Participamos da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP25, realizada em Madri, na Espanha, representando oficialmente a Câmara Municipal de São Paulo.
A convite de várias organizações, debatemos sobre o papel das cidades na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, controle do desmatamento e desmonte de políticas ambientais no Brasil.
Apresentamos uma reflexão a cerca da grave situação que vem se apresentando no Município de São Paulo. A prefeitura se omite no enfrentamento às mudanças climáticas. Um retrocesso em relação ao protagonismo da Cidade que, em 2009, se tornou a primeira no Brasil a lançar uma Lei Municipal de Mudança do Clima. Além disso, ousamos com os programas Operação Defesa das Águas, Operação Córrego Limpo e a criação de novos parques, principalmente no período entre 2005 e 2012. Hoje, em contraposição, São Paulo está em situação de retrocesso e descaso para com a agenda ambiental.
No Painel dedicado aos governos locais, com representação de várias cidades mundiais, cientistas e sociedade civil, levamos algumas iniciativas como a Lei 16.802/2018, que prevê a troca de combustível da frota de ônibus da Cidade, substituindo o poluidor óleo diesel por combustíveis limpos.
Ao longo dos cinco dias em que estivemos na COP25, relatamos o maior problema que nossa Cidade enfrenta atualmente: a devastação da Mata Atlântica. Levamos a questão a todas delegações presentes, organizações de meio ambiente e autoridades das Nações Unidas, como a Secretária Executiva de Clima da ONU, Patrícia Espinosa, e a vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas,Thelma Krug.
No evento “Virando a Maré contra o Desmatamento”, expusemos a denúncia, bem como as soluções que a Cidade deveria adotar para enfrentar a derrubada sistemática da Mata Atlântica.
Do mesmo modo, acompanhamos as assembleias em que negociadores das delegações discutiram um acordo Global.
Neste quesito, o resultado da conferência foi pífio. Foi feito pouco frente à emergência climática e às necessidades do Planeta.
Com dois dias de atraso, a Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) terminou sem alcançar suas principais metas. Por exemplo, não conseguiu regulamentar um mercado mundial de carbono.
O insuficiente texto final prevê que os países terão de apresentar, em 2020, compromissos mais ambiciosos para reduzir as emissões e enfrentar as mudanças climáticas na próxima Cúpula, que será realizada em Glasgow, na Escócia, em novembro de 2020.
O Governo do Brasil fez um papel terrível e, junto com Estados Unidos, Índia e China manifestou-se contrário à adoção de metas mais ambiciosas.
Por ação de alguns países, inclusive o Brasil, o planeta perdeu grande oportunidade de firmar acordo avançado para o clima, uma decepção para todos nós comprometidos com o enfrentamento da emergência climática.
Gilberto Natalini
Ambientalista e Vereador PV-SP