Gilberto Natalini SP

O GOLPE QUE MICOU

Muito está se falando sobre o golpe do Bolsonaro no Brasil. Golpe que não deu certo, e foi tentado pelo governo que cessou em dezembro/22. Bolsonaro é o reflexo da ditadura militar e do ambiente de violência do Rio de Janeiro. Ganhou a eleição em 2018, como uma escolha errônea e destemperada de parte dos brasileiros, diante da roubalheira praticada no mensalão e no “petrolão” durante os governos petistas. Em 2003, Lula/PT chegou ao poder no Brasil. Durante seus 3 governos foram se afundando em práticas e escândalos de corrupção, sendo os principais o mensalão e o mega esquema de ilícitos chamado de petrolão. O governo Bolsonaro 2018/2022, foi um desastre civilizatório, que fez o Brasil flertar com a barbárie na política e na vida do povo. Lula, que foi condenado e preso, voltou à cena, tendo sido “descondenado”, como alternativa de poder ao bolsonarismo. Com isso, criou-se uma polarização nefasta e tóxica entre o lulopetismo e o bolsonarismo, que persiste no país até hoje, embora venha perdendo força gradativamente. Em 2022, quando a polarização tornou-se dominante, o Brasil caminhava para a vitória de Lula. Então, Bolsonaro partiu para o tudo ou nada para não entregar o poder. Usou todos os meios de redes sociais, de articulações políticas, de ataques às urnas eletrônicas, e por fim, passou a articular um movimento golpista para não reconhecer o resultado das eleições. Seu plano era afirmar que as urnas foram fraudadas e por isso ele decretaria um estado de sítio, de exceção, de autoritarismo, e permaneceria no poder. Buscou apoio nas forças armadas para respaldar seu golpe. Mas os chefes militares, instados por forças internas e externas, negaram-lhe o apoio, e ele ficou só, com seu grupo, vendo seu plano de golpe “micar”. Lula tomou posse e Bolsonaro está respondendo por conspiração contra a democracia. Na verdade, o resultado dessa polarização bolsopetista tem feito o Brasil padecer, na perda de ética, de qualidade de vida, de esperança no país. É urgente construirmos o caminho para sair desse dualismo e partir para o bom senso do centro democrático despolarizado. Para isso trabalhamos. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

BRASIL: Não ao PL da Devastação!!!

Muito se tem dito que o desmatamento tem diminuído no Brasil. Isso é uma verdade. A derrubada de floresta teve uma queda de 40% nos últimos anos. Mas isso não permite, de forma nenhuma, que estejamos satisfeitos. O Brasil é a maior reserva florestal do mundo, embora tenha perdido grande parte de sua cobertura vegetal no decorrer do tempo, em todos os seus 6 biomas. Da Mata Atlântica, que já foi exuberante, restam míseros 14,5%, e continua ameaçada pelo desmatamento. Nosso cerrado já perdeu 50% de sua área verde, e avança a destruição de sua mata característica. O Pantanal, o maior bioma úmido do planeta, sofreu uma devastação demolidora nas últimas queimadas, grande parte delas provocadas pela mão humana, e potencializada pela estiagem cruel das mudanças climáticas. No Pampa e na Caatinga avança o processo de desertificação, promovido pela mão humana e pelos fenômenos climáticos. A Amazônia, nossa grande floresta, a maior do planeta, já perdeu 25% de sua cobertura verde, com a “construção do progresso do Brasil”. E embora tenha queda no desmatamento, nos últimos 2 anos, a floresta continua sendo derrubada todos os dias, em ritmo agressivo, seja pelo “desenvolvimento” da atividade agropecuária, muitas vezes ilegal, seja pela exploração de venda da madeira, do garimpo e da especulação da terra. É preciso dizer que a “atividade econômica” do desmatamento na Amazônia é conduzida pelas quadrilhas de tráfico de drogas, do crime organizado, de grupos políticos e econômicos corruptos e predatórios que avançam mata adentro, desmatando terras públicas e reservas indígenas. Agora, esse crime contra a humanidade pode ser escrito na letra da lei. Foi aprovado pelo Senado e já está para aprovação na Câmara Federal o PL 2159/21, que flexibiliza drasticamente a licença ambiental e abre a porteira para a “boiada passar”. A “bancada do boi e do agro”, aliadas a outras bancadas da predação querem apoiar essa barbárie, em tempos de aquecimento global e degradação ambiental. O governo federal está dividido. De um lado, a Ministra Marina Silva, que é contra e do outro, Ministros do PT e outros partidos que são simpáticos ao “PL da devastação”. A nós, ambientalistas, empresários conscientes do desenvolvimento sustentável, cientistas e acadêmicos, religiosos comprometidos com nossa casa comum, organizações da sociedade civil, intelectuais e jornalistas, pessoas do povo que são vítimas dos fenômenos climáticos extremos, parlamentares e gestores com senso de responsabilidade, resta conversar com o povo brasileiro, para fazer uma enorme pressão sobre o Parlamento e o Governo brasileiro e enterrar o PL2159/21, e partir para construir um Brasil de progresso, sim, mas com desenvolvimento econômico sustentável, consonante com a preservação ambiental. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Hoje é Dia do Meio Ambiente

Hoje é o Dia do Meio Ambiente. Cuidemos dele !!! Cuidemos da Vida e do Planeta, tão maltratado pelas mãos humanas. Proteger a Natureza é defender a própria Vida !!!

ENSINO MÉDICO: perigo de vida!!!

O Brasil possui hoje cerca de 500 mil médicos. A maioria deles concentrada nas grandes cidades, onde existem mais oportunidades de trabalho e maior oferta de serviços e conhecimentos. O interior do Brasil geralmente carece muito de atendimento médico por ausência de profissionais. Em 1975 o país tinha 73 Faculdades de Medicina, a maioria delas públicas como a FMUSP ou a Escola Paulista de Medicina, e poucas privadas, como a Santa Casa de São Paulo, porém de excelente qualidade no ensino. Hoje o Brasil possui cerca de 400 Escolas de Medicina, espalhadas por todo território nacional. Elas formam em torno de 40 mil médicos por ano. O grande problema identificado é a baixíssima qualidade do ensino médico em grande parte dessas faculdades. Muitas dessas faculdades não têm hospital escola, e há grande deficiência de professores de medicina, As mensalidades são pesadas, chegando a 10 e 15 mil reais por mês. Formam-se médicos sem qualificação adequada para atender os pacientes, deixando a população exposta à incompetência e imprudência no ato médico. Cada dia mais, temos contato com casos escabrosos de erros de diagnóstico e de conduta, praticados por esses “médicos” novos malformados em escolas médicas sem condições de formar bons profissionais, que também são vítimas desse processo. A causa desse descalabro na Medicina é a brutal comercialização e mercantilização do ensino e da prática médica. Alguns grandes grupos internacionais de ensino, como por exemplo, a CROTON, se apropriou do ensino superior do Brasil, comprando Universidades e Faculdades e abrindo inúmeras delas, entre essas, Escolas de Medicina. Esses “cursos” são muitas vezes financiados com verba pública, pelo FIES, e esse dinheiro todo vai parar nos bolsos desses “grupos educacionais”. O resultado disso é uma péssima qualidade do ensino superior brasileiro, entre eles a medicina, sendo que nesse caso são vidas humanas que estão no centro dessa barbárie educacional. Diante dessa “catástrofe”, as entidades médicas defendem há tempos o Exame de Proficiência Médica, que avaliaria os formandos de medicina antes de lhes outorgar o diploma profissional, que o autoriza a atender pacientes. Nunca se conseguiu aprovar isso em lei. Há um projeto no Senado (que foi barrado nas comissões) e sete projetos na Câmara Federal, propondo esse exame. Alguns há décadas, mas não prosperam. Os lobbys são intensos e não deixam aprovar. Agora, depois de toda essa situação calamitosa no ensino e no atendimento médico, que perpassou vários governos, após muita pressão das Entidades Médicas, o governo decidiu criar o ENAMED, que é uma prova para avaliar a qualidade do ensino das “Escolas Médicas” com a finalidade de tomar providências diante do descalabro do nível desse “ensino”. Mas, tendo em vista a poderosa pressão dos “grupos educacionais” que comercializam o ensino na maioria das Faculdades de Medicina no Brasil, só mesmo uma mobilização das entidades sérias de saúde e da população, poderão obrigar o Governo e o Congresso brasileiro a agir com firmeza para moralizar a formação médica no Brasil. Em nome da saúde e da vida! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Manifestação contrária à aprovação do Projeto de lei nº 2159/2021

                                                                                                           São Paulo, 22 de maio de 2025. A AFPESP vem a público manifestar a sua preocupação e discordância em relação à aprovação do Projeto de Lei nº 2159/2021, o então chamado “PL da Devastação”. O texto aprovado no Senado Federal propõe alterações significativas nas regras do licenciamento ambiental no Brasil, enfraquecendo sobremaneira procedimentos que são essenciais para a análise e controle de impactos socioambientais. Entendemos que o desenvolvimento econômico deve caminhar lado a lado com a conservação ambiental, e que o licenciamento ambiental é um instrumento técnico, legítimo e necessário para garantir que obras e empreendimentos sejam planejados de forma responsável e sustentável. Neste sentido, apelamos aos Srs. parlamentares e demais autoridades competentes que reconsiderem o avanço do referido projeto, abrindo espaço para um debate mais aprofundado e transparente com a sociedade, a academia, os órgãos técnicos e o setor produtivo comprometido com a sustentabilidade, buscando assim, o melhor caminho para o desenvolvimento sustentável do Brasil. ARTUR MARQUES DA SILVA FILHO Presidente AFPESP GILBERTO TANOS NATALINI Coordenador de Meio Ambiente AFPESP

FILHOS DE PLÁSTICO!

Tenho dito que a humanidade está sofrendo o maior stress de sua história. Venho repetindo isso com convicção, pelo conjunto de sinais e sintomas que observamos no comportamento das pessoas: a violência que explode, as narrativas mentirosas, as fakenews, o aumento grande do número de depressivos e de suicídios, o individualismo crescente, a ganância sem limites, a espiritualidade mercenária, o consumo exagerado e perdulário e as guerras genocidas. Esses são alguns dos sintomas que já existem entre nós, mas que cresceram exponencialmente nos últimos tempos. Não vou tratar deles aqui com detalhes, pois precisaria falar das trapalhadas políticas, da crescente e vergonhosa desigualdade social, da degradação irresponsável do meio ambiente e da crise moral e ética que atravessa o Planeta e em particular o Brasil, com uma pandemia de criminalidade e corrupção. Mas, quero falar especificamente de um comportamento que aflorou agora, e que seria cômico, se não fosse patético. Claro que conhecemos a prática milenar do convívio entre os humanos e os animais. Mas esses são seres vivos, que retribuem afeto e serviços, e são companhia de vida de muita gente. Embora, também nesse caso haja cada vez mais exageros, onde os animais de estimação tomam o lugar da família distante ou ausente, e vemos uma pessoa ter mais amor por um pet do que por um filho. Isso existe. Mas o fenômeno do momento, me parece assustador. Filhos, pais, irmãos, parentes, amigos, vem sendo substituídos pelos chamados bebês reborn, os humanoides de silicone/plástico e inertes, frios e sem sentimentos que são adotados por homens e mulheres em todos os cantos. Nós sabemos que a convivência lúdica com bonecas, são praticadas há muito tempo por crianças e adultos. Há pessoas que têm coleções de bonecas como hobby, assim como meninos e homens têm a mesma prática lúdica com carrinhos e super-heróis. Porém, o que está acontecendo agora é muito diferente. Impulsionados por uma carência existencial, por desarranjos familiares e pela rede social, muitas pessoas transferiram seu afeto para humanoides de silicone ou borracha, e os tratam como entes queridíssimos, a ponto de querer levá-los aos serviços de saúde, ou exibi-los como seres vivos queridos. É claro que (sempre) existem os aproveitadores, que valendo-se da estranha onda, se jogam nas redes sociais e até em disputas judiciais em torno dos “filhos de silicone/plástico”, Um realismo fantástico e amalucado. Quando uma criança brincava com uma boneca ou um boneco, estava substituindo um filho ou um amigo/herói nas suas fantasias infantis. Mas quando um adulto compra um bebe reborn, leva pra casa, dedica-lhe afeto e bens materiais e agora exige que os serviços de saúde os atendam quando “ficam doentes”, estamos tratando de um novo capítulo da psiquiatria social, que ainda está estupefata com o fenômeno. Já não me espanto com mais nada olhando a humanidade e suas peripécias boas ou terríveis. Só sei que o stress humano é enorme e criativo. Seja para o bem ou para o mal. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Saúde e sustentabilidade: a interdependência entre meio ambiente e bem-estar coletivo

Historicamente, a humanidade tem se posicionado como uma entidade separada e dominante sobre a natureza, explorando seus recursos de forma intensiva. No entanto, essa perspectiva tem levado a desequilíbrios ecológicos significativos, o que nos obriga a reconhecer que somos parte integrante do meio ambiente e que a nossa saúde e bem-estar estão intrinsecamente relacionados à manutenção dos ecossistemas. As mudanças antrópicas têm intensificado a ocorrência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, enchentes e secas, que impactam diretamente a saúde da população. Estudos indicam que 58% das doenças infecciosas conhecidas são agravadas por eventos climáticos extremos, devido ao aumento da proliferação de vetores e à contaminação de recursos hídricos. No Brasil, entre 2020 e 2023, o número de pessoas adoecidas devido a desastres naturais e eventos extremos aumentou de 54 mil para 157 mil, evidenciando a crescente vulnerabilidade da população. Adicionalmente, em 2022, a OMS estimou que mais de 13 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano são resultado de causas ambientais evitáveis. Essa constatação permite concluir que um meio ambiente enfermo é muito prejudicial à saúde do ser humano, razão pela qual, é necessário maximizar os esforços, a fim de preservá-lo e mantê-lo em boas condições. Pelo constatado, podemos observar como a diligência ou a negligência com o meio ambiente podem afetar diretamente a saúde humana. Diversas doenças e comorbidades que os profissionais da área da saúde referem podem estar relacionadas à degradação ambiental, tais como: doenças respiratórias, infecciosas e gastrointestinais. Diante dessa constatação, como devemos enfrentar e integrar saúde e meio ambiente? Neste sentido, o funcionalismo público desempenha um papel fundamental na implementação e execução de políticas que integram saúde e sustentabilidade. Profissionais de diversas áreas, como saúde, meio ambiente e defesa civil, são essenciais na elaboração de estratégias de prevenção, na resposta a emergências e na educação da população sobre práticas sustentáveis. Um exemplo disto, é o Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080/1990, sendo um marco na promoção da saúde pública no Brasil. Essa legislação reconhece que a saúde é influenciada por diversos fatores determinantes e condicionantes, que incluem: alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, atividade física, transporte, lazer e acesso aos serviços essenciais. Essa abordagem ressalta a importância de políticas públicas intersetoriais que integram saúde e sustentabilidade. Já o programa “São Paulo Sempre Alerta”, uma iniciativa em nível estadual, visa articular ações intersetoriais para fortalecer a infraestrutura preventiva e a segurança da população. A Secretaria de Estado da Saúde capacita equipes para lidar com os efeitos desses eventos, prevenindo surtos de doenças e garantindo o abastecimento de insumos essenciais. Investir em infraestrutura sustentável – como o saneamento básico – também é uma estratégia eficaz para a promoção da saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 20144), para cada dólar investido em saneamento básico, economiza-se US$ 4,30 em custos com saúde. A relação entre saúde e meio ambiente exige uma abordagem integrada e sustentável nas políticas públicas. O fortalecimento do SUS, aliado a investimentos em infraestrutura sustentável e à atuação proativa do funcionalismo público, é vital para mitigar os impactos dos eventos climáticos extremos na saúde humana. A adoção de práticas sustentáveis e a promoção da equidade social são caminhos essenciais para garantir a resiliência das comunidades frente às mudanças climáticas e para assegurar a saúde e o bem-estar das futuras gerações. Portanto, cabe a nós decidir racionalmente o que é melhor. Enfrentar as nefastas consequências de nossas escolhas equivocadas até este momento, inclusive para as gerações futuras, ou assumir a responsabilidade que nos cabe para garantir um meio ambiente saudável e, por conseguinte, mitigar os riscos para a saúde humana? Por Gilberto Natalini e Ulysses Francisco Buono

BRASIL: DE ESCÂNDALO EM ESCÂNDALO

Na minha vivência de brasileiro, como o restante de nosso povo, vi repetirem-se os escândalos pelo país afora. Ou melhor, adentro! Na ditadura militar, que durou 21 anos, a roubalheira era escondida por medidas de repressão. A mais singela delas eram os versos de Camões substituindo matérias que denunciavam o desvio de recursos públicos do regime militar. Tinha até ministro conhecido como Senhor 10%. Com a redemocratização as portas da transparência se abriram e a roubalheira veio à tona com mais facilidade. A questão é que elas foram sendo repetidas com mais frequência e maior intensidade, a cada ano que passa. As páginas da imprensa sobre política foram tomando forma de páginas policiais. São tantas as notícias de desmandos de corrupção em todos os poderes do país, que ninguém consegue memorizar as denúncias das falcatruas. E aquilo que no passado era roubo de milhões, hoje se transformou em desvio de bilhões. A corrupção no Brasil se institucionalizou nos 3 poderes da República, e o serviço público se transformou num grande negócio. E daí, a roubalheira se espalhou para fora da área pública, alcançando entidades da sociedade civil e da área privada. A corrupção tornou-se uma mania nacional. E nesse quesito da vida brasileira, a divisão clássica de “direita” e “esquerda” se tornou obsoleta e caricata, pois as duas vertentes “ideológicas” já chafurdaram no pântano da corrupção. Se falou que o montante de dinheiro surrupiado pela corrupção no Brasil chega a 200 bilhões de reais. Tenho a impressão que esse valor está subestimado. “Se eles roubam lá em cima, por que não posso roubar também???” Essa é uma frase comum que se houve na rua. A cada novo escândalo o Brasil morre mais um pouco como Nação. Nos últimos 20 anos tivemos o Mensalão, o Petrolão, o Emendão e agora o Consignadão. Isso sem falar dos escândalos paralelos que acontecem pelo país afora. Ao lado disso, e como consequência, a criminalidade comum e a violência aumentam a cada dia, infernizando a vida da população, e se tornando a principal preocupação dos brasileiros. A relação entre a corrupção e a criminalidade comum é umbilical. O policial corrupto é padrinho protetor do criminoso comum. O juiz corrupto é o padrinho protetor do agente público ladrão. Esses cenários se entrelaçam, se ajudam e se potencializam. É bastante difícil visualizar como o Brasil vai sair desse abismo. Somente uma consciência e uma ação coletiva, que se construir na mente e no coração da banda saudável do nosso povo, poderá enfrentar e derrotar esse cenário de falência moral do Brasil. Isso, se ocorrer, será demorado e traumático, e deverá ocorrer sempre, nos marcos da democracia. Junto com a batalha por maior equidade social e pelo desenvolvimento econômico com sustentabilidade, esse é o imenso desafio do Brasil! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

UMA FÁBULA CHAMADA BRASIL

Era uma vez um país que construiu sua história num cenário de injustiças e desigualdades sociais, violência, criminalidade e muita, mas muita corrupção. E essa história triste veio aumentando de intensidade no decorrer das décadas até chegar aos tempos atuais. Essa realidade empobreceu seu povo, embora seja um país rico em recursos naturais, e com uma economia muito forte. Essa realidade entristeceu seu povo, embora seja composto de uma diversidade étnica e cultural, imensa, que lhe trouxe toda a criatividade do mundo. Essa realidade embruteceu seu povo, que se acostumou em ver corpos humanos vivos e mortos jogados pelas ruas, e em viver em meio de escândalos e quadrilhas todos os dias. Isso não é uma fábula! Isso é o Brasil!! Nos últimos 40 anos, tivemos três presidentes dessa República presos por corrupção. E mais um que pode ser preso agora. Tivemos também mais 2 presidentes cassados em seus mandatos. Somos campeões mundiais em escândalos de corrupção. Todo ano tem um, ou mais de um, cada qual maior que o outro. Os quatro últimos mais famosos, o Mensalão, o Petrolão, o Emendão e agora o Consignadão.Surrupiaram muitos bilhões do dinheiro público e privado. A impunidade é obscena na maioria dos casos. A justiça troca de opinião como se troca de roupa num desfile de moda. A política é vista pela Nação como uma Sodoma e Gomorra dos tempos modernos. O final feliz dessa fábula chamada Brasil é cada vez mais distante. É uma tarefa gigante de todo um povo reverter essa realidade de nosso país. Não desistiremos nunca. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista