A nota “Dilma frustra apelo por ambição no clima” do Observatório do Clima , rede formada por 37 ONGs, com a qual comungo inteiramente, mostra a decepção das entidades envolvidas com a agenda das mudanças climáticas, com a manifestação de intenções da Presidente Dilma, na reunião com o Presidente Obama. Este era um encontro que alimentava expectativas, já que os EUA avançara em seus posicionamentos e se esperavam avanços em favor de compromissos mais efetivos, que respaldem o acordo a ser buscado na COP 21 em Paris, no fim do ano. O que a Presidente Dilma demostrou foi sua completa alienação das questões ambientais.
Desde a ditatura militar ela é a única chefe de estado que não criou parques nacionais na Amazônia. Ao contrário, reduziu a área de três, incluindo o mais extenso de todos, o que atendeu aos interesses de madeireiras e mineradoras.
Os pífios objetivos postulados seriam risíveis, não fosse esta uma questão fundamental para a sobrevivência da humanidade e continuidade da civilização. Pior, o Brasil por suas dimensões e potencial, seus avanços na criação de tecnologia de biocombusíveis, pela matriz elétrica construída com base na fonte hídrica, longa costa com abundância de ventos e abundância de irradiação solar potencializadora do aquecimento de água e eletricidade fotovoltaica deveria assumir papel de protagonismo internacional.
Infelizmente, um lugar natural que lhe cabia nas negociações e correspondia a posições pioneiras assumidas na Rio 92 não é mais ocupado, na medida em que se adotam posturas das mais retrógradas, comungando com os países do BRICS, inteiramente dependentes de uma matriz de energia a base de carvão e petróleo.
Só podemos lamentar muito que nossa presidente esteja perdida na visão econômica dos anos sessenta e não esteja antenada com a nova economia ecológica e circular que preconiza energia descarbonizada e conciliar as demandas ambientais, sociais e econômicas, no desenvolvimento sustentável.
Por fim vale registrar que temos hoje um “trio calafrio” no ministério. Na pasta da ciência e tecnologia, um completo leigo no tema e que sequer acredita em mudanças climáticas; na secretaria de assuntos estratégicos, a quem cabe pensar o futuro, um professor meio abilolado que também não acredita em aquecimento global e demitiu a equipe que estava para concluir o plano de adaptação, e na agricultura, a ruralista que capitaneou o processo que forjou um novo Código Florestal que de novo não tem nada, pois trouxe enormes retrocessos.
Assim se torna um desafio diário se manter otimista, ao menos pelos próximos 3,5 anos!
Vereador Gilberto Natalini (PV)- Presidente da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade da Câmara Municipal de São Paulo