Estamos num novo ano.
Com o Brasil patinando na imensa “crise civilizatória” criada pelos governos anteriores, assume o novo governo eleito em Outubro.
Parcela majoritária do povo brasileiro depositou seu voto e suas esperanças nesse governo.
Assim como fez antes elegendo, o Collor, o Fernando Henrique, o Lula e a Dilma, cada um do seu jeito causando frustações enormes na população.
No Brasil é assim: vivemos dos espasmos políticos, dos fetiches ideológicos, do sonho de um salvador, um pai da pátria.
Como isso não existe o brasileiro descobre, logo após a eleição que foi vitima de um “estelionato eleitoral”. Vítima de seu próprio despreparo, de sua emoção pouco consistente.
Hoje não é diferente.
Os problemas do Brasil são gigantes.
Nós somos um grande país. Aqui tudo é grande.
Assim nossa desigualdade social é uma das maiores e mais cruéis do mundo.
Com um povo tido como cordial, nos transformamos num dos países mais violentos do mundo, com 63 mil assassinatos por ano, recordes de violência contra a mulher, idosos e crianças.
O crime organizado hoje faz parte do cenário nacional, com “salves” assustadores, robusta contabilidade, presença em todo país, em instituições públicas e privadas e ações espetaculares de guerrilha urbana.
Temos perdido nosso parque industrial para as commodities do agronegócio.
Estamos num atraso cientifico-tecnológico por ausência de uma politica pública decente para o setor, em que pese as ilhas de heroísmo da pesquisa no Brasil.
Com uma infantaria de 12 milhões de desempregados e um orçamento anual que é carcomido pelo pagamento de juros e serviços da dívida pública, nossa economia, dita a 8ª do mundo, hibernou.
O Sistema Público de Saúde, o SUS, está sendo asfixiado por covarde desfinanciamento e uma má gestão, já há vários anos.
A população vai ficando desassistida e surgiram os famosos “planos populares de saúde”, financiados com dinheiro estrangeiro, que mais enganam do que atendem.
Nossa educação é sofrível. Os resultados práticos estão aí na legião de analfabetos funcionais, que mal conseguem ler e escrever. Até mesmo os universitários.
Para coroar tudo isso, estamos ainda em plena pandemia de corrupção que infectou o Brasil, desde o Palácio do Planalto, passando por Prefeituras, Parlamentos, Empresas, Associações, Sindicados, Igrejas e alcançando as ruas.
A corrupção tornou-se uma prática de vida institucionalizada no País.
A reação veio com a Lava-Jato e assemelhados, que teve o apoio de parcela importante da população, mas que luta contra forças poderosas para fazer seu trabalho de saneamento.
Esse é o Brasil que Jair Bolsonaro vai administrar a partir de agora.
O que será do Brasil?
Uma pergunta para a qual nem eu, nem nenhum brasileiro de bom senso tem a resposta.
Só nos resta torcer para o Brasil sair dessa?
Creio que podemos e devemos fazer muito mais.
É momento de os brasileiros de bom senso e comprometidos com a moralidade pública, o desenvolvimento econômico e social sustentável, com a preservação do nosso meio ambiente e de nossa democracia, se unirem cada vez mais.
Estarem presentes em cada passo da vida nacional, fiscalizar os poderes públicos, propor e cobrar uma agenda que possa tirar o Brasil dessa agonia.
Aqui, essa união, tem que ser suprapartidária, interracial, interreligiosa, inter-torcidas.
Nem de “direita” nem de “esquerda”, que hoje são conceitos superados e usados falsamente.
Tem que ser uma união pelo Brasil, pelo seu povo, em particular os mais desfavorecidos.
Tem que ser uma frente pela moralidade, na vida pública e privada.
Tem que ser uma jornada pela retomada do desenvolvimento econômico, com um grande adendo: com respeito ao meio ambiente.
Tem que ser um pacto pelo fortalecimento de nossa democracia.
Essas são as tarefas para 2019. Que venha o bendito Ano Novo!
Gilberto Natalini
Médico, Ambientalista e Vereador (PV/SP)