A VIOLÊNCIA COMO PRÁTICA POLÍTICA

Muito tem-se falado da polarização política e que está existindo no Brasil. Esse não é um fenômeno exclusivo daqui, pois acontece em várias partes do mundo.

Aparentemente é uma dualidade entre a “direita” e a “esquerda”, entre o capitalismo e o comunismo. Mas, já faz algum tempo, todos sabemos, que o comunismo soçobrou, com a queda da União Soviética e a transformação da China num grande Capitalismo de Estado.

Cuba, Venezuela, Nicarágua, Coréia do Norte são fantasmas de uma ideologia que foi superada na História.

São escombros do socialismo, que se transformaram em ditaduras opressoras, assim como outras ditaduras de “direita” como a Rússia, Arábia Saudita, o Iran, as Filipinas e alguns países da África, entre outros.

Na verdade, ditadura é ditadura. Seja de “direita”,  seja de “esquerda”. Aqui as aspas são propositais, porque esse conceito ideológico se dissolveu na realidade do mundo atual.

O que era essa disputa no passado, está num vácuo ideológico, e o capitalismo se transformou num monstro devorador de povos, com seu capital financeiro predatório e acumulador.

O mundo vive uma desigualdade social escandalosa e intolerável.

E o Brasil??? Qual é o seu papel nesse cenário?

Sempre fomos um país injusto e desigual, desde o descobrimento. Mas hoje somos campeões mundiais de desigualdade social, onde 8 pessoas/famílias/empresas detém a riqueza de 100 milhões de brasileiros.

Isso é vergonhoso, levando-se em conta que o sistema financeiro leva 50,2% do orçamento anual do Brasil só com o pagamento dos serviços e juros da dívida pública, jogando a população pobre na miséria, na fome, no desemprego, na violência, na criminalidade, na desesperança.

Nessa desigualdade social vergonhosa está a causa de nossas mazelas. Mas, a dualidade se transformou numa pseudo luta ideológica e política que está levando o Brasil a uma divisão, que numa evolução de degeneração política e social, coloca em risco a convivência entre as pessoas e a nossa própria Democracia.

Repito: essa dualidade nefasta que se construiu no Brasil entre uma chamada “esquerda”, que tem uma prática fisiológica, populista e corrupta, e a dita “direita” ou extrema direita, com práticas fascistas, preconceituosas, discriminatórias, autoritárias, e que leva o Brasil às raias da barbárie.

Essa falsa dualidade, que polarizou o país num caminho de insanidade, é incentivada pelos rentistas pois qualquer um dos polos dessa dualidade não ameaça seus rendimentos e  seu modelo de espoliação do país.

Parte do nosso povo entrou nessa polarização insana e desnecessária e conduzidos por seus respectivos “chefes”, caminham numa escalada de ofensas, de xingamentos, de opressões, de violências, transformando a convivência entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais, numa verdadeira guerra de ideias que extrapolam, cada vez mais para a violência física.

Nós que éramos um país socialmente injusto, somos hoje, também, um país socialmente doente.

Repito: essa dualidade pseudo ideológica e falsamente política é nociva ao Brasil.

Na verdade, a grande tarefa do Brasil é aprofundar e aprimorar a Democracia. Também executar um programa econômico sólido e corajoso que nos torne menos submissos ao mercado financeiro e construa um desenvolvimento econômico que proteja, respeite e recupere o meio ambiente, os recursos naturais e a biodiversidade brasileira. Que combata e extermine a miséria no Brasil, elimine a fome do povo e diminua o abismo da nossa desigualdade social. E que repudie toda forma de corrupção, de tráfico de influência, de fisiologismo e outras doenças graves do nosso sistema político. Isso não é uma tarefa fácil.

E o povo brasileiro, dividido por falsas dualidades, radicalizado ao extremo, cego por pseudo ideologias mentirosas e nefastas não dará conta da imensa tarefa de trazer o Brasil para o trilho da liberdade, do respeito, da justiça social, da qualidade de vida, da moralidade pública.

Caia na real Brasil, antes que seja muito tarde.

Gilberto Natalini -Médico e Ambientalista

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