O vereador Gilberto Natalini (PV/SP) defende o transporte sobre trilhos como a solução principal para a mobilidade em São Paulo, pois é o que pode oferecer a capacidade adequada para os grandes volumes de passageiros (2 bilhões/ano – 30% do total de 7 bilhões/ano) e comportar o fluxo nos horários de pico. Também é um meio de transporte não poluente por usar eletricidade e menos ruidoso.
A cidade já conta com uma malha de metrô e trens de 335 km que atingem municípios vizinhos, mas bem aquém da demanda. Ela segue sendo expandida num ritmo que certamente deveria ser mais rápido (plano atual prevê mais 100 km sendo 30 km de metrô) e agora temos também o monotrilho para trechos de menor volume. Porém faz falta a alternativa do VLT (veículo leve sobre trilhos), o antigo bonde renovado na forma do tram, cada vez mais adotado na Europa.
Infelizmente, a cidade perdeu seus bondes. Em 1927 havia 230 km de linhas. A FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie promoveu em 05/02, às 15h, a discussão: “Tramway Superstar – comment construire la ville avec le transport”, com palestra do arquiteto urbanista francês Alfred Peter, um dos maiores especialistas do mundo neste modal.
Peter apresentou exemplos de várias cidades na França e no mundo que adotaram VLTs em projetos de revitaiização, alimentando linhas de metrô e evitando o efeito que os BRTs causam de desagregação do tecido urbano, pelo tráfego intenso de ônibus. Infelizmente a atual gestão da Prefeitura Municipal de São Paulo fez opção exclusiva pelo transporte sobre rodas e a nova licitação de ônibus aponta para um cenário de uso de diesel pelos próximos 40 anos, indo de encontro à modernidade e ao combate à emissão de gases de efeito estufa e à poluição que vitima precocemente mais de 4500 paulistanos.
Durante o debate o Dr. Peter respondeu a questões e criticou o pouco que viu por aqui do sistema de ciclovias, algo que entende fundamental, mas não pode ser executado sem uma integração com o sistema semafórico e outras medidas para oferecer segurança aos usuários. Um exemplo é a da Av. Paulista, interrompida por cruzamentos de risco. Ele também declarou não ter entendido a lógica de distribuição das linhas de ônibus, que deveriam ao seu entender, servir à transferência para modais de maior capacidade como metrôs, trens e monotrilhos. Ele elogiou o VLT do Rio, em circuito interligando o Centro e a transformação parcial da Av. Rio Branco em via peatonal.
Representou o gabinete, o assessor de meio ambiente Marcelo Morgado que indagou sobre a interligação de VLTs com aeroportos e sobre como via o futuro de trólebus sem alimentação aérea. No 1º caso, dependeria da demanda e afirmou que em 15 anos todos trams e ônibus elétricos não usarão mais a rede aérea, mas somente baterias de nova geração, com carga nas paradas ou garagens.