A eleição de Lula está levando o Brasil ao cenário mundial. No governo Bolsonaro, o nosso país foi propositalmente retirado do convívio com os países protagonistas e chefes da geopolítica global.
Seja pela posição do Bolsonaro ante as questões do desmatamento da Amazônia, seja pelo negacionismo climático, seja pela postura frente às vacinas e a pandemia ou a posição sobre os direitos humanos, as nações se afastaram de nós e nos isolamos do mundo.
Ficaram as relações econômicas, principalmente do agronegócio, com as exportações agrícolas. Mas isso é apenas parte do jogo político e econômico global.
Com a chegada do governo Lula, a procura pelos laços perdidos começou, e vem avançando todos os dias, com a retomada do diálogo com a Comunidade Europeia, com o Mercosul e há pouco com o encontro com Joe Biden.
O Brasil, desde Osvaldo Aranha, é um país cobiçado e ouvido pelos outros povos. Provavelmente pelo imenso espaço territorial e de mercado, como também por nossa forma de cordialidade e busca de paz.
E Lula sabe muito bem utilizar esses trunfos. Com a pregação da sustentabilidade e o discurso da Democracia e do combate à desigualdade, Lula vai reconquistando um espaço internacional que Bolsonaro, com suas posições retrógradas havia jogado fora.
Porém, nenhum governo vive só de discursos.
Lula e seu governo devem mostrar na prática o que fala na narrativa.
A ação de socorro ao povo Yanomami, ameaçado de extinção pela atitude genocida de Bolsonaro, é uma demonstração prática importante e necessária.
Entretanto, o Brasil tem muitos outros problemas gigantescos a serem enfrentados que desafiam o PT e seu governo.
A brutal desigualdade social e a miséria de parte dos brasileiros; o modelo econômico concentrador e espoliativo, com juros criminosos, a violência social e individual, a criminalidade organizada e enraizada, o desmonte do SUS, a baixa qualidade da educação, o desmonte da indústria, da ciência e da tecnologia nacionais, a corrupção endêmica e institucionalizada, são exemplos do tamanho do desafio que o Brasil enfrenta.
Lula está no leme desse navio verde e amarelo. Veremos se tem capacidade de leva-lo a portos mais seguros.
Sem ser ingênuo, e sabendo de tudo que Lula e o PT fizeram de errado num passado próximo, diante da realidade circunstancial desse governo, eu torço pelo Brasil.
Assim, numa posição independente e crítica, todas as medidas que vierem para combater as mazelas narradas acima, terão o meu apoio.
Na defesa do desenvolvimento sustentável, da equidade social, da moralidade pública e da Democracia.
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista