Usando um refrão bem ao nosso costume de louvarmos ser o maior em tudo, estamos comemorando, com euforia de um lado e grande preocupação para o meio ambiente de outro lado, a chegada do Brasil ao topo do Campeonato Mundial de Gado de Corte. A imensidão territorial e a fartura de água doce, traz toda honra e toda glória aos pecuaristas pelo absoluto alcance deste digno indicador de grande alcance, em todos os seus aspectos.
Somos hoje possuidores do maior plantel de gado bovino do mundo, maior até do que a própria Índia onde o gado, por questões religiosas, não é destinado a corte. São 210.000.000 (isto mesmo: 210 milhões) de cabeças de gado. Se os produtores resolvessem doar uma cabeça de gado para cada um dos 192 milhões de brasileiros, ainda assim sobrariam 18 milhões de cabeças aguardando doação, ou seja: o plantel de gado é cerca de 10% maior do que a população.
A vista da aproximação do RIO+20 devemos comemorar esse quadro?
Pesquisadores da USP , apresentam alguns dados que dizem respeito à grande preocupação que tal posição brasileira pode e está causando ao meio ambiente e, por via de conseqüência, à camada de ozônio.
Vejamos, então, dados a respeito desse impressionante volume de cabeças de gado que gera imensa riqueza como a commodities de maior consumo mundial, mas em contra partida causa impacto ambiental que não pode ser desprezado e merece estudo sério e profundo.
Cada um deles consome em média, 48 litros de água por dia. Repetimos: 48 litros d´água por dia, fora – claro – a alimentação sólida, na grande maioria representada por capim gordura e, em casos não muito freqüentes, em ração balanceada.
Isso gera fezes, grande emissor de Metano o CH4 e também urina, ou Óxido Nitroso ou W20, jogados na natureza aleatoriamente, onde um sobrecarrega o Ozônio e outro a terra.
Agora considerando 48 litros de água por dia para 210 milhões de cabeças de gado, podemos imaginar o extraordinário consumo diário de água por essas cabeças e o imenso parque de distribuição de metano e óxido nitroso despejado no planeta, trabalhando em favor direto e intenso dos buracos na camada de ozônio.
Os cientistas ambientalistas têm manifestado grande preocupação com esse estado de coisas, pois as facilidades territoriais e a fartura de água e a pouca técnica necessária e minimamente exigida para montar-se um empreendimento pecuário, juntado com a pouca mão de obra (vaqueiros são uma casta privilegiada no sertão brasileiro), torna o campo econômico, fértil, farto, tranqüilo, com poucas, mas muito poucas exigências. Torna-se interessante, fácil e intensamente apoiado pela sociedade, ser produtor pecuário neste país.
Nessa seqüência haverá o tempo em que, não havendo uma solução ambiental correta, séria e favorável ao planeta, passaremos a ter problemas com água, dada a exclusividade de fornecimento aos 210 milhões de gado, principalmente com as fezes e com a urina, que ficam agredindo ao meio ambiente brasileiro, enquanto que a Europa, Ásia e Estados Unidos, exceto a Oceania, outra produtora, embora pagando bastantes dólares, usufruem e se deliciam da carne bovina brasileira sem, contudo terem seu meio ambiente agredido.
Fácil assim para eles e altamente prejudicial para nós. Eles pagam e nós nos desgastamos ambientalmente, embora satisfeitos economicamente.