A Câmara Municipal de São Paulo, através do vereador Gilberto Natalini (PV), realizou nesta 3ª feira (21), a Reunião Aberta Sobre os Rumos da Preservação do Patrimônio Cultural em São Paulo.
O debate teve como base a Preservação do Patrimônio Cultural, campo de conhecimentos que traz resultados positivos para a sociedade, envolvendo a sua identidade e coesão, além de valorizar a autoestima. Para tanto, é necessário mobilizar conhecimento específico, recursos humanos e financeiros. Os órgãos de preservação detêm boa parte desse conhecimento, acumulado em anos de atividade conjunta com as universidades que englobam o ensino e a pesquisa, diretamente relacionados a esse campo. A manutenção da relação de proximidade com as universidades públicas que é de especial importância para os órgãos de preservação foi um dos temas centrais do evento.
Arquitetos e Urbanistas, Sociólogos, Historiadores, técnicos, professores e pesquisadores das universidades públicas paulistas participaram da reunião, que contou com as comunicações de importantes personalidades do campo de preservação, entre eles: Ana Lucia Duarte Lanna (Historiadora, atual Diretora e Professora Titular da FAU/ USP. Foi Presidente do Condephaat, e Diretora do IEB/ USP e CPC/USP), Marly Rodrigues (Historiadora pela FFLCH/ USP e Doutora pelo IFCH/ Unicamp. Foi diretora técnica em diversos órgãos públicos de proteção ao patrimônio), José de Souza Martins (Sociólogo pela FFLCH/ USP. Professor Emérito pela mesma instituição e escritor de diversas obras), Fernando Túlio Salva Rocha Franco (Arquiteto e Urbanista pela FAU/ USP. Presidente do IAB/ SP) e José Eduardo de Assis Lefèvre (Arquiteto, Urbanista e Professor Doutor da FAU/ USP. Foi Presidente do Conpresp e Condephaat).
De acordo com Natalini, a reunião tinha o intuito de organizar a oposição às alterações propostas. “Uma cidade, estado ou país que não tem órgãos fortes de preservação da sua história, cultura, memória, arquitetura e urbanismo se torna apenas um amontoado de pessoas. Não queremos permitir isso”, afirmou Natalini.
O Prof. Dr. José Eduardo de Assis Lefèvre (FAU-USP) disse ser necessário levar em consideração fatores amplos para pensar a preservação do patrimônio, e não apenas se concentrar na ferramenta do tombamento. “O tombamento é uma medida de força que pode ser até contraproducente porque pode levar inclusive à deterioração daquilo que se pretendia preservar”, afirmou Lefrève. Para o professor da FAU-USP, é necessário desenvolver sistemas de monitoramento acessível ao público. “Para que a sociedade acompanhe a valorização da preservação do patrimônio, abordando um foco mais amplo que possa englobar utilidade, manutenção preventiva e restaurações, entre outros”, disse.
Também presente à reunião, o Prof. Dr. José de Souza Martins (FFLCH-USP) avaliou que as discussões sobre o patrimônio cultural têm sido deixadas de lado. “Temos que rever nossas metas e métodos, sob pena de perdermos nossa história. Precisamos definir uma estratégia diferente do que estamos seguindo, para desenvolver uma atividade que atinja não apenas o plano político, mas também o moral”, afirmou Souza Martins. “Temos que colocar as pessoas que têm poder de decisão diante do dilema moral que é reconhecer a importância da identidade cultural do povo de uma cidade como São Paulo”, concluiu o sociólogo.
Os últimos anos têm se caracterizado por descuidos e sérias dificuldades no âmbito dos órgãos preservação em nossa cidade. É essencial haver uma ação coordenada entre todos os interessados na preservação do Patrimônio Cultural para, que não percamos o que já foi conquistado.