%. Mas como a autonomia de um m³ de GNV é superior à de um litro de combustível líquido a economia é ainda maior.

Atualmente existem no Estado de São Paulo quase 35 mil veículos convertidos, em sua maioria táxis e veículos de transporte alternativo. Cerca de três milhões de veículos em 57 países já utilizam o GNV, atestando sua viabilidade e segurança deste produto. A Comunidade Européia estabelece que 10% da sua frota deve utilizar o GNV até 2020. Estes dados revelam que a utilização deste produto, considerado o combustível do futuro, já foi aprovada e reconhecida como a melhor alternativa para reduzir a poluição em benefício da saúde humana e ambiental e São Paulo não pode ficar de fora deste processo.

Gilberto Natalini, médico e vereador paulistano (PSDB)