Eu não conhecia o Felca. Talvez por uma falha minha. De repente, ele denuncia e destrói uma rede de perversão contra crianças e adolescentes, que agia debaixo do nariz da sociedade e do governo brasileiro, e criou um debate nacional. Um “influencer” que usava os menores de idade para ganhar dinheiro, gerando “likes” nas redes sociais com a exposição de crianças e adolescentes a adultização, abusos e exploração sexual.
A perversão nas redes sociais da internet é enorme. Assim como os crimes financeiros, e todo tipo de golpes e espertezas.
Parte da internet transformou-se em terra de ninguém, ou melhor, em terra de pessoas de caráter e conduta reprováveis.
É como se, de repente, o lado ruim dos humanos achasse uma corrente de vento que o transportasse para todos os cantos da terra, e para dentro das mentes alheias.
As tecnologias quando surgem sempre revelam a dualidade de nossa espécie, em sua eterna e canônica luta entre o bem e o mal. Por exemplo, foi assim com a pólvora, a aviação, a energia nuclear, os compostos químicos, e agora com o mundo digital.
Mas, nunca vimos uma potencialização tão grande de uma inovação tecnológica, como a internet, com as redes sociais e a inteligência artificial.
Parece que se soltaram todos os anjos e demônios existentes dentro das pessoas que viajam pelos computadores e celulares numa velocidade e intensidade assustadoras.
A pedofilia é uma perversão sexual extremamente cruel, pois a vítima é indefesa e incapaz até de entender sua condição de vítima.
A denúncia do Felca levantou a coberta de uma situação muito comum, que todos sabem que existe e que se repete todos os dias, potencializado pelas redes sociais.
Ao lado disso, vemos crescer também o culto da ideologia do ódio, do preconceito, da homofobia, do racismo, da misoginia, levados também pelas “asas” das redes sociais.
Portanto, assim como foi feito com a imprensa, o rádio, a televisão e outros meios de comunicação, também é preciso achar os meios de proteger a sociedade dos desatinos das fake news e da barbárie. Também cabem aos pais, às famílias e a todos nós, defender nossas crianças desses riscos, orientando-as, criando os meios de privá-los dos ataques nocivos dessa prática das redes sociais.
É evidente que isso deve ser feito em conformidade com o direito de expressão e a liberdade de manifestação.
Esse equilíbrio é complexo e difícil de se estipular, mas é extremamente necessário.
E é claro, todos os casos de pedofilia e outros crimes e opressões devem ser prevenidos, investigados e punidos severamente.
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista