A NOVA GUERRA FRIA!

Os mais velhos, como eu, se lembram bem da velha “guerra fria”.

O mundo estava dividido entre o chamado bloco ocidental, de países capitalistas, liderados pelo Estados Unidos, e o bloco socialista, conhecido como ”cortina de ferro”, capitaneados pela União Soviética, atual Rússia.

A disputa era palmo a palmo, na geopolítica, nos armamentos, propaganda ideológica, na disputa tecnológica, na exploração do espaço sideral, e nas ações de sabotagem e espionagem.

A divisão se aprofundava no seio dos países e dos povos, e muitas vezes as tensões causaram conflitos e muitas mortes.

O bloco socialista ruiu, culminando com a simbólica queda do Muro de Berlim.

O sonho de Marx e Lenin de um mundo socialista, caminhando para o comunismo desmoronou pela disputa econômica e política, mas muito mais pela própria essência da natureza humana.

As ideologias, conforme as conhecíamos, morreram trituradas pela enorme força do dinheiro, do consumo, e pela exploração predatória dos recursos naturais.

Isso foi acompanhado por uma escalada de descobertas e invenções científicas e tecnológicas que se impuseram, como a internet, as redes sociais, a inteligência artificial, a biogenética, e tantas outras.

Mas, diante de tudo isso, vamos constatando que a famosa “guerra fria” não acabou. Ela mudou de cara, de roupagem, de linguagem, ampliou seus endereços, e mudou o cenário de sua encenação da história do Planeta.

A guerra fria do século XXI está aí, viva entre nós, agindo de outras formas, mas agindo febrilmente.

Na verdade, o paradigma Capitalismo X Socialismo, se transformou numa disputa mundial entre Democracia X Autocracia.

O antigo conceito Direita/Esquerda perdeu seu significado, ficando dele apenas um debate sobre temas de costumes, identitários e secundários.

O centro do debate político, econômico, social e ambiental, se coloca hoje no campo dos regimes democráticos e daquelas formas de governos autocráticos e ditadores.

A nova guerra fria se dá em torno de como um povo vai organizar seu regime político para enfrentar os desafios da liberdade de organização e opinião, do combate à obscena desigualdade social do mundo, e da luta pela preservação aos recursos materiais e ao Meio Ambiente do Planeta.

Ou seja: como a humanidade vai se organizar para preservar sua própria sobrevivência?

Com a liberdade das democracias ou com a mão de ferro das ditaduras e das autocracias?

Esse é o debate ideológico do momento!

Vemos no mundo autocracias que e alinham com um “cenário de direita”, como a Arábia Saudita, a Hungria, o Irã, a Rússia, e aqueles que se alinham com uma “autocracia de esquerda”, como a China, a Venezuela, a Coréia do Norte, Cuba e outros.

E por fim, há os países com modelos democráticos, com eleições, partidos políticos, mas com a face de regimes populistas e caudilhistas, como a Argentina, a Bolívia, a Turquia, o Brasil, a África do Sul, a Índia e outros.

Para justificar e sustentar essa nova guerra fria, criou-se e expandiu-se a conhecida e nefasta “polarização”, que chamamos de tóxica, que divide povos inteiros, com discurso de ódio, destruindo o tecido social de um país, em cima de divergências construídas, que facilitam a implantação desses polos, e que só enfraquecem as teses da Democracia.

Por isso, defendo a posição de “Livres dessa Polarização”, polarização essa que é construída e mantida para dividir, enfraquecer e dominar um país.

Cada um desses dois polos, precisam do outro para existir, por isso se retroalimentam e se protegem.

A saída desse labirinto é a construção do Centro Democrático e Ético, sendo a única forma de continuarmos defendendo e construindo a Democracia entre nós.

 

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

 

 

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