A Comissão Municipal da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo concluiu que o ex-presidente Juscelino Kubitscheck foi assassinado e não morto em um acidente de carro em 1976, como foi registrado à época pelo regime militar.
“Nós estamos convictos de que Juscelino Kubitschek foi assassinado, não temos dúvidas disso. Estamos assumindo essa responsabilidade porque ouvimos muitos envolvidos na época e conseguimos juntar provas”, afirmou o presidente da Comissão da Verdade, vereador Natalini (PV/SP).
O relatório JK apresentado nesta terça-feira, dia 10 de dezembro, pela Comissão da Verdade, e lido pelo seu presidente vereador Gilberto Natalini revela 90 evidências de que o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek foi assassinado.
O documento, segundo Natalini, será encaminhado aos presidentes da república, Dilma Rousseff, do Congresso, Renan Calheiros e do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. “Queremos que seja declarado que JK foi assassinado”.
No relatório há dados como o depoimento do ex-motorista da Viação Cometa Josias Nunes de Oliveira, acusado de ter causado o acidente, relatou à Comissão que no momento em que o carro em que estava JK “ultrapassou o ônibus pela direita e não fez a curva”; do ex-secretário de JK, Serafim Jardim, que afirmou que o ex-presidente recebia ameaças e estava sendo vigiado por agentes do governo militar; além do perito criminal Alberto Carlos de Minas que relatou ameaças para não vincular o “acidente automobilístico a um atentado político”.
“O perito Alberto Carlos de Minas encontrou fragmentos metálico no crânio do motorista de Juscelino Kubitschek, Geraldo Ribeiro, o que indica que ele foi vítima de disparo de uma arma de fogo e, por isso, ele perdeu o controle do automóvel. Outra prova que temos é a carta enviada à época pelo coronel chileno Manuel Contreras ao general de divisão João Baptista Figueiredo, chefe do Serviço Nacional de Informações em 1975, que relata a possibilidade de vitória de Jimmy Carter nos Estados Unidos, o que abalaria o Cone Sul. Isso poderia dar forças a Juscelino Kubitschek”, afirmou Natalini.