Em parecer à 6ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo encaminhado nesta sexta-feira (11 de outubro), o Vereador Gilberto Natalini (PV-SP) manifestou-se contra o processo de “audiências”, “oficinas” e “encontros” promovido pela Prefeitura de São Paulo (PMSP) para elaborar o Plano Diretor (PD) do Parque Ibirapuera, cujo objetivo deveria ter sido reunir os elementos que norteariam a conduta da Construcap, empresa selecionada pela administração municipal para gerenciar o Ibirapuera e mais cinco parques da Cidade por um período de 35 anos.
Natalini denunciou que as reuniões foram fraudadas pela Construcap, cujos funcionários somaram 62,58% dos presentes que se disseram “usuários” do Parque. Ao todo, 83 pessoas vinculadas ou ligadas à concessionária participaram das atividades de “participação popular” como se fossem frequentadoras da área verde e de lazer. Todo o processo ficou maculado. Como exemplos de participações indevidas estão a do executivo Samuel Henrique Cornélio Lloyd, que se disse “personal trainner” apesar de trabalhar para a Construcap em Belo Horizonte, e de Patrícia de Araújo Levy, a “usuária” assídua nas reuniões que, na verdade, é advogada do presidente da Construcap, Roberto Ribeiro Capobianco.
Em seu parecer, o Vereador questiona se a pequena divulgação das reuniões e o baixo comparecimento de verdadeiros usuários foi proposital, com a finalidade de “esvaziar os encontros que poderiam dificultar a linha de desenvolvimento de PD traçada pela PMSP/Construcap”. Nesse sentido, “o PD não passaria de um plano de gestão para atender às conveniências da Construcap”.
Entre as pessoas e entidades que enviaram manifestações corroborando as denúncias de Natalini estão a Deputada Estadual Janaína Paschoal, o Arquiteto Nabil Bonduki, a Associação dos Moradores e Amigos do Jardim Lusitânia (Sojal), o coletivo Fórum Verde Permanente de Parques e Áreas Verdes, Martha Argel (Doutora em Ecologia), Ivan Carlos Maglio (Doutor em Saúde Ambiental) e cerca de 150 pessoas da sociedade civil paulistana que fizeram questionamentos sobre a falta de clareza e as intenções da PMSP/Construcap para arrecadar R$ 71 milhões anuais no atual Pavilhão das Culturas Brasileiras.
“Não somos contra a concessão, no entanto exigimos um plano diretor que garanta a manutenção dos serviços ambientais do parque”, disse Natalini.