A COP 26 E NÓS!

A COP 26 entra na sua reta final. Cerca de 100 países e 30 mil pessoas reunidas em Glasgow, na Escócia, discutem a realidade do Clima e do meio ambiente no Planeta, sob o ângulo social, econômico e político.

Na verdade, o caminhar das coisas nos levou à emergência climática, com inúmeras manifestações de catástrofes. A situação passou de preocupante e entrou na fase de alarmante.

O que esperar dessa cúpula?

Apesar das reticências da China, da Rússia, da Índia e da posição irresponsável do Brasil, podemos dizer que há avanços muito significativos.

A volta dos EUA ao ringue, a posição muito firme da Europa, a forte participação da comunidade científica e da sociedade civil, em particular da juventude, transformaram a COP 26 num organismo vivo.

Podemos afirmar que o negacionismo, antes incomodante, tornou-se residual. Eles se renderam às evidências. As divergências políticas dos grandes emissores se resumem em quem vai perder o que, e quanto! Como se todos já não estivessem perdendo muito, em vidas, em qualidade de vida, em sofrimento humano e em enormes montantes em dinheiro.

Mas, como sempre aconteceu na história da humanidade, nada como um traumático choque de realidade para trazer céticos à razão, e os rentistas ao centro dos problemas humanos.

O principal e grande desafio é mudar rapidamente a matriz energética do mundo. O combustível fóssil tem que virar opção residual a ser banida. Mas a preservação da biodiversidade faz parte do pacote de tarefas. Isso implica em cessar a desmatamento, reflorestar muito as áreas degradadas, reorganizar (e não cessar) o consumo, com muito respeito ao uso de recursos naturais e dar o destino correto e lógico aos resíduos/dejetos do dia a dia.

O avanço científico e tecnológico já oferece um enorme cardápio de mecanismos que respondem grande parte dos desafios. A energia fotovoltaica, eólica, das marés, do hidrogênio, da biomassa são alternativas reais na transição para um combustível mais limpo. O destino dos resíduos e rejeitos tem soluções técnicas admiráveis. A reciclagem, o reaproveitamento, a compostagem, a queima protegida, e as técnicas de saneamento do meio oferecem um amplo cardápio para o destino de nosso “lixo”.

Barrar o desmatamento e as queimadas é absolutamente possível. Com política e polícia. Reflorestar é fácil, barato e agradável. Nada mais prazeroso do que ver crescer uma árvore que você plantou. Há muitas técnicas de agropecuária que aumentam a produtividade sem derrubar nenhuma área e ainda recuperando terras degradadas. Proteger nossos cursos d’água, lagos e o mar é imprescindível.

Creio que o maior desafio é mudar o comportamento dos governos, das empresas, das escolas, das igrejas e das pessoas. Isso terá que ser feito num grande impulso de consciência e de obrigação. Não temos muito tempo. Mas temos capacidade.

É só querer! É preciso querer!

Essa COP 26 está dentro dessa realidade.

Como dizemos: passou de preocupante para alarmante e pode caminhar para apavorante. Está nas nossas mãos! É pegar ou… pegar!

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

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