Acompanhei de perto a saga do Hospital Sorocabana na Lapa / São Paulo. Um hospital tradicional que pertencia a Associação dos Funcionários da Estrada de Ferro, e que durante décadas atendeu pelo SUS os ferroviários e a população em geral.
Em 2010, fechou suas portas por sub financiamento e má gestão de verbas, uma mistura explosiva de crime e incompetência.
Desde essa época, me atirei, juntamente com entidades e lideranças da Lapa, na luta diuturna pela reabertura do hospital.
Apresentei a proposta, imediatamente aceita pela comunidade, da municipalização do hospital, e um projeto de parceria entre Prefeitura, Estado, Ministério da Saúde, a reforma e a retomada do hospital, gerido pela municipalidade.
O terreno, cedido pelo Estado, e o prédio pertenciam à Associação, mas uma cláusula de cessão previa que, se fechado, o Estado de São Paulo reassumiria a posse. E assim foi feito.
Tratava-se, então, do Governo do Estado de São Paulo transferir a posse para a Prefeitura.
Em 2012, após muitas articulações, conseguimos que o Prefeito inaugurasse um Pronto Atendimento e Unidade de Especialidades em todo andar térreo do hospital, devidamente reformado e equipado, que teve a gestão assumida por uma OS da Saúde, e funciona bem até hoje. Porém, restavam os demais sete andares do prédio, que permanecem vazios, ociosos e depredados.
Durante esses treze anos passados, não descansamos nenhum dia sem lutar pela reabertura total do Hospital Sorocabana.
Muitas reuniões, plenárias e assembleias foram feitas na sede da Associação Comercial da Lapa, reunindo a população, as entidades e lideranças, com a Secretaria Municipal de Saúde.
Em 2013, chegamos a propor um acordo, onde no total de 56 milhões de investimentos na reforma e equipamento do hospital, a metade fosse da Prefeitura e a outra metade, do Estado. Porém, o Prefeito que assumiu em 2013 não aceitou a proposta, inviabilizando o projeto.
Conseguimos, com muita luta, que o Estado encaminhasse a cessão da posse do imóvel para a Prefeitura, o que caminhou muito lento, pelos óbices legais levantados pela Procuradoria. Diante da nossa teimosa insistência e necessidade real de abertura de leitos hospitalares públicos na Lapa e região, os passos, embora lentos, vêm sendo dados.
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou lei que autoriza a Prefeitura a receber a doação do hospital. Grande vitória do SUS!!! Agora, trata-se de modernizar o projeto de reforma e aquisição dos equipamentos para reabrir os sete andares do prédio.
A Prefeitura chegou a nos dizer, há alguns meses, que aquele prédio não teria mais condições arquitetônicas de abrigar um hospital moderno, mas esse argumento obstrutivo caiu por terra. Agora, é preciso recalcular o investimento, previsto em R$ 300 milhões. Por isso, a reabertura do Hospital Sorocabana tem que ser feita numa sólida parceria técnica e financeira entre a Prefeitura, o Estado e o Ministério da Saúde.
Um novo Sorocabana, com seus 250 leitos é o sonho e a necessidade da região da Lapa e de São Paulo.
Por fim, deixo aqui a reflexão do quanto custa em luta social defender e construir o SUS.
Não desistiremos jamais!
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista