São Paulo acaba de prestar uma merecida homenagem ao sobrevivente do Holocausto, Ben Abraham, denominando o Viaduto que liga a Avenida Marginal Tietê à Avenida Airton Pretini, no bairro do Tatuapé, zona leste da cidade. A Lei 16.850, de 9 de fevereiro de 2018, é de autoria do vereador Gilberto Natalini (PV).
Henry Nekrycz, mais conhecido pelo pseudônimo de Ben Abraham, (Lodz, 11 de dezembro de 1924 – São Paulo, 9 de outubro de 2015) foi um escritor e historiador polonês, naturalizado brasileiro. Polonês de Lodz, filho de Abraham Nekrycz e de Ida Nekrycz; Abraham sobreviveu ao gueto de sua cidade natal e aos campos de concentração durante a ocupação a lema sobre seu país.
Depois de ficar confinado no Gueto de Lodz, onde perdeu o pai, e passar por Auschwitz, onde perdeu a mãe, Abraham foi enviado para os campos de Brauschweig, Watenstadt e Ravensbruck. Na noite de 1º para 2 de maio de 1945 foi libertado pesando 28 quilos, com tuberculose nos dois pulmões, escorbuto e disenteria com sangue. Dentre 200 parentes seus apenas ele e um primo sobreviveram.
Após a queda do nazismo, o jornalista prometeu a si mesmo como objetivo de vida contar à humanidade o “capítulo de perseguições, atrocidades e matanças” instituído por Adolf Hitler.
Ben Abraham passou dois anos de sua vida sendo transferido em hospitais americanos pela Alemanha e conseguiu se recuperar miraculosamente. Segundo ele “foi milagre; naquela época nem existia cura para tuberculose”. Após a recuperação, o jornalista presenciou outro conflito pelo qual se tornou vitorioso: a Guerra de Independência do Estado de Israel, em 1947.
Em 21 de janeiro de 1955, Abraham se estabeleceu no Brasil e recebeu a naturalização em 30 de janeiro de 1959. No país casou-se em 28 de abril de 1956 com Miriam Dvora Bryk (Miriam Nekrycz) e constituiu família.
Ben Abraham e sua esposa Minam Nekrycz, também sobrevivente, atuaram largamente para preservar a memória do Holocausto e educar as gerações mais jovens contra a intolerância. Foi jornalista durante cerca de 20 anos, principalmente no jornal Folha da Tarde, escrevendo sobre Oriente Médio, Política Internacional e assuntos relacionados ao Holocausto.
Seu trabalho como jornalista obteve reconhecimento no Brasil e no exterior, bem como sua luta contra o antissemitismo e o revisionismo. Seu posicionamento no caso Mengele também mereceu a atenção de jornais, importantes personalidades na comunidade Judaica internacional e autoridades governamentais. Diante de seu trabalho e quinze livros relacionados ao Holocausto, o jornalista recebeu inúmeras homenagens das quais se destacam a Chave de Ouro do Memorial Yad Vashem de Jerusalém e a Medalha de Honra ao Mérito da Universidade de São Paulo.
Ben Abraham morreu em São Paulo, onde morou desde que chegou ao Brasil em 1955, dois meses antes de completar 91 anos.
“Ben Abraham é um exemplo para o mundo. Sobreviveu ao Holocausto e fez questão de dedicar a sua vida, contando a todos a tragédia que foi esse triste período. A história precisa ser lembrada para que nunca mais se repita”, disse Natalini.