O aquecimento global é a maior ameaça que pesa sobre a civilização humana. Para enfrentá-lo temos de um lado promissor, um diagnóstico científico claro de que precisamos descarbonizar a economia até 2050, para se ter chances razoáveis de manter a temperatura da atmosfera abaixo de 2º C e idealmente menor que 1,5º C, limite a partir do qual as mudanças climáticas podem se tornar incontroláveis. Também favorável é já se deter tecnologias viáveis para fontes alternativas renováveis e limpas.
Melhor ainda é que os custos das energias eólica e fotovoltaica vem caindo pelo avanço tecnológico e ganho de escala. Para ajudar mais, a nova economia verde e circular embute a oportunidade de novos negócios, reduzindo a poluição que mata aos poucos e gerar renda que reduza a desigualdade, indo ao encontro do desenvolvimento sustentável.
Porém, esta conversão é uma tarefa gigantesca que requer o concerto de todas as nações e com decisivo suporte da iniciativa privada, governos locais e sociedade civil. O Acordo de Paris sinalizou o caminho. O Brasil que foi protagonista nas negociações, precisa ter papel de destaque na implementação. Temos vantagens competitivas inequívocas como o peso da hidroeletricidade na matriz, pioneirismo no etanol e biodiesel, abundância de ventos, insolação e terra fértil para biomassa.
Esperemos que o novo governo federal se comprometa de verdade com esta agenda. O recente relatório de avaliação do SEEG, grupo vinculado à rede Observatório do Clima, aponta que se o desmatamento na Amazônia caiu, é essencial se estender a meta de desmatamento ilegal zero para outros biomas e usar o crédito agrícola (R$ 185 bi) para fomentar a agricultura de baixo carbono (setor responde por 23% das emissões, sendo 57% oriundas das emissões de metano do gado). É preciso se melhorar as pastagens, recuperar as matas nativas e criar novas UCs. Com a audácia, clamada por Danton, poderemos revolucionar nosso progresso e entregar em 2030 emissões de GEEs de 626 Mt, quase metade das 926 Mt do compromisso assumido como INDC. Isso pode alavancar o país ao pódio de campeão verde do século XXI, bom para o Brasil e para o mundo!
Infelizmente aqui em São Paulo o retrocesso é total. A gestão Haddad acabou com o Ecofrota, Defesa das Águas, Córrego Limpo e deixou invadir 32 áreas verdes, além de ter emitido decreto que permite ocupar 1/3 das áreas de parques e praças com prédios públicos. Luto contra tudo isso e propus Projetos de Leis como o 346/14, que abate IPTU em até 50% do investimento para placas fotovoltaicas. Precisamos reconstruir localmente uma nova agenda para nossa cidade. A 15ª Conferência P+L e Mudanças Climáticas, idealizada e presidida por mim, ofereceu propostas em urbanismo e arborização aos candidatos a prefeito (clique aqui para ler as propostas).
Giberto Natalini
Médico e vereador (PV)