Nesta quinta-feira (3) foi discutido, durante reunião da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade, na Câmara de São Paulo, O Destino do Minhocão. O vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Frente, abriu o encontro salientando que, oficialmente, a Frente “ainda não tem posição a respeito” e que a reunião realizada nesta quinta-feira traz o assunto ao debate, “vamos tornar pública a ata e levar em conta tudo o que foi discutido”.
Segundo o vereador, foram distribuídos “120 mil convites por email para pessoas e entidades participarem da discussão”. Dando sua opinião pessoal a respeito, Natalini posicionou-se contrário ao Minhocão: “ trata-se de uma aberração que matou a avenida São João e seus arredores e tem que ser derrubado, mas que haja um projeto urbanístico equilibrado com alternativas de lazer para a população”.
Para o presidente da Frente Parlamentar pela Sustentabilidade, “ o prefeito Fernando Haddad é teimoso e nega o Parque Augusta e usa o asfalto para fazer parque”, finalizando que “como vereador e pelo bom senso acho que o Minhocão deve ser desmontado”.
O chefe de Análise de Projetos do Corpo de Bombeiros Metropolitano, informou que o Minhocão é “inseguro para eventos temporários (virada cultural, por exemplo) já que não existem medidas básicas de segurança”. Conforme o capitão Carlos Alberto Malheiros, no Elevado “não há rotas de fuga” que tem 3,5 Km de extensão 14 metros de largura e “seis rampas com inclinações erradas”, além de guarda-corpos que mal sustentam pessoas ou veículos porque têm “altura baixa e sem guard rail”.
Seguramente, o elevado Costa e Silva é uma das construções mais polêmicas da cidade de São Paulo. Construído em 1970, tem um traçado que consiste em um percurso de 3400 metros ligando a Praça Roosevelt (Centro) ao Largo Padre Péricles (Perdizes). Já naquela época, o projeto idealizado pelo prefeito Faria Lima (1909- 1969) causou resistência e foi engavetado por ser considerado produto de “engenharia bruta” que destruiria e causaria impacto altamente negativo na paisagem urbana de São Paulo.
Mesmo assim, contrariando a opinião de urbanistas e arquitetos, em 1969 o então prefeito Paulo Maluf deu início à construção do elevado que foi inaugurado no dia 24 de janeiro de 1971.
Em menos de um ano (onze meses) o agora Minhocão ficou pronto e consumiu 37 milhões de cruzeiros. Recebeu o nome do general Costa e Silva que, presidente, indicou Maluf à Prefeitura de São Paulo, naquela época de regime militar.
Quarenta e quatro anos depois, as reclamações continuam as mesmas da época da inauguração: poluição, barulho e sujeira que, juntos, desvalorizaram – e muito – a região. Para se ter uma ideia da polêmica causada, com apenas cinco anos de construção já havia planos de demolição do elevado.
O Minhocão foi – e é – uma obra que veio para causar conflito, discussões e ainda hoje técnicos, arquitetos e urbanistas dividem opiniões a respeito de demolir, mudar ou planejar algo melhor que o elevado.
Em 1976 ele passou a ser fechado à noite com o objetivo de diminuir acidentes e ruídos dos veículos; em 2006 a Emurb (órgão da Prefeitura responsável pelo desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo) anunciou o plano de demolição deste que, segundo estimativas, é via de acesso onde circulam, diariamente, cerca de 80 mil veículos.
Atualmente, o Minhocão funciona de segunda a sábado, das 6h30 às 21h30 e nos domingos e feriado é aberto a pedestres e ciclistas e fechada ao tráfego.
Considerado pela maioria como um desastre urbanístico a discussão atual gira em torno de duas vertentes: ou remover o Minhocão ou transformar a área em um jardim urbano.
Na oportunidade, foi destacada a implantação, pela Prefeitura, dos Jardins Verticais e o vereador Gilberto Natalini demonstrou sua preocupação pois afirmou que ficou sabendo “que água potável e energia estão sendo gastas”. “Estamos estudando o impacto dessa medida e vamos tomar as providências cabíveis junto ao Ministério Público”. Nos 40 Jardins Verticais deverão ser gastos R$ 12 milhões e, segundo o engenheiro Gilberto Carvalho do movimento São Paulo sem Minhocão “jardins verticais não são compensação ambiental porque o prefeito troca jequitibás por samambaias”
Também estiveram presentes ao encontro o representante do Movimento Desmonte o Minhocão, Arthur Monteiro, entre outros.
Finalizando, o vereador Gilberto Natalini, destacou que foram convidados a participar os representantes da CET, Vicente Petrocelli e Athos Comolatti, do Movimento pelo Parque, mas não compareceram.