Gilberto Natalini SP

BRASIL UM CAMPO DE GUERRA

Saiu o resultado do último CENSO brasileiro. Na área de segurança pública vivemos uma calamidade. O número de mortes violentas aumentou muito, dentre elas as mortes por assassinatos, inclusive aquelas provocadas por ações policiais. Isso comprova nossa convicção que estamos vivendo uma guerra urbana declarada no Brasil. Já somos, há algum tempo, um dos países mais violentos do mundo. As ruas das cidades brasileiras tornaram-se campo de guerra, e as comunidades são áreas de conflitos armados em muitos locais do Brasil. O exemplo emblemático disso é o Rio de Janeiro, mas também temos Salvador, Recife, e muitas outras. A violência no país tem causas múltiplas, mas podemos destacar três principais: Dessa forma, a guerra urbana é uma triste realidade nacional, com cerca de quase 50 mil pessoas assassinadas por ano. Para sair dessa situação difícil o Brasil precisa ser virado do avesso. O desafio é fazer essa transformação dentro dos marcos da Democracia. E isso é imprescindível! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

RETROCESSO DESESPERADOR QUE AMEAÇA FUTURO DO PAÍS

Estamos diante do maior problema multidimensional que afeta o sistema vida. Estamos diante da maior emergência desses tempos atuais – o colapso climático. Estamos num País que, historicamente, sofre com desastres ambientais, pondo em risco direto à vida de milhões de brasileiros, e mesmo assim, na madrugada da última quinta-feira, 17, em votação final, a Câmara dos Deputados, por 267 votos a 116, aprovou o PL, Projeto de Lei n°2159/21, que simplesmente desmonta (flexibiliza) as regras (Lei Geral) de licenciamento ambiental no Brasil. Isso significa renunciar a estudos ambientais e de análises alternativas. Importa esclarecer que foi desmontado o principal instrumento de controle dos impactos ambientais de empreendimentos no país. Por isso foi batizada de PL da Devastação, uma vez que favorece, como é fácil supor, o avanço de empreendimentos alheios à preocupação ambiental. Com a quebra de regras, cria-se possibilidades de procedimentos autodeclaratórios, dispensa (afrouxamento) de licenciamento ambiental. Estamos falando, portanto, de inacreditável retrocesso ambiental (verdadeiro dano ao sistema de proteção ambiental) arquitetado por um Congresso que faz o jogo do quanto pior, melhor. Análise realizada pelo projeto Amazônia Revelada, em parceria com a InfoAmazônia, mostra, pela primeira vez, que milhares de sítios arqueológicos cadastrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) podem ficar vulneráveis. Patrimônio histórico desprotegido. Terras indígenas não homologadas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) serão diretamente afetadas. Nada menos do que 86% dos projetos de mineração e suas barragens em Minas Gerais serão aprovados de forma automática. Na base disso tudo, apresentado como um marco de eficiência e desburocratização, o Congresso brasileiro, com a aprovação do PL 2159/21, ecoando uma tragédia anunciada, acaba de incentivar um modelo de desenvolvimento arcaico, inimigo do meio ambiente, gerador de diversos impactos ambientais que, sobretudo, ameaçam a defesa da vida. Por isso, como apropriadamente demonstrou o geógrafo Bruno Araújo, “o PL da devastação é um retrato cruel do que o capitalismo faz quando quer aumentar suas taxas de lucro: acelera sua máquina de destruição, mesmo que isso signifique colocar toda a sociedade em risco”. Em nosso sentir, a aprovação desse projeto – o mais grave ataque dos parlamentares brasileiros ao meio ambiente – faz avançar a lógica da destruição em nome do lucro. Diante desse grave retrocesso, que fique claro: está em jogo a qualidade da Amazônia, do Pantanal e da generosa Mãe Natureza. Diante de um simples apertar de botão, transforma-se todas as licenças ambientais do País. Por isso chegou a hora de unir forças. Organizações da sociedade civil, movimentos sociais, comunidades tradicionais, povos originários. Todos, unidos, pressionando para a reversão desse retrocesso. E que não percamos de vista: é a proteção da vida, do solo, da floresta, do verde, da água, do ar, da biodiversidade que deve falar mais alto. Por justiça social, por justiça ambiental, nosso grito, daqui para a frente, deve ser um só: exigir o veto da Presidência da República. Gilberto Natalini, é médico-cirurgião, vereador por cinco mandatos na Câmara Municipal de São Paulo. Foi secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente (2017) e candidato a governador do Estado de São Paulo pelo Partido Verde (PV) em 2014. Marcus Eduardo de Oliveira é economista e ativista ambiental. Autor de A civilização em risco (Jaguatirica, 2024), entre outros.

CRISE ANTROPOCÊNTRICA

CRISE ANTROPOCÊNTRICA Pode-se dizer que a partir dos anos 1960 abrimos a mais grave crise do meio ambiente que agora, como mostrou recentemente David Wallace-Wells, deixa a Terra inabitável (The Uninhabitable Earth), a começar pela constatação de que a temperatura da superfície da Terra cresce em ritmo acelerado. E nisso tudo, mais um agravante: nossa interpretação equivocada de crescimento como desenvolvimento – típica visão do mundo ocidental -, levou-nos a apostar todas as fichas na racionalidade produtivista, pilar da modernidade. De certa forma, sem rotulação, já há algum consenso de que, por conta disso, fomos doutrinados a entender o crescimento (tornar a economia maior aumentando as quantidades) como o sinal mais significativo de progresso e de desenvolvimento da vida social moderna, sem que se considere aí o principal efeito colateral: a crise global da natureza, inaugurada justamente pela relação conflituosa – antropocêntrica – que mantemos com os diferentes compartimentos da biosfera, da qual todos dependemos. Daí em diante, longe de um ethos ambiental, não hesitamos em reafirmar a própria lógica da modernidade (sem acumulação não há progresso). Ou, como dizem Débora Danowski e Eduardo Viveiros de Castro, “fomos invadidos por uma raça disfarçada de humanos, e descobrimos que eles ganharam: nós somos eles.” Quer dizer, em nosso imaginário, uma vez que somos facilmente seduzidos pelos encantos do consumo, seguimos guiados pelo predomínio da cultura do capital (obter lucro com tudo). Aliás, nada mais pernicioso, em nível civilizacional, do que notar que a força do grande capital está por trás das principais adversidades ambientais, desde a morte de florestas à desertificação do solo; da poluição do ar, da água à queima de combustíveis fósseis; do aquecimento da atmosfera ao empobrecimento biológico. Enfim, do que se convenciona chamar de degradação socioambiental, ou a incessante destruição do mundo físico. Ponto delicado, diante de um sistema que exige crescimento continuado, sequer conseguimos esconder nossa principal dificuldade cotidiana: entender que uma Terra apenas não é mais suficiente para manter – da forma como queremos – o atual estilo de vida da humanidade, especialmente o mais insustentável estilo de vida comandado pelo Norte global, onde reside 25% da população do planeta que consome e produz 80% dos recursos naturais e do descarte do mundo. Observando todo esse contexto, é fácil notar que estamos num tempo de grandes e doloridas feridas ambientais. Agimos como se tivéssemos à inteira disposição um planeta B, como se os recursos naturais fossem inesgotáveis. Minimizamos a finitude dos recursos terrestres, como se o ecossistema global fosse capaz de suportar qualquer tipo de pressão. Pela atualidade desse modelo econômico dominante, incapaz de apurar as conexões vitais e de respeitar a regeneração da natureza, vemos explodir a mais grave crise ecológica que impacta na segurança alimentar, no papel dos oceanos (o mais hábil regulador do sistema climático), provocando significativa ruptura da biosfera, que, sem meias palavras, marca nossa entrada na era do Antropoceno. Dito isso, e diante do uso desenfreado de recursos da natureza para satisfazer vontades humanas de forma muito mais rápida do que os ecossistemas são capazes de regenerá-los, temos, agora, a possibilidade de desestabilizar o relativamente estável clima que tivemos no Holoceno. Em termos objetivos, sendo a economia por definição comum uma espécie de eixo que articula a ideia de modernidade que conhecemos, o caos ecológico contemporâneo (em todos os níveis da natureza) é visto então como um produto direto e imediato desse sistema que esbarra nos limites ecológicos do planeta. Assim sendo, se “a Terra produz vida”, como diz em tom coloquial Aílton Krenak, parece certo imaginar que, para salvaguardar a sustentabilidade planetária, “não podemos continuar reproduzindo essas estruturas podres, essas coisas que não têm sentido, continuar enfiando ferro no corpo da Terra”, como faz questão de concluir o brilhante líder indígena. Nessa dita sociedade civilizada que mantém o humano no centro da cena, que restringe direitos democráticos e fomenta a exclusão social, nós, os modernos, precisamos abandonar nossa fé no crescimento sem fim que sacrifica a natureza e violenta os principais ecossistemas. De toda sorte, se continuarmos agindo em favor da economia de acumulação, ignorando o básico, isto é, que nossas demandas conflitam com a oferta da natureza, maior será a dívida ecológica (sobrecarga dos Sistemas da Terra) contraída, seja no curto ou no longo prazo. Daí a necessidade de defender a teia da vida, a tarefa mais essencial que a sociedade humana tem para realizar. Para tanto, precisamos levantar um modelo econômico regenerativo e cessar essa barbárie ecológica presente, quer dizer, os sistemas da Terra abalados pelas crises simultâneas que já enfrentam perigosos pontos de inflexão. Em nosso sentir, mediante outra economia, será possível garantir que a Terra permaneça habitável. Com efeito, em nome do princípio da vida, e é isso o que mais importa, temos o dever de procurar superar o atual drama da civilização moderna. Afinal de contas, essa crise ecológica em escala crescente quemarca profundas transformações na dinâmica das sociedades modernas (seja pela exaustação de recursos naturais, emissão de poluentes e mudanças climáticas) e que separa em lado opostos a destruição (principalmente de habitats e ecossistemas) e a preservação, já foi longe demais com o único (e determinante) objetivo existente no capitalismo contemporâneo: crescer, independentemente da finitude dos recursos. Gilberto Natalini é médico-cirurgião, vereador por cinco mandatos na Câmara Municipal de São Paulo. Foi secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente (2017) e candidato a governador do Estado de São Paulo pelo Partido Verde (PV) em 2014. Marcus Eduardo de Oliveira é economista e ativista ambiental. Delegado do CORECON-SP por Osasco. Autor de “A civilização em risco” (Jaguatirica, 2024), entre outros. prof.marcuseduardo@bol.com.br

TRUMP, O MUNDO E NÓS!

A maioria dos americanos vendo seu país perder protagonismo dentro e fora, e diante da incompetência do governo democrata para dar resposta aos seus anseios, votaram e elegeram Trump para um segundo mandato. Trump é uma figura vetusta. Misto de bilionário pouco ético, conservador com dívidas morais e autocrata declarado, subiu à presidência da maior potência mundial com um discurso nacionalista e reacionário, na contramão da realidade global. A característica principal sua é o blefe. Outra é o desprezo pelos mais pobres e pelas minorias sociais. Uma terceira é o desconhecimento dos mecanismos políticos que regem os EUA interna e externamente. Sua irresponsabilidade é tão grande que ele  já foi e já voltou em dezenas de atitudes largamente alardeadas, com seu jeito espalhafatoso e alaranjado. Trump é um grande manipulador de marketing e das redes sociais, seu vai e vem é a marca principal de seu governo, junto com a perseguição aos imigrantes. No seu modo “biruta de aeroporto”, Trump olhou para o Brasil. Na minha opinião foram 3 os motivos: O olhar de Trump sobre o Brasil foi sob a forma de taxação em 50% nos produtos exportados por nós. Caiu como uma bomba por aqui, porque se levada a cabo poderá colocar o pais numa crise econômica sem precedentes.  Mas, se o objetivo do americano foi encurralar o Brasil, creio que ele errou redondamente. Bolsonaro e sua “thurma” se esborrachou na confusão de defender Trump contra nossos interesses nacionais. Estão posando como traidores da Pátria. Os empresários brasileiros e americanos estão se unindo contra a taxação esdrúxula porque vai prejudicar os seus negócios. E Lula que estava com seu governo inepto nas cordas, viu uma leva de brasileiros, dentro e fora do PT, se levantar para defender nosso país. Lula se fortaleceu, e como uma maritaca, triplicou suas bravatas e investidas em falas desproporcionais e destrambelhadas. O STF foi o mais comedido. Emitiu uma nota sóbria e substanciosa. Assim estamos nós diante de Trump e do Mundo! Bolsonaro não vai conseguir sua anistia. Parece que vai mesmo ser condenado e deve ser preso. Seus adeptos se dividiram no discurso e mostraram-se antipatriotas. Lula e suas bravatas não têm credibilidade diante das taxações. O que vai falar mais alto é o entendimento comercial entre Brasil X EUA, que vem sendo costurado pelos empresários e o comedido Geraldo Alckmin. Trump deve recuar. E a vida vai seguir seu curso. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista  [D1]

Educação ambiental: uma política transformadora Por Gilberto Natalini e Ana Maria Villela Alvarez Martinez                                                                           A preservação do meio ambiente não é uma tarefa isolada de governos ou instituições: é uma missão coletiva que começa dentro de cada indivíduo. E é pela via da educação que despertamos essa consciência essencial. Mais do que transmitir informações técnicas sobre ecossistemas, biodiversidade ou mudanças climáticas, a educação ambiental propõe uma verdadeira mudança de mentalidade: uma forma de ver o mundo como um organismo vivo, interdependente e frágil. Ainda assim, essa transformação não ocorre de forma automática. A educação ambiental só produz efeitos concretos quando vai além de datas comemorativas e discursos genéricos sobre sustentabilidade. É preciso trabalhar nas relações básicas entre sociedade, economia e ecossistemas, e reconhecer que nossas escolhas são moldadas por estruturas maiores, padrões de consumo, ausência de políticas públicas e desigualdade de acesso a meios sustentáveis. Educar para o meio ambiente é formar cidadãos capazes de compreender que suas decisões, do consumo diário à forma como se relacionam com o território, impactam diretamente o presente e o futuro da vida na Terra. Mas é também estimular o pensamento crítico sobre os sistemas que limitam essas escolhas. Por que o acesso à alimentação orgânica ainda é tão restrito? Por que ainda existe tão pouca integração entre planos ambientais? Essas são perguntas que a educação ambiental precisa enfrentar. Desde a infância até a vida adulta, a educação ambiental deve ser parte integrante dos currículos, dos diálogos familiares, das práticas sociais e dos valores comunitários. Contudo, um levantamento da UNESCO (2021) mostrou que menos da metade dos currículos escolares no mundo incluem a sustentabilidade como eixo estruturante. No Brasil, esse cenário não é diferente: embora exista previsão legal desde a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/1999), muitas escolas ainda tratam o tema de forma pontual, desconectado da realidade local e sem articulação interdisciplinar. Mais do que um conteúdo escolar, a educação ambiental é um compromisso ético com as próximas gerações, além de ser também uma ferramenta política para planejar ações futuras. Um estudo da Universidade de Stanford (2017) identificou que programas bem estruturados de educação ambiental aumentam comportamentos sustentáveis em até 83%. No entanto, o impacto real está vinculado à qualidade da abordagem destes programas, já que ações isoladas, sem continuidade ou conexão com o território, raramente produzem mudanças significativas. Educar é semear valores. E quem semeia cuidado, colhe futuro. Mas é preciso saber o que se está semeando. Educação ambiental não pode ser sinônimo de moralismo verde nem de responsabilização individual sem contexto. Não basta dizer às pessoas para “fazerem sua parte” se os sistemas de transporte, de produção e de moradia continuam promovendo degradação e exclusão. Quando educamos para o meio ambiente, não transmitimos apenas informações sobre a natureza. Cultivamos também o respeito pela vida em todas as suas formas, mas também a disposição de enfrentarmos os conflitos éticos, econômicos e políticos que atravessam a crise ambiental. Só assim deixamos de formar espectadores conscientes e passamos a formar agentes de transformação. https://www.afpesp.org.br/folha-do-servidor/opiniao/educacao-ambiental-uma-politica-transformadora

O CLIMA NERVOSO: A VIDA AMEAÇADA!

               Nesse universo infinito, obscuro, silencioso e desconhecido para nós, existe um pequeno pedaço chamado Via Láctea. Nele tem um canto com um Sol e nove planetas, entre eles, um diminuto planetinha azul, que foi apelidado de Terra.                Essa tal Terra é composta de matéria incandescente em seu interior, da parte fria que se diz crosta, e é encoberta por de cerca de 71% de água em sua superfície, onde 97,5% é de água salgada.                É aí que, sabe-se lá porque (ainda se afogam em teorias), há 3,7 bilhões de anos surge a capacidade de reprodução de seres, que lutam por sua existência. São chamados de seres vivos.                A diversidade e a quantidade deles são tão grandes no decorrer desse tempo, que não se consegue calcular.                Vivem uns comendo aos outros para sobreviver. Parasitam-se e fazem simbiose. Extinguem-se e surgem outros novos, evoluem no decorrer dos tempos, sobrevivendo os que melhor se adaptam.                No topo dessa cadeia alimentar estão os humanos, que têm maior consciência de sua própria existência, e aprenderam a explorar e modificar a Natureza como ninguém, com ferramentas, tecnologia e planejamentos infindáveis.                Esses, os humanos, estão por aqui há 300 mil anos, segundo consta.                E é aí que mora o perigo!                A vida por aqui é regulada por um equilíbrio fino, onde o maior ou mais poderoso ser vivo depende, por uma teia de conexões, de todos os outros. Cada fio rompido dessa teia faz o sistema tremer e pode extinguir cadeias inteiras de viventes.                Pois bem!                A intervenção exagerada dos humanos, que não param de se multiplicar e já chegaram a 8 bilhões de indivíduos, sobre os recursos naturais e o meio ambiente, tem rompido muitos fios da teia da vida.                Várias espécies vêm sendo extintas pela ação humana, e milhares estão hoje ameaçadas. Tanto no mundo vivo animal e vegetal quanto em todos outros reinos.                Na busca da produção da energia, fundamental para as peripécias humanas, há quase 200 anos descobriu-se o combustível fóssil, usado em larga e principal escala hoje, e extraído do seio da Terra.                Mal sabiam os incautos que a queima desse fóssil iria produzir resíduos gasosos, que acumulados como um cobertor ao redor do Planeta, causariam um efeito estufa, retendo o calor do Sol e aquecendo o ar, a água e a terra.                E mais: esse aquecimento mudaria o comportamento do clima, que rege toda a vida nesse planetinha, produzindo efeitos extremos temerários.                E assim estamos nós hoje em dia!                          Mal sabiam, ainda, os incautos humanos, que tais mudanças climáticas teriam o poder de alterar todo o ciclo da vida, com suas chuvas violentas, suas estiagens prolongadas, seu calor insuportável e seu frio extemporâneo.                O clima indignou-se e veio para cima de nós!                Nessa emergência climática, espécies vivas vão sendo ameaçadas e destruídas, na terra e mar. O urso polar e os corais são paradigmas.                Mas há um mundo minúsculo e desconhecido que surge com importância: os micro-organismos.                Nesse mundo invisível dos “micróbios” o clima também age.                Assim, as bactérias, protozoários, micro fungos, vírus e congêneres mexem-se na clandestinidade da vida, diante do aquecimento global.                Temos visto “o topo da cadeia”, os humanos, debaterem-se diante do adoecimento e da morte, pelo aumento exponencial de doenças infectocontagiosas, como a dengue, a varíola, as viroses respiratórias, as superbactérias comedoras de carne, e a rainha de todas, a Covid-19.                As vacinas e os antibióticos correm atrás do prejuízo.                Mas, pelo que parece, as mudanças climáticas e a devastação das fronteiras ambientais vão liberando micro-organismos conhecidos e desconhecidos que têm como alvo outros seres vivos. Vejam a virose que está dizimando as abelhas nos EUA. Esse é só mais um exemplo.                Mas, na verdade, o grande alvo desses “bichinhos” todos é a carne humana.                E, sinceramente, acho que estamos só no começo. GILBERTO NATALINI- Médico e Ambientalista

Carta aberta- Médicos pelo meio ambiente e pelo clima – APM

O aquecimento global e as mudanças climáticas são uma realidade presente, que afeta a saúde individual e coletiva de todos, causando adoecimento, agravamento de doenças e mortes. Os impactos na saúde envolvem os desastres naturais, as doenças relacionadas ao calor, as doenças infecciosas, a poluição e a qualidade do ar, a poluição dos oceanos pelos microplásticos, a poluição ambiental por resíduos sólidos, a segurança alimentar, a qualidade e escassez da água e a saúde mental. Cabe aos médicos e aos serviços de saúde, no fim das contas, atender e se encarregar das vítimas e das pessoas afetadas na forma de doenças causadas pelas emergências climáticas e pela degradação ambiental. Os médicos têm credibilidade, legitimidade e autoridade para falar sobre as consequências das alterações ambientais e climáticas sobre a saúde, esclarecendo as pessoas, esclarecendo a opinião pública, esclarecendo os agentes de saúde e propondo políticas de saúde públicas e privadas. Além do mais, o setor saúde, por si só, é um grande emissor de gases de efeito estufa, um grande consumidor de energia e produtor de lixo e como tal contribui para o aquecimento global. É um imperativo ético os médicos se envolverem na luta contra o aquecimento global, seja individualmente na sua prática clinica e profissional, seja nos hospitais e serviços médicos em que trabalham, seja coletivamente através das entidades representativas da classe médica e suas especialidades. Conclamamos a todos os médicos, às entidades de classe, às sociedades de especialidades médicas, aos representantes de hospitais públicos e privados e aos demais representantes do setor da saúde a participação nessa batalha. Vamos juntos cumprir nossa missão e nosso papel na preservação do meio ambiente, na luta contra as alterações climáticas e na preservação e prevenção da saúde individual e coletiva.

LIVRES DA POLARIZAÇÃO: agora é a hora.

O Brasil, por uma falha profunda de sua Democracia, afundou num mar de corrupção, de criminalidade, de recordes de desigualdade social, de desesperança popular. Isso ocasionou o surgimento de ideias e personagens que polarizaram o país de forma doentia. De um lado uma chamada “direita radical”, que flerta com a ditadura, que prega um moralismo e não pratica, que despreza o bem-estar social, a ciência, a verdade e corteja a barbárie. Seu ícone é Bolsonaro. De outro lado uma “esquerda deturpada”, que vive do discurso fácil, demagógico, fisiológico e banal, que também flerta com as autocracias do mundo, que pratica uma política social quase esmolar, que corrompe as instituições e as pessoas com dinheiro e cargos. Essa turma é liderada pelo Lula/PT. Os dois polos têm em comum a subserviência absoluta a um sistema financeiro que suga quase 50% de todo o orçamento público do Brasil, todo ano. Esses “polos ideológicos” se auto sustentam mutuamente, dividindo o país numa falsa polarização tóxica e nefasta, e não contribuem para resolver os reais e profundos problemas brasileiros. São duas faces de uma mesma moeda do sistema político e econômico que inferniza nossa democracia há décadas. Hoje vemos a maioria do nosso povo caindo na consciência realista de que essa polarização precisa ser rompida, com a construção de um caminho político dentro dos marcos democráticos, onde se busque o bom senso, a verdade, e a coragem. Uma via democrática e ética que coloque o Brasil no rumo certo. Bolsonaro e seu governo de barbárie está no banco dos réus, próximo da prisão. Lula, o PT e seus aliados estão nas cordas, com seu governo de populismo barato indo ladeira abaixo. Agora é a hora dos brasileiros se unirem para construir um programa político e um nome do centro democrático e ético, livre da polarização. Uma via que defenda a democracia, o desenvolvimento com preservação ambiental, equidade social e a moralidade pública. Somos capazes disso e a realidade nos desafia. Vamos à luta! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

DEIXEM A LEI CIDADE LIMPA EM PAZ

Dividimos as poluições na cidade, didaticamente, em 6: Poluição do ar, do solo, das águas, sonora, visual e climática. Em que pese todo o esforço que São Paulo tem feito para recuperar seu passivo ambiental e evitar novas degradações, a única poluição que sofreu um golpe mortal foi a visual. Os demais 5 passivos ambientais têm tido avanços, as vezes recuos no decorrer do tempo, embora o saldo seja positivo a favor do meio ambiente urbano. Não vou detalhar isso aqui. O divisor de águas do antes e depois na poluição visual foi a Lei 14.223 conhecida como Lei da Cidade Limpa, proposta e implementada pelo Prefeito Gilberto Kassab em 2007, com o apoio de todas as forças vivas da cidade. Quem não se lembra do cenário horrível dos outdoors em São Paulo, dos anúncios em luminosos exagerados, das placas de propaganda, faixas, cartazes e outros, que agrediam os olhos dos paulistanos afetando a saúde mental e a qualidade de vida? A lei veio para ficar e para dar um basta na poluição visual da Paulicéia. Essa foi uma grande iniciativa de política pública que deu certo por aqui. Pois bem! Agora, um “vereador iluminado”, descompromissado com a urbanidade, numa atitude sem noção e atabalhoada propôs o Projeto de Lei (PL) 239/23 que flexibiliza e fere de morte o cenário urbano com o desmonte da Lei da Cidade Limpa. O PL está tramitando na Câmara Municipal e, pasmem, já foi aprovado em primeira votação, com poucos votos contrários. Agora caminha para segunda e definitiva votação. Mário Covas dizia: “não há governo ruim para povo organizado”. Isso vale também para o parlamento paulistano. Portanto, está nas mãos das mesmas forças vivas, que efusivamente fizeram a Câmara aprovar a limpeza visual de São Paulo, mostrarem sua cara mobilizada e indignada para fazer os vereadores da cidade desistirem dessa aventura amalucada e nociva ao tentar poluir visualmente o ambiente urbano. Trata-se da mobilização social por uma causa ambiental, urbanística e de saúde pública. Trata-se do maior parlamento municipal do Brasil, se olhar no espelho e tomar rumo na vida. Trata-se de ganhar a luta entre o bom senso e o despautério. Portanto, repito: Deixem a Lei Cidade Limpa em paz! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista Valter Caldana- Arquiteto e Urbanista

AS ÁRVORES: mais que os cães, melhor amiga dos homens

Muito se diz que “os cães são os melhores amigos dos homens”. Nos dias de hoje isso ganhou uma proporção gigantesca, diante da solidão e do individualismo que invadiu nossas vidas. Os “pets” ganharam um protagonismo na existência dos humanos. Um enorme número de pessoas possuem “pets”, que são como parte da família, e esses seres ganharam um protagonismo peculiar na vida e no afeto das pessoas. Parece que a tendência disso é aumentar. Mas o mundo gira e a realidade se transforma. Os impactos dos fenômenos ambientais e climáticos sobre a humanidade são cada vez maiores e ameaçadores, haja vista a relação de espoliação predatória que temos com a mãe natureza, por tudo que destruímos e tiramos dela em termos de recursos naturais, e os resíduos e venenos que devolvemos, resultantes do nosso consumo, sob forma de lixo e gases de efeito estufa. Os fenômenos ambientais e climáticos resultantes da nossa relação doentia com o planeta avançam numa velocidade bem maior do que a capacidade de resiliência. Vemos isso todo dia. É aí que surgem esses seres majestosos, que existem por aqui muito antes de nós, e que foram vítimas durante milênios do nosso desprezo, de nossa destruição e exploração desenfreada. As árvores! Sim, nossas velhas conhecidas, as árvores! Depois de devastar trilhões desses majestosos seres, nós vamos caindo na real, que diante da ameaça concreta para a própria existência humana, a árvore vai se revelando o modo mais fácil, mais barato, mais tangível, mais necessário, para nos proteger dos fenômenos climáticos extremos. O Professor José Goldemberg disse que “as árvores são as melhores amigas dos humanos” nas circunstâncias atuais. A árvore certa, no lugar certo na hora certa! Esse é o meu lema e convido a ser o de todos. Uma árvore grande evapora 400 litros de vapor de água por dia (tão necessários para nossos pulmões); seu entorno absorve a água das chuvas torrenciais, infiltrando o lençol freático; sob sua sombra, a temperatura pode ser até 4ºC menos que o ambiente; as árvores abrigam pássaros e pequenos mamíferos, além de insetos, todos importantes na cadeia da biodiversidade; e as árvores dão vida à paisagens, com suas copas e suas flores, além é claro, das frutas. Assim, podemos reafirmar que plantar árvores, ainda é a forma mais fácil, mais barata, mais inteligente de diminuir a depredação da vida no Planeta. Plantemos!!! Plantemos muito!!! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista