Neste domingo (1/03), o bairro do Cangaíba celebrou seus 110 anos com uma belíssima programação cultural, missa, atividades de lazer, ação social e muito mais. O evento aconteceu no Teatro Flavio Império e contou com a presença e o apoio do vereador Gilberto Natalini (PV-SP). A atração principal foi o grupo Negritude Junior.
O termo Cangaíba vem do tupi-guarani Cangaíva, da junção de caa + nga + iva, onde caa é mata, nga é lugar e iva é fruta, do que se traduz que as terras do Cangaíba eram um “lugar na mata com frutas” ou um “lugar frutífero na mata”. O distrito está situado na zona leste do município brasileiro de São Paulo, com 151.538 habitantes, de acordo com o Censo de 2010, é habitado em geral por pessoas de classes média e baixa.
Ao norte, faz divisa com o município de Guarulhos, através do Parque Ecológico do Tietê — região muito movimentada devido ao turismo ocasionado pelo parque e por abranger parte da rodovia Ayrton Senna, principal ligação da capital paulista com o Vale do Paraíba. Ao leste e ao sul, faz divisa com o bairro da Penha e também ao sul com a Ponte Rasa, mais a leste faz divisa com Ermelino Matarazzo, encerrando seu trajeto.
O desenvolvimento do bairro do Cangaíba está interligado com a chegada dos primeiros colonizadores, no Brasil, e a fundação da cidade de São Paulo de Piratininga, em 1554, por padres jesuítas que ergueram pequenos aldeamentos às margens dos rios Tamanduateí e do Anhembi (Tietê), onde viviam algumas tribos indígenas.
O encontro entre os colonizadores portugueses e os índios paulistas, nem sempre foram amistosos, mas o Cacique Tibiriçá da tribo Inhampuambuçu se une aos jesuítas, tornando-se cristão. Seu irmão, o Cacique Piquerobi, descontente desta aliança que ameaçava o seu povo, migrou com sua tribo para para as margens mais a leste do Anhembi, erguendo o aldeamento Ururaí.
Piquerobi se une a outras tribos para expulsar os portugueses das terras de São Paulo, no primeiro grande conflito entre índios e portugueses, a Guerra de Piratininga, onde é assassinado por seu irmão Tibiriçá, em 1562.
As terras de Ururaí iam desde o antigo Vale do Ticoatira até São Miguel de Ururaí (São Miguel Paulista), abrangendo as terras do cerro do Cangaíba, margeadas pelos rios Anhembi e Ticoatira, à época, o território pertencia à Nossa Senhora da Penha de França.
Os índios estavam sob a proteção dos jesuítas que buscavam catequizá-los, mas a chegada dos bandeirantes, no planalto paulista, em busca de ouro, fez com que passassem a aprisionar os índios, ao mesmo tempo em que se apossavam de suas terras.
A plantação nativa foi se transformando sob o comando dos portugueses, dando lugar às sesmarias, extensas porções de terras doadas pelo Rei de Portugal para a exploração, assim, surgiram os primeiros sítios e pastos da região e as primeiras cabeças de gado foram trazidas por Tomé de Souza, surgindo o maior rebanho que a América possuiria naquele tempo.
Em fins do século XIX, o país sofreu profundas transformações com a libertação dos escravos, a Proclamação da República e a chegada de novos imigrantes de diferentes etnias.
A cidade de São Paulo, em paralelo a esses acontecimentos, prosperava com o início da industrialização, nas regiões leste do Brás e da Mooca, é neste contexto que surgirão os primeiros loteamentos urbanos das regiões periféricas da cidade, surgindo dezenas de vilas em um curto espaço de tempo, ao redor do núcleo primitivo da Penha de França, é neste contexto que se desenvolverá o bairro do Cangaíba e suas dezenas de vilas, nos moldes urbanos da cidade.
“Trabalhamos pelo bairro há quase 50 anos. É no Cangaíba que realizamos nosso voluntariado médico, onde atendemos até os dias de hoje. Conquistamos diversas unidades de saúde para a região, recapeamento de ruas, praças, teatro e muito mais. Eu tenho muito carinho pelo Canga, aqui fizemos boas amizades”, disse Natalini.