Gilberto Natalini SP

Tivemos há pouco a notícia que a ANVISA aprovou o uso da vacina de dose única contra a dengue do Instituto Butantã.

Foram muitos anos de pesquisa para produzir uma vacina genuinamente brasileira.

Minha manifestação: Viva a Ciência! Viva o Butantã!

Essa vacina prevê quase 80% de sucesso na prevenção da doença e quase 100% da prevenção de casos graves e morte.

Um avanço cientifico e social estrondoso!

O Ministério da Saúde já sinalizou que vai comprar e distribuir o imunizante a partir de 2026. Um grande ganho sanitário ao conter uma virose que inferniza nossas vidas há muitas décadas.

Temos que comemorar muito essa conquista.

Mas, para além dessa comemoração, cabe-nos fazer uma reflexão.

O Brasil não conseguiu debelar a multiplicação do mosquito, que se reproduz em 80% dos casos dentro dos domicílios e imóveis.

Isso demonstra nossa incapacidade, enquanto país, de eliminar os fatores de proliferação do Aedes, que é basicamente os reservatórios domésticos de água parada, por incompetência, desinformação, teimosia ou desleixo mesmo.

Além disso, o mosquito que se urbanizou nessas décadas, foi ocupando todo o território nacional, e com as mudanças climáticas já chegou na Flórida (EUA) e caminha para o Sul, rumo à Argentina.

Se levarmos em conta que o Aedes, além da dengue também transmite a Zika e a Chikungunya, podemos chegar à algumas conclusões pertinentes.

Em que pese o grande avanço da vacina, não podemos, de forma nenhuma relaxar no combate à proliferação do Aedes Aegypti. Isso precisa ficar muito claro.

O Ministério da Saúde deve, e vai, comprar e distribuir a vacina anti dengue do Butantã.

Mas jamais poderá desleixar ou arrefecer nos programas de conscientização e fiscalização para o combate aos criadouros das larvas, que repito, estão localizados dentro dos nossos quintais.

Isso tem a ver com eficiência nos programas de saúde pública, de comunicação social de interesse coletivo e com a participação popular num ato de cidadania.

Por fim, reafirmo minha efusiva parabenização ao Instituto Butantã, que nesse e em outros inúmeros casos, tem honrado a ciência e a medicina brasileira.

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista