A química é uma ciência exata e que não se enquadra nessa dupla.
O jogo aqui está mais para as artes cênicas da geopolítica global.
O Brasil sempre se deu bem com os EUA, há 201 anos. Na grande maioria das vezes nosso país se submeteu aos caprichos e ditames dos “yankees”, sempre mais poderosos política, econômica e militarmente.
Algumas vezes somos mais “quintal” e outras vezes, menos.
O governo Lula, se alinhou a um grupo de países que buscou caminhar à margem dos americanos, competindo com eles.
Enquanto pleiteia ser do Conselho de Segurança da ONU e ingressar no G20, o Brasil de Lula participa junto com a China, a Rússia, a Turquia, a África do Sul e mais alguns países do chamado grupo dos BRICS.
Quase todos são autocracias ditas de “direita” e de “esquerda”, que cerceiam as liberdades democráticas de seus povos.
O Brasil se alinha ao Irã, à Venezuela, à El Salvador à Cuba, à maioria dos ditadores da África e do Oriente Médio e vive às turras com as democracias liberais da Europa.
Com a ascensão de Trump ao governo dos EUA, as coisas se complicaram.
Trump foi eleito pregando o retorno da hegemonia dos americanos na política global e do “esplendor” interno de seu país.
Tem uma visão nacional-chauvinista nesse mundo globalizado.
Tem posições muito conservadoras nos costumes, embora não seja um exemplo de boa conduta moral.
É um bilionário que mantém sua fortuna com práticas pouco recomendáveis, e prega abertamente o preconceito contra minorias sociais.
Porém, Trump é um jogador político. Sua tática principal é o blefe.
Assim, ele ameaça ao extremo e depois chama para conversar, a sua vítima já fragilizada por seus ataques, no campo político, econômico e mesmo militar.
Foi isso que ele tentou fazer com o Brasil.
Ameaçou, taxou, difamou, esculhambou nosso país e o governo, para tentar quebrar as alianças do Lula com os competidores dos EUA.
Fechou as portas e de repente abriu uma janela enorme, atraindo o ressabiado Lula para um “papo cabeça”, e uma boa “química”.
Há pouco tempo atrás o governo Lula estava nas cordas, com popularidade em baixa.
A chamada polarização Lula x Bolsonaro, ia se esvaziando com as repetidas maluquices dos bolsonaristas, que foram colocando essa família num quadrado cercado de ridículo.
Mesmo assim, Lula estava se esvaindo num governo com juros de 15% ao ano, cerca de 50 milhões de brasileiros se debatendo na informalidade e 70% na inadimplência, além é claro da criminalidade e violência crescentes, regidas pela batuta do PCC.
Foi aí que Trump entrou em cena com sua taxação absurda e esdruxula, sua agressão verbal com o Brasil, seu ataque contra o governo Lula.
Foi como um sopro de alento ao petista, que se agarrou com as duas mãos ao discurso da soberania e do orgulho nacional.
O circo teatro de Trump injetou apoio interno ao governo Lula, que se levantou das cordas e melhorou nas pesquisas, sem diminuir juros ou melhorar um milímetro na economia, ou na vida do povo.
Agora Trump abraça Lula e os dois vão pra galera. Parece até coisa combinada.
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista