Há décadas venho lutando e propondo o aumento e a proteção à cobertura verde da cidade de São Paulo. Tem sido uma luta hercúlea com vitórias e derrotas e ainda estamos longe de ficarmos satisfeitos.
Temos participado de mutirões populares voluntários de plantio de árvores e quando estive nas Secretarias do Verde e de Mudanças Climáticas, plantamos e viabilizamos o plantio de milhares de árvores, com o lema “plantar a árvore certa, no lugar certo, na hora certa”.
Quando Eduardo Jorge foi Secretário por 8 anos, São Paulo plantou 1,6 milhões de árvores. De lá para cá, o ritmo diminuiu, mas a cidade continuou plantando. E nós que tínhamos 36 parques públicos em 2004, hoje temos 110, e devemos ter mais 5 até o final do ano. Isso é fruto de nosso esforço conjunto, e da sensibilização dos gestores públicos. Ainda não estamos satisfeitos, mas é um grande avanço.
De 2013 para cá, após uma queda a quase zero do desmatamento nas áreas de mananciais da nossa cidade, tivemos um recrudescimento da derrubada das matas para loteamento no entorno das represas, numa ação ilegal e clandestina do crime organizado.
Me dediquei durante esses dez anos a denunciar e combater esse crime sócio ambiental gravíssimo, que agrediu a produção de água e o equilíbrio climático da metrópole.
Produzi um dossiê completo sobre esse tema, que foi distribuído dentro e fora do Brasil e apresentei denúncia e cobrei a ação da Polícia, do Ministério Público, da Prefeitura e do Estado. A resposta a esse crime foi lenta e insuficiente. Mas a sanha devastadora do crime diminuiu bastante, em que pese as diversas ameaças que sofri. Para se ter uma ideia, se o “crime organizado”, em seu ramo imobiliário, cumprisse sua intenção, eles produziriam 48 mil lotes e lucrariam 2 bilhões de reais às custas das árvores retiradas das nossas matas.
O dossiê está disponível no site: natalini.com.br.
Agora, depois de tanta luta, temos uma notícia muito importante. O Prefeito Ricardo Nunes está assinando vários decretos de utilidade pública (DUPs), para fins de desapropriações de muitas áreas de mata remanescente, que no total perfazem 10% de todo o território do município. Uma vez desapropriadas, essas áreas serão transformadas em Parques Públicos Naturais, protegidos por segurança. Essa é a única maneira de se preservar o remanescente da mata atlântica, em particular, dos mananciais que produzem parte da água que bebemos por aqui.
Para se ter uma ideia da importância disso, só a Represa de Guarapiranga fornece água para cerca de 5 milhões de pessoas na região sul da metrópole.
Assim, parabenizamos a Prefeitura de São Paulo por esse passo importante. Nos colocamos à disposição para apoiar a medida, e continuamos acompanhando, vigilantes e esperançosos, as ações pela sobrevivência do que restou da mata paulistana.
São Paulo te quero verde!
Nossa luta continua.
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista