Gilberto Natalini SP

O MUNDO GIRA!

               O mundo hoje vai se dividindo entre as democracias liberais e as autocracias. Estas se apresentam como regimes autoritários conservadores, chamados de “direita”, e autocracias populistas ditas de “esquerda”.                As democracias liberais mais tradicionais estão na Europa, em sua maioria na Zona do Euro. Também acontecem em países de outros continentes, como no Chile, no Uruguai, no Canadá, na Austrália, no Japão. Poderíamos dizer que estão em minoria hoje.                As autocracias e as ditaduras têm crescido ao redor do mundo, em graus e intensidades variadas. São implantadas por golpes políticos, armados ou não, e às vezes, pelo voto popular.                As autocracias conservadoras, ditas de “direita”, têm como exemplos a Rússia, a Turquia, a Hungria, El Salvador, a Indonésia, os países árabes do petróleo, e vários outros países da África. E, agora, estão a caminho os Estados Unidos da América, Israel, Argentina.                Os regimes autoritários, geralmente populistas ditos de “esquerda”, são a Nicarágua, a Venezuela, a Colômbia, a China, a Coreia do Norte, Cuba, várias ditaduras da África, entre outros.                O México, a Índia, o Brasil e a África do Sul são regimes eleitos pelo voto popular, com caráter populista e tendência à hegemonia.                O fato é que as chamadas democracias liberais estão em descenso no planeta, por não conseguirem dar respostas rápidas e concretas aos graves problemas da humanidade, como a desigualdade social crescente, com a consequente fome e a miséria, a criminalidade, a violência e a guerra, e a degradação ambiental, com a poluição que só aumenta e as catástrofes climáticas.                Dessa forma, a tal polarização tóxica e nefasta vai dividindo as pessoas e os países em dois campos que não correspondem à realidade e às necessidades da vida humana. São como realidades virtuais, criadas e incentivadas para desviar o foco das atenções políticas, econômicas e sociais dos graves e reais problemas, como a vergonhosa concentração de renda e a desastrosa dilapidação ambiental existente.                Esse quadro mundial avança e não tem sido fácil combatê-lo e modificá-lo.                O bom senso, a tolerância, a coexistência pacífica, as liberdades democráticas, o respeito pela divergência, o desenvolvimento econômico sustentável e mais equânime são necessidades urgentes da vida moderna.                Construir essa agenda humanista e justa é uma tarefa gigantesca que precisa ser enfrentada. Vamos ao bom combate! GILBERTO NATALINI- Médico e Ambientalista

DAS MUDANÇAS ÀS CATASTROFES CLIMÁTICAS              

O aquecimento global e os fenômenos climáticos extremos caminham rapidamente num ritmo maior do que a ciência havia previsto. A ciência acertou no diagnóstico mas errou no prognóstico. O que havia sido previsto em matéria de mudanças climáticas para o final deste século, está acontecendo agora com uma intensidade cada vez maior. As chuvas violentas, as longas estiagens, o calor extremo, o frio fora de época, as queimadas extensas, o degelo, as quebras de safra de alimentos, as doenças provocadas pelo clima, sejam infecciosas ou outras, estão cada vez mais presentes em nossas vidas. Hoje não existe nenhum canto do mundo que não tenha vivido ou esteja vivendo uma situação dessas. E o mais grave é que a velocidade com que os fenômenos extremos acontecem é muito maior do que a velocidade das ações humanas para conte-los. As emissões de gases de efeito estufa e a queima de combustíveis fosseis aumentaram no mundo nos últimos anos. Isso é muito grave. Os funcionários públicos federais, estaduais e municipais do Estado de São Paulo não estão fora desse cenário. Seja como vítimas do nervosismo do clima, seja como agentes importantes de transformação dessa realidade. Como indivíduos, cidadãos, munícipes, ou como coletivo profissional pelo seu tamanho, por suas posições estratégicas e sua importância na sociedade. Nós funcionários públicos temos um papel importante na proteção, prevenção, combate, recuperação de todas as agressões ocorridas contra o meio ambiente. Assim, desde uma ação individual, como separar nosso lixo, consumo consciente, economia de água e energia, uso de um combustível mais limpo, plantar e proteger as árvores, educar nossos filhos, famílias e amigos, até no exercício de nossas profissões, na saúde, segurança, educação, transporte, fiscalização, planejamento de políticas públicas, entre outras, nós, funcionários públicos no Estado de São Paulo, jogamos um papel estratégico no caminho de uma sociedade paulista mais sustentável e solidária. A AFPESP, como sempre toma a responsabilidade e a liderança de promover, estimular, praticar as propostas e as ações para que isso aconteça. Vamos juntos nessa nobre e necessária tarefa. Gilberto Natalini- Coordenador de Meio Ambiente da AFPESP

SAI DESSA, BRASIL!!!

Houve sim uma tentativa do Bolsonaro de dar um golpe para impedir a posse do Lula. Tentou de todas as formas, tentando desmoralizar as urnas, desqualificar as eleições, promover um estado de caos com violência de seus seguidores às instituições da república, e editar atos e decretos de exceção. O golpe só não se concretizou porque dois dos três chefes militares recusaram-se a mobilizar suas tropas. Como o golpe flopou, Bolsonaro ficou, junto com sua trupe, um alvo das quatro linhas da Constituição. Merece ser julgado, condenado e preso por sua aventura de aprendiz de ditador. Bolsonaro e seguidores são a cara da barbárie. Lula tomou posse, como devia ser, e vai fazendo um governo sofrível. Ainda não desceu do palanque, governa no gogó. Tem um Congresso hostil à sua gestão e mais da metade do povo o desaprova. Faz gestos de ajuda aos mais pobres com distribuição de benefícios sociais, o que lhe dá uma base de apoio, principalmente no Nordeste. Seu erro grave é se alinhar com ditadores e autocratas pelo mundo afora, como Maduro, o Aiatolá, Kim, Putin, Ortega, Xi, e que tais. Prefere andar com essa gente do com as democracias liberais da Europa. Lula e Bolsonaro alimentam a polarização tóxica e nefasta que infecta a política brasileira. Um precisa do outro para sobreviver em seus populismos de “esquerda” e “direita” (entre aspas mesmo). Do ponto de vista da moralidade pública, os dois devem muito na praça. O mensalão, o petrolão, o emendão, o rachadão, as jóias, os imóveis, o INSS, e outras pérolas da corrupção permeiam a política brasileira. Agora temos o fator Trump. Esse é um bilionário aloprado que não rasga dinheiro, com um histórico cavernoso no campo ético e moral. No governo americano, Trump vai ameaçando o mundo, e agride as liberdades democráticas nos EUA. A última atitude dele contra o Brasil, pautado pelo clã Bolsonaro, serviu para dar discurso ao Lula e melhorar sua posição nas pesquisas. Nós brasileiros, em sua maioria, queremos sair dessa situação de polarização pernóstica, desse populismo medíocre, desse alinhamento com a autocracia internacional, Buscar a construção do centro político democrático e ético é o grande desafio que se coloca para as forças do bom senso no país. Não há tempo a perder! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Do descarte ao reaproveitamento: bens patrimoniais

Em diversas ocasiões, podemos encontrar artigos voltados à gestão de resíduos sólidos em instituições públicas e privadas. Ainda assim, é de suma importância discorrer sobre um aspecto não comumente abordado: o descarte e a destinação de equipamentos eletrônicos e bens patrimoniais provenientes de ambientes corporativos. Esta tipologia de resíduos, diferente dos resíduos domiciliares comuns ou recicláveis, podem incluir componentes perigosos em sua composição, como metais pesados e/ou apresentar tamanhos muito superiores, exigindo maior responsabilidade administrativa para a sua correta destinação. No Brasil, a gestão destes itens está legalmente fundamentada na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010, que estabelece as diretrizes para o gerenciamento de resíduos sólidos em todas as esferas administrativas. Adicionalmente, o estado de São Paulo já avançava com esta temática à época, por meio da Lei Estadual nº 13.576/2009, que normatizou o gerenciamento e destinação final de lixo eletrônico. Essas legislações impulsionaram tanto o setor público quanto o privado a estruturar programas e sistemas voltados à gestão de bens patrimoniais, com foco na rastreabilidade, reutilização, descarte e, quando possível, doação ou venda. No setor público federal, diversos programas foram elaborados a fim de atuarem no controle patrimonial e no consequente manejo sustentável de bens patrimoniais, com destaque para: o SIADS (Sistema Integrado de Administração Patrimonial), que permite o controle dos bens móveis da administração direta, autarquias e fundações, e o Portal Doações.gov.br, que facilita a doação de bens inservíveis entre instituições públicas e, em alguns casos, para entidades da sociedade civil. Além dos esforços públicos, empresas especializadas oferecem outras ferramentas para auxiliar na gestão de patrimônio institucional, que permitem desde o controle de inventário até a depreciação e baixa de bens. Na AFPESP, o controle e a destinação de bens inservíveis são conduzidos pela equipe de Patrimônio dentro de um fluxo técnico e criterioso. O processo inicia-se com a solicitação de baixa e segue para validação da destinação por uma Comissão Técnica formada pelo gestor responsável pelo bem, um conselheiro e um representante da Coordenadoria de Patrimônio. Essa equipe tem a função de validar os bens relacionados e definir sua destinação, que pode ocorrer de forma presencial ou virtual. Na sequência, toda a documentação é elaborada, incluindo Relatório de Validação e Atas de Destinação. Os bens que ainda apresentam condições de uso são destinados à doação para instituições de caridade, fortalecendo parcerias sociais. Já aqueles que não possuem utilidade funcional, mas mantêm valor material, são encaminhados para venda como sucata excedente, o que é essencial para a redução de desperdício. Por fim, são descartados os bens para os quais não se identificam quaisquer viabilidades, logicamente respeitando o que diz a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Para se ter uma ideia de toda a logística e do trabalho por trás dessa operação, somente em 2024, a associação doou 611 itens, vendeu 1.691 e descartou apenas 189 (8% do total), o que mais uma vez reforça o compromisso da AFPESP com a responsabilidade socioambiental e a gestão sustentável de seus bens patrimoniais. Tal logística permite que a AFPESP realize o descarte destes materiais, alinhando responsabilidade ambiental, eficiência administrativa e compromisso social, além de garantir a rastreabilidade de todo o processo. O foco está sempre em assegurar que cada item tenha um destino coerente com sua condição, respeitando, além da legislação, os valores institucionais da associação. Conclui-se que a crescente atenção à destinação de equipamentos eletrônicos e bens patrimoniais representa um amadurecimento das instituições frente à sustentabilidade e à boa governança. O exemplo da AFPESP, somado aos programas públicos e privados existentes no Brasil, mostra que é possível estruturar processos transparentes, funcionais e comprometidos com o meio ambiente e a sociedade. Cabe às organizações, públicas ou privadas, reconhecer o valor estratégico da gestão de resíduos e implementar sistemas que promovam não apenas o descarte conforme determina a legislação, mas o aproveitamento inteligente dos recursos que já possuem. Gilberto Natalini e Marcia Fernanda Santos

PARQUE QUE TE QUERO PARQUE

Os parques urbanos são tudo de bom. Em cidades, onde a ocupação do solo é centímetro por centímetro, principalmente nas grandes metrópoles, preservar espaços livres com cobertura verde, áreas permeáveis, fauna, nascentes, lagos e outras paisagens naturais, como os parques públicos, é uma reserva de natureza e de vida, que tem um papel fundamental na construção de comunidade saudável e sustentável. Em 2004, São Paulo tinha 34 parques municipais. Pelo tamanho da cidade era um número modesto e insuficiente. A partir de 2005, Eduardo Jorge esteve como Secretário do Verde e Meio Ambiente, permanecendo lá por 8 anos nas gestões dos prefeitos Serra e Kassab. Nessa ocasião foi estabelecida a meta de entregar a cidade em 2012 com 100 parques. E assim foi feito. Eu estava no mandato na Câmara Municipal e participei ativamente desse processo, defendendo verbas no orçamento, levando reivindicações de vários grupos das comunidades dos bairros, e propondo, por meio de projetos de lei autorizativos, a criação de novos parques. Assim surgiram, em 8 anos, mais 66 novos parques entre 2005 e 2012, muitos deles em locais mais periféricos e carentes de áreas verdes. Também nesse período foram plantadas 1,6 milhões de árvores nativas, cerca de 200 mil por ano. Foi uma época profícua na área ambiental, complementada por projetos importantes como o córrego limpo, a defesa das águas, a ecofrota, a inspeção veicular, e muitos outros. Em 2013, assumiu outro prefeito, e muitos desses projetos ambientais foram interrompidos pela gestão municipal. De 2013 a 2016 foram criados apenas 3 parques, que já vinham encaminhados pela gestão anterior. A ecofrota foi interrompida, assim como a inspeção veicular. O programa córrego limpo e a defesa das águas quase desapareceram. Em 2017, assumi a Secretaria do Verde na gestão do João Dória. Fiquei lá por 7 meses, e nesse período conseguimos plantar 60 mil árvores, retomamos a operação defesa das águas, criamos 3 parques em 6 meses, bem como atuamos para moralizar o licenciamento ambiental. Sai da gestão por grande divergência com o prefeito. Hoje São Paulo tem 120 parques, e até 2028 deverá chegar a 130 parques. O atual Prefeito Ricardo Nunes acaba de decretar a desapropriação do antigo Clube Banespa, para transformá-lo em parque, uma antiga reivindicação nossa na Zona Sul. Uma medida elogiável. Por outro lado, o Prefeito também decidiu desapropriar 32  áreas de mata nativa, num total de 150 milhões de m², para transformá-las em parques municipais. Isso também é um fato excepcional. Em meu dossiê da Devastação da Mata Atlântica nos Mananciais, denunciamos a derrubada de 1,6 milhão de árvores pelo crime organizado e indicamos a necessidade da prefeitura assumir essas áreas de matas para preservá-los o que agora vem sendo feito pelo Ricardo Nunes. São Paulo tem um grande passivo ambiental nos seus 471 anos de existência. Mas há um esforço público e privado para recuperar e proteger o meio ambiente nos últimos tempos. O que tem vindo na contramão desse esforço é o resultado do Plano Diretor, que foi muito permissivo com a verticalização exagerada dos bairros de São Paulo. Todo esforço deve ser feito para regular essa verticalização dentro de parâmetros que respeitem os limites razoáveis de urbanismo e sustentabilidade. Essa é a luta do momento. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Panorama Sustentável AFPESP

No Panorama Sustentável, você acompanha a evolução da gestão ambiental implementada pela AFPESP em suas unidades. Além de manter campanhas contínuas de conscientização e garantir o cumprimento rigoroso da legislação ambiental vigente, a associação amplia suas ações estratégicas rumo à agenda climática global. Nossos próximos passos incluem a participação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025 — um marco no compromisso da AFPESP com a sustentabilidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Leia o panorama no link abaixo. https://www.afpesp.org.br/sede-social/meio-ambiente/panorama-sustentavel

O PCC NA FARIA LIMA

Lembro bem quando me formei e fomos atender o povo da periferia em nosso voluntariado médico, em meados da década de 70, andávamos nas ruas, nos bairros, nas favelas e o máximo de crime que víamos era um furto, uma briga de boteco ou de família. A violência era mínima. Hoje na periferia de São Paulo, um “salve” do PCC, fecha o comércio, esvazia as ruas, assusta todo o povo. O crime organizado reina entre nós! O PCC nasceu na década de 80 dentro dos presídios. Saiu dali, ganhou as ruas, os bairros, as cidades, o país. Dizem que é a oitava máfia do mundo e está em quase trinta países. Seu ramo de negócios original foi o tráfico de drogas, que cresceu, expandiu-se, agigantou-se, e diversificou-se em dezenas de atividades econômicas lícitas e ilícitas. Hoje movimentam muitos bilhões de reais. Começaram como um pequeno grupo, e se expandiram para uma grande rede de “células” de membros pelo Brasil afora. Também vimos multiplicarem-se organizações congêneres, adversárias ou não, que inflaram a presença do crime organizado no Brasil. São centenas de siglas, divisões e subdivisões, que compõem o tecido tumoral do crime na sociedade brasileira. Usaram duas táticas das organizações políticas: “ as células de militantes” e o “entrismo”. Dessa forma adentraram em todas as instituições públicas e privadas do Brasil. Estão nos três níveis de governo, federal, estadual e municipal, nos três níveis dos parlamentos e no judiciário. Também lançaram suas metástases na sociedade civil, infiltrando-se nos sindicatos, nos partidos políticos, nas associações de bairros, nos clubes esportivos, nas instituições religiosas, nos órgãos de imprensa e nas universidades. Esse é um fato comprovado. Mas não pararam por aí! Na diversificação dos seus “negócios”, o crime organizado expandiu-se do tráfico de drogas e armas para o mundo do setor produtivo. Investiram em redes de farmácia, postos de gasolina, padarias, madeireiras, garimpo, fábricas, empresas de serviço e agropecuária. O ramo imobiliário não foi poupado. Assim, na década passada, o PCC foi comprando ou tomando áreas de mata nativa nas margens das represas Billings e Guarapiranga, as caixas d’água da cidade de São Paulo, assorearam milhares de nascentes, derrubaram 1,6 milhão de árvores, produziram cerca de cinquenta mil lotes e começaram a construir “condomínios” nos locais. Isso lhes renderia dois bilhões de reais. Nessa ocasião eu produzi o “O Dossiê da Devastação da Mata Atlântica em São Paulo”, denunciando o crime e cobrando das autoridades constituídas as medidas para barrar essa barbárie. Sofri 14 ameaças de morte, mas conseguimos diminuir muito a devastação. Por fim, agora foi noticiado a presença do PCC na Faria Lima, com negócios bilionários no mercado financeiro. A movimentação do dinheiro do crime organizado chega a 140 bilhões. Há dias, saiu uma pesquisa dizendo que 27% do nosso povo vive sob comando direto das quadrilhas nas comunidades mais pobres. Mas, por tudo que sabemos e vivemos, a realidade mostra que o crime organizado é muito mais poderoso do que se divulga. Nosso país vai sendo sequestrado pela força financeira e armada da criminalidade. Portanto, além da vergonhosa desigualdade social que temos, além da predação ambiental e climática existente, convivemos também com uma pandemia de corrupção e com a mão de ferro das quadrilhas do crime organizado. Somos um país rico em recursos naturais, que tem um povo sensível e trabalhador, uma intelectualidade e uma criação artística respeitadas no mundo inteiro, uma economia forte e uma democracia que busca se consolidar. Há que se construir um mutirão nacional que separe o joio do trigo, e combata a criminalidade e violência, devolvendo o Brasil para as mãos da legalidade, da moralidade e da ética. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

REDES SOCIAIS, PELO BEM OU PELO MAL!

Eu não conhecia o Felca. Talvez por uma falha minha. De repente, ele denuncia e destrói uma rede de perversão contra crianças e adolescentes, que agia debaixo do nariz da sociedade e do governo brasileiro, e criou um debate nacional. Um “influencer” que usava os menores de idade para ganhar dinheiro, gerando “likes” nas redes sociais com a exposição de crianças e adolescentes a adultização, abusos e exploração sexual. A perversão nas redes sociais da internet é enorme. Assim como os crimes financeiros, e todo tipo de golpes e espertezas. Parte da internet transformou-se em terra de ninguém, ou melhor, em terra de pessoas de caráter e conduta reprováveis. É como se, de repente, o lado ruim dos humanos achasse uma corrente de vento que o transportasse para todos os cantos da terra, e para dentro das mentes alheias. As tecnologias quando surgem sempre revelam a dualidade de nossa espécie, em sua eterna e canônica luta entre o bem e o mal. Por exemplo, foi assim com a pólvora, a aviação, a energia nuclear, os compostos químicos, e agora com o mundo digital. Mas, nunca vimos uma potencialização tão grande de uma inovação tecnológica, como a internet, com as redes sociais e a inteligência artificial. Parece que se soltaram todos os anjos e demônios existentes dentro das pessoas que viajam pelos computadores e celulares numa velocidade e intensidade assustadoras. A pedofilia é uma perversão sexual extremamente cruel, pois a vítima é indefesa e incapaz até de entender sua condição de vítima. A denúncia do Felca levantou a coberta de uma situação muito comum, que todos sabem que existe e que se repete todos os dias, potencializado pelas redes sociais. Ao lado disso, vemos crescer também o culto da ideologia do ódio, do preconceito, da homofobia, do racismo, da misoginia, levados também pelas “asas” das redes sociais. Portanto, assim como foi feito com a imprensa, o rádio, a televisão e outros meios de comunicação, também é preciso achar os meios de proteger a sociedade dos desatinos das fake news e da barbárie. Também cabem aos pais, às famílias e a todos nós, defender nossas crianças desses riscos, orientando-as, criando os meios de privá-los dos ataques nocivos dessa prática das redes sociais. É evidente que isso deve ser feito em conformidade com o direito de expressão e a liberdade de manifestação. Esse equilíbrio é complexo e difícil de se estipular, mas é extremamente necessário. E é claro, todos os casos de pedofilia e outros crimes e opressões devem ser prevenidos, investigados e punidos severamente. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

CANGAIBA: 50 ANOS CUIDANDO DE GENTE

Nosso voluntariado médico no Cangaiba faz 50 anos de atendimento ininterrupto. Iniciou-se em 1975 e atende até hoje no ambulatório da Igreja Bom Jesus. Não é um trabalho religioso, é uma atuação humanista, que já tratou cerca de 150 mil pessoas, encaminhou milhares para atendimentos especializados e realizou quase 3 mil cirurgias no local. A partir das consultas e da farmácia realizamos um trabalho de educação popular, mobilização e organização das comunidades em favor de melhor qualidade de vida e saúde. Muitas melhorias foram conquistadas. No decorrer dessas 5 décadas realizamos inúmeras reuniões, palestras, cursos, assembleias e outras atividades coletivas. Produzimos milhares de folhetos, jornais, audiovisuais, filmes, matérias de imprensa, de redes sociais, como ferramentas de educação para a cidadania. Participamos de todas as lutas democráticas do povo brasileiro. Esse trabalho começou com um grupo de 14 médicos e estudantes da Escola Paulista de Medicina – EPM, e hoje lá estão Gilberto Natalini, Henrique Francé e Nacime Mansur, desde o início. Atualmente contamos também com Dra. Gênova, Dra. Jenny, e Dra. Maria do Céu. A farmacêutica Erika e os voluntários leigos Edemir “Coração”, Amaury, Neusa, Ulisses, Marli, estão ali, entre dezenas de outros que por lá passaram. É preciso citar o Padre Luís e muitos amigos da comunidade que nos ajudam. A Associação Popular de Saúde – APS fundada em 1979, é a entidade civil que além do ambulatório administra em convênio um Bom Prato e duas creches.  No caminho do cinquentenário haverá uma solenidade na Câmara Municipal/SP em 15/10/25 as 19 horas e uma missa solene em 13/12 /25 as 19 horas na Igreja do Cangaiba, presidida pelo cardeal D. Odilo Scherer. A sede da APS fica na Rua Domingos de Lucca, 108 e o Ambulatório na Rua Jacira Artacho, 47 (altura do 2.400 da Av. Cangaiba). Temos o livro “Médicos do Cangaiba – Viver é Gostar de Gente”, de Judith Patarra, que conta essa longeva e generosa atividade (online no natalini.com.br) Convidamos você a participar e divulgar a comemoração desse voluntariado médico que atua há meio século e que pretende continuar pelo tempo que for possível. “Viver é Gostar de Gente”. Gilberto Natalini Henrique Francé Nacime Mansur Contatos: (11) 2682.2017 Email: associação.aps@gmail.com Site: www.apsprojetossociais.com.br

A BUSCA DO CENTRO DEMOCRÁTICO E ÉTICO

O Brasil de um tempo para cá está passando por uma péssima fase na política. As forças democráticas que se uniram para derrotar o regime militar pulverizaram-se, perderam o foco e o compromisso republicano. A atividade política se vulgarizou e o poder do dinheiro infiltrou as instituições de forma a transformar os interesses públicos em ações lucrativas. Os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, assim como os partidos políticos e muitas instituições da sociedade civil transformaram-se em balcões de negócios, produzindo verdadeiras máquinas de corrupção, cada vez mais institucionalizadas. As ideologias deram lugar às negociatas, e a atividade pública e privada tornaram-se um toma lá dá cá onde o que menos importa é o interesse coletivo do país. Direita e esquerda ficaram no passado. As atividades políticas hoje se dão em torno de tratativas pecuniárias. Surge então, como cortina de fumaça diante da roubalheira a chamada polarização, que dividiu o Brasil em dois. Essa polarização é um fenômeno global, existente em vários países, mas no Brasil tomou rumos inusitados, formando dois blocos em torno de duas figuras caricatas. De um lado, na chamada “esquerda”, está o Lula e o PT, de longa trajetória na política brasileira, com passagem por vários episódios de atentado à ética e a moralidade pública, como o Mensalão e o Petrolão, e outros de menor monta, mas não menos importantes. O PT e seu líder, que surgiram e cresceram como guardiões da ética e da justiça social, atolaram-se em escândalos grotescos de corrupção e desmandos. Do outro lado, na chamada “direita”, surge e cresce a figura de Bolsonaro, um capitão que foi excluído do exército por insubordinação e planos terroristas, que avançou na política com apoio de figuras duvidosas nas comunidades do Rio de Janeiro, que defende a Ditadura Militar, e tem como ídolo o Coronel Ustra, um torturador e assassino cruel. Seu governo tangeu a mediocridade, consolidou o escândalo do Emendão, conduziu de forma criminosa o evento da pandemia, “passou a boiada” na área ambiental, entre outros desmandos.  Hoje, esses dois ídolos brasileiros, para se manterem de pé precisam um do outro, e alimentam essa polarização tóxica e nefasta que infecta a nossa política. Mas, podemos dizer que a maioria do povo já se enojou dessa situação, e defende a democracia que possa caminhar para um Centro Democrático e Ético, que tire o país dessa situação e o conduza para um cenário mais promissor. O grande desafio é unir as forças, as instituições e as pessoas que buscam esse caminho. Isto não tem sido fácil, mas é extremamente necessário! Esse é o nosso desafio! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista