Gilberto Natalini SP

Manifestação contrária à aprovação do Projeto de lei nº 2159/2021

                                                                                                           São Paulo, 22 de maio de 2025. A AFPESP vem a público manifestar a sua preocupação e discordância em relação à aprovação do Projeto de Lei nº 2159/2021, o então chamado “PL da Devastação”. O texto aprovado no Senado Federal propõe alterações significativas nas regras do licenciamento ambiental no Brasil, enfraquecendo sobremaneira procedimentos que são essenciais para a análise e controle de impactos socioambientais. Entendemos que o desenvolvimento econômico deve caminhar lado a lado com a conservação ambiental, e que o licenciamento ambiental é um instrumento técnico, legítimo e necessário para garantir que obras e empreendimentos sejam planejados de forma responsável e sustentável. Neste sentido, apelamos aos Srs. parlamentares e demais autoridades competentes que reconsiderem o avanço do referido projeto, abrindo espaço para um debate mais aprofundado e transparente com a sociedade, a academia, os órgãos técnicos e o setor produtivo comprometido com a sustentabilidade, buscando assim, o melhor caminho para o desenvolvimento sustentável do Brasil. ARTUR MARQUES DA SILVA FILHO Presidente AFPESP GILBERTO TANOS NATALINI Coordenador de Meio Ambiente AFPESP

FILHOS DE PLÁSTICO!

Tenho dito que a humanidade está sofrendo o maior stress de sua história. Venho repetindo isso com convicção, pelo conjunto de sinais e sintomas que observamos no comportamento das pessoas: a violência que explode, as narrativas mentirosas, as fakenews, o aumento grande do número de depressivos e de suicídios, o individualismo crescente, a ganância sem limites, a espiritualidade mercenária, o consumo exagerado e perdulário e as guerras genocidas. Esses são alguns dos sintomas que já existem entre nós, mas que cresceram exponencialmente nos últimos tempos. Não vou tratar deles aqui com detalhes, pois precisaria falar das trapalhadas políticas, da crescente e vergonhosa desigualdade social, da degradação irresponsável do meio ambiente e da crise moral e ética que atravessa o Planeta e em particular o Brasil, com uma pandemia de criminalidade e corrupção. Mas, quero falar especificamente de um comportamento que aflorou agora, e que seria cômico, se não fosse patético. Claro que conhecemos a prática milenar do convívio entre os humanos e os animais. Mas esses são seres vivos, que retribuem afeto e serviços, e são companhia de vida de muita gente. Embora, também nesse caso haja cada vez mais exageros, onde os animais de estimação tomam o lugar da família distante ou ausente, e vemos uma pessoa ter mais amor por um pet do que por um filho. Isso existe. Mas o fenômeno do momento, me parece assustador. Filhos, pais, irmãos, parentes, amigos, vem sendo substituídos pelos chamados bebês reborn, os humanoides de silicone/plástico e inertes, frios e sem sentimentos que são adotados por homens e mulheres em todos os cantos. Nós sabemos que a convivência lúdica com bonecas, são praticadas há muito tempo por crianças e adultos. Há pessoas que têm coleções de bonecas como hobby, assim como meninos e homens têm a mesma prática lúdica com carrinhos e super-heróis. Porém, o que está acontecendo agora é muito diferente. Impulsionados por uma carência existencial, por desarranjos familiares e pela rede social, muitas pessoas transferiram seu afeto para humanoides de silicone ou borracha, e os tratam como entes queridíssimos, a ponto de querer levá-los aos serviços de saúde, ou exibi-los como seres vivos queridos. É claro que (sempre) existem os aproveitadores, que valendo-se da estranha onda, se jogam nas redes sociais e até em disputas judiciais em torno dos “filhos de silicone/plástico”, Um realismo fantástico e amalucado. Quando uma criança brincava com uma boneca ou um boneco, estava substituindo um filho ou um amigo/herói nas suas fantasias infantis. Mas quando um adulto compra um bebe reborn, leva pra casa, dedica-lhe afeto e bens materiais e agora exige que os serviços de saúde os atendam quando “ficam doentes”, estamos tratando de um novo capítulo da psiquiatria social, que ainda está estupefata com o fenômeno. Já não me espanto com mais nada olhando a humanidade e suas peripécias boas ou terríveis. Só sei que o stress humano é enorme e criativo. Seja para o bem ou para o mal. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Saúde e sustentabilidade: a interdependência entre meio ambiente e bem-estar coletivo

Historicamente, a humanidade tem se posicionado como uma entidade separada e dominante sobre a natureza, explorando seus recursos de forma intensiva. No entanto, essa perspectiva tem levado a desequilíbrios ecológicos significativos, o que nos obriga a reconhecer que somos parte integrante do meio ambiente e que a nossa saúde e bem-estar estão intrinsecamente relacionados à manutenção dos ecossistemas. As mudanças antrópicas têm intensificado a ocorrência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, enchentes e secas, que impactam diretamente a saúde da população. Estudos indicam que 58% das doenças infecciosas conhecidas são agravadas por eventos climáticos extremos, devido ao aumento da proliferação de vetores e à contaminação de recursos hídricos. No Brasil, entre 2020 e 2023, o número de pessoas adoecidas devido a desastres naturais e eventos extremos aumentou de 54 mil para 157 mil, evidenciando a crescente vulnerabilidade da população. Adicionalmente, em 2022, a OMS estimou que mais de 13 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano são resultado de causas ambientais evitáveis. Essa constatação permite concluir que um meio ambiente enfermo é muito prejudicial à saúde do ser humano, razão pela qual, é necessário maximizar os esforços, a fim de preservá-lo e mantê-lo em boas condições. Pelo constatado, podemos observar como a diligência ou a negligência com o meio ambiente podem afetar diretamente a saúde humana. Diversas doenças e comorbidades que os profissionais da área da saúde referem podem estar relacionadas à degradação ambiental, tais como: doenças respiratórias, infecciosas e gastrointestinais. Diante dessa constatação, como devemos enfrentar e integrar saúde e meio ambiente? Neste sentido, o funcionalismo público desempenha um papel fundamental na implementação e execução de políticas que integram saúde e sustentabilidade. Profissionais de diversas áreas, como saúde, meio ambiente e defesa civil, são essenciais na elaboração de estratégias de prevenção, na resposta a emergências e na educação da população sobre práticas sustentáveis. Um exemplo disto, é o Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080/1990, sendo um marco na promoção da saúde pública no Brasil. Essa legislação reconhece que a saúde é influenciada por diversos fatores determinantes e condicionantes, que incluem: alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, atividade física, transporte, lazer e acesso aos serviços essenciais. Essa abordagem ressalta a importância de políticas públicas intersetoriais que integram saúde e sustentabilidade. Já o programa “São Paulo Sempre Alerta”, uma iniciativa em nível estadual, visa articular ações intersetoriais para fortalecer a infraestrutura preventiva e a segurança da população. A Secretaria de Estado da Saúde capacita equipes para lidar com os efeitos desses eventos, prevenindo surtos de doenças e garantindo o abastecimento de insumos essenciais. Investir em infraestrutura sustentável – como o saneamento básico – também é uma estratégia eficaz para a promoção da saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 20144), para cada dólar investido em saneamento básico, economiza-se US$ 4,30 em custos com saúde. A relação entre saúde e meio ambiente exige uma abordagem integrada e sustentável nas políticas públicas. O fortalecimento do SUS, aliado a investimentos em infraestrutura sustentável e à atuação proativa do funcionalismo público, é vital para mitigar os impactos dos eventos climáticos extremos na saúde humana. A adoção de práticas sustentáveis e a promoção da equidade social são caminhos essenciais para garantir a resiliência das comunidades frente às mudanças climáticas e para assegurar a saúde e o bem-estar das futuras gerações. Portanto, cabe a nós decidir racionalmente o que é melhor. Enfrentar as nefastas consequências de nossas escolhas equivocadas até este momento, inclusive para as gerações futuras, ou assumir a responsabilidade que nos cabe para garantir um meio ambiente saudável e, por conseguinte, mitigar os riscos para a saúde humana? Por Gilberto Natalini e Ulysses Francisco Buono

Alterações climáticas e seus impactos no Brasil: desafios e soluções

As temperaturas elevadas registradas recentemente em diversas regiões do país ilustram a gravidade da situação: no Rio de Janeiro, os termômetros atingiram 44°C; no Rio Grande do Sul, marcas similares foram observadas; e na cidade de São Paulo, as temperaturas chegaram a 40°C. As ondas de calor são fenômenos atmosféricos caracterizados por períodos prolongados de temperaturas anormalmente elevadas, podendo provocar graves consequências para a saúde humana, especialmente entre populações vulneráveis, como idosos e crianças. A exposição contínua da população ao calor extremo pode causar desidratação, insolação, agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias, além de aumento na taxa de mortalidade relacionada ao clima. É importante lembrarmos que o impacto das temperaturas extremas também se estende ao setor público. Servidores enfrentam dificuldades tanto em seus locais de trabalho quanto em deslocamentos e residências, muitas vezes sem infraestrutura adequada para mitigar os efeitos do calor. Segundo o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC de 2022, um aquecimento de 1,5ºC exporia cerca de 350 milhões de pessoas no mundo à escassez de água devido a secas severas. Se o aquecimento chegasse a 2ºC, esse número subiria para 420 milhões. Em um cenário mais extremo, de 3ºC a 4ºC, países como Itália, Espanha e Grécia passariam a ter clima desértico. Com aquecimento de 5ºC a 6ºC, a frequência e a intensidade de furacões aumentariam em 37%, e a cobertura de gelo se reduziria em 75%. A comunidade científica tem alertado há décadas sobre esses impactos, mas a resposta global ainda é insuficiente. O cenário é preocupante. Considerando tais cenários, é necessária a adoção de medidas individuais para se proteger das ondas de calor, como a hidratação frequente, a redução da exposição ao sol em horários de pico, o uso de vestimentas leves e ambientes climatizados sempre que possível. Já com a queda de temperaturas, também é preciso lembrar de manter o organismo hidratado, sendo que adultos precisam ingerir cerca de 2 litros de água por dia; além de evitar banhos muito quentes, manter o uso de protetor solar e evitar ficar em ambientes sem circulação de ar para minimizar quadros alérgicos, por exemplo. No entanto, como nem toda a população tem acesso a essas condições, é fundamental que políticas de adaptação e mitigação sejam adotadas para minimizar os danos causados por eventos climáticos extremos e cada vez mais constantes. Nesse contexto, acordos internacionais, como o Acordo de Paris, desempenham um papel fundamental na definição de metas para a redução de emissões de gases de efeito estufa e no incentivo à transição para uma economia de baixo carbono. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), prevista para ocorrer no Brasil em 2025, será uma oportunidade crucial para que os países reforcem seus compromissos climáticos e avancem na implementação de estratégias globais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. O setor da saúde, por exemplo, necessita de maior preparo para lidar com os impactos do calor extremo. Hospitais e unidades de pronto atendimento precisam estar equipados para tratar complicações decorrentes das altas temperaturas. Além disso, estratégias de urbanização sustentável, como aumento da cobertura vegetal nas cidades, criação de espaços de sombra e melhoria da ventilação urbana, podem contribuir para a redução do estresse térmico. O investimento em energias renováveis, a redução da emissão de gases de efeito estufa e a implementação de políticas ambientais rigorosas também são passos fundamentais no controle das alterações climáticas. Somado a isso, iniciativas como reflorestamento, conservação de biomas e incentivo a práticas agrícolas sustentáveis podem contribuir para reduzir as emissões e os consequentes impactos a longo prazo. Dentro do cenário atual, observa-se que a velocidade com a qual os eventos climáticos extremos se intensificam supera as ações de mitigação e adaptação implementadas até o momento, sendo necessário ampliar os esforços para combater as causas e consequências do aquecimento global antes que seus efeitos se tornem irreversíveis. Todos pelo clima!

PARA ONDE VAI A COP-30?

As duas últimas COPs aconteceram em países produtores de petróleo.Assim, os resultados desses encontros foram bastantes frustrantes, pois os presidentes das COPs eram executivos das empresas petrolíferas e obstruíram as propostas mais relevantes e necessárias.A velocidade e agressividade das mudanças climáticas tem sido muito mais rápida do que a capacidade de ação dos governos.Portanto, a humanidade está exposta e ameaçada pelos fenômenos climáticos extremos que colocam em risco a própria vida no planeta.Infelizmente os resultados práticos das COPs são insuficientes para a governança climática global.Em novembro deste ano, teremos no Brasil a COP-30 em Belém do Pará, que está sendo chamada a COP da floresta.Muitas expectativas, esperanças e dúvidas estão sendo colocadas nesse encontro climático.Ainda não sabemos o que vai acontecer, mas já vemos as dificuldades técnicas e estruturais de recebermos a COP-30.A cidade de Belém não estava preparada para um evento de tamanha envergadura.A correria nas obras de infraestrutura e acolhimento aos participantes é grande, e vão desde o saneamento básico até o alojamento de milhares de pessoas que estarão lá.Além disso, a premência da situação carrega de expectativas nos resultados práticos do encontro, no que diz respeito às respostas sobre financiamento, tecnologia e políticas públicas, práticas e conceitos que ainda não foram implementadas.O mundo inteiro, o Brasil e nós todos estamos colocando esperança na COP-30.Não sabemos como serão suas conclusões práticas. Se vamos dar um salto para frente ou se vamos marcar passo.Mas, estamos batalhando para ganhar grande número de pessoas para juntos chegarmos na COP-30 e trabalhar dentro do evento apresentando uma proposta unida e forte, que possa ser abraçada pela governança mundial.De nossa parte estamos participando do grupo de trabalho da COP-30 da Prefeitura de São Paulo, como representante da sociedade civil, ajudando a conversar com as entidades, personalidades e lideranças na Cidade para sensibilizar, mobilizar e acionar a população pelo clima e pela sustentabilidade.Nosso objetivo é levar para Belém a posição forte e uníssona da Cidade de São Paulo, com nossas propostas e nossas soluções.O Planeta e a Humanidade precisam de ações práticas e urgentes. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

O CLIMA E O PREÇO DA COMIDA

Todos ficam pasmos quando, num país que é um dos maiores produtores de café do mundo, o quilo do produto custa 60 reais. Quem vai ao mercado, ou quem paga a compra, sabe quanto custa a laranja, a banana, o abacate, outros frutos, o preço dos legumes, verduras e grãos. O azeite de oliva virou ouro líquido. É claro que essa “carestia de vida” alimentar tem causas múltiplas. É o preço do dólar, os mercados internacionais, as commodities, a eleição de Trump, e blá, blá, blá demais. Mas uma coisa certa. As mudanças climáticas e os fenômenos extremos impactaram em cheio na produção e no custo dos alimentos. O café, por exemplo, teve um aumento grande após o debacle da safra no Vietnã e no Brasil, em consequência de estiagens prolongadas nas áreas produtoras. A laranja subiu de preço, após um aumento de exportação para os EUA, onde houve quebra de safra por pragas associadas ao clima. O custo do azeite de oliva foi vítima de uma enorme quebra de safra nas regiões de produção de azeitonas, no Mediterrâneo e no Norte da África, também, porque as oliveiras sofreram com as mudanças climáticas. Não estamos tratando aqui dos enormes prejuízos econômicos financeiros para a agricultura e a indústria de alimentos. Isso fica para uma próxima vez. E por aí vai!!! Essa situação de insegurança alimentar por falta e pelo alto custo dos alimentos tende a continuar e se agravar, por conta da piora das condições climáticas. Isso não caminha numa linha reta, mas as crises se repetirão cada vez mais frequentes e maiores. Mudanças climáticas não são só chuvas, enchentes, secas e queimadas. É também fome e prejuízos econômicos imensos, na produção de alimentos e outros bens de consumo. É urgente a ação de todos para conter essa tragédia. A COP-30 é uma boa ocasião para o mundo tomar uma atitude pra valer! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

SÃO PAULO E A COP-30

O Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, publicou o Decreto nº. 64066 de 14/02/2025, que cria a Comissão Construindo Uma Cidade Sustentável para tratar da Sustentabilidade e da COP-30 na Cidade.Daí decorreu a publicação da Portaria nº. 68 de 19/02/2025, assinada pela Secretário José Renato Nalini de SECLIMA, normatizando o Decreto e nomeando as pessoas que compõe a Comissão. São quatro secretários (Seclima, Governo, Verde e Meio Ambiente e Relações Internacionais) e dois membros: um da sociedade civil e um da Academia. Tive a honra de ser convidado, representando a Sociedade Civil pela Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, AFPESP, indicado por seu Presidente Dr. Artur Marques, juntamente com o Professor Marcos Buckeridge, representando Instituto de Estudos Avançados da USP. A COP-30, que acontece no Brasil, em Belém do Pará, em novembro, tem uma importância estratégica nas proposições e ações frente às Mudanças Climáticas do Aquecimento Global. Os fenômenos climáticos extremos avançaram de forma rápida e agressiva em todo o planeta. Todos os dias nos deparamos com tais eventos, que se manifestam com ondas de calor insuportáveis, chuvas devastadoras, estiagens longas e destruidoras, secas e escassez hídricas, desertificação, queimadas, nuvens de fumaças, aumento de doenças infecciosas e cardiovasculares, elevação do nível do mar, quebras de safra e prejuízos no consumo e na economia. Vivemos isso nos tempos de hoje, cada vez mais. Portanto, os fenômenos climáticos vieram para ficar e são cada dia mais intensos e destrutivos. As florestas e a cobertura verde têm importância crucial no equilíbrio climático junto com a transição energética, e o uso racional dos recursos naturais, e o consumo sustentável, e são as principais medidas a serem tomadas para a prevenção e o combate ao aquecimento global. No Brasil e no mundo, cerca de 70% das pessoas vivem nas cidades. Aqui vivem produzem, consomem, e se reproduzem. Daí a enorme importância do ambiente urbano na produção e resolução dos problemas climáticos.São Paulo é a maior cidade do Brasil e a 5ª maior do mundo. Tudo aqui é superlativo! Dessa forma, a voz e a conduta de São Paulo na COP-30 é muito importante. Sem exclusivismos, nossa função é sensibilizar os paulistanos para todas essas questões e organizar nossas opiniões, propostas e condutas práticas para a COP-30. São Paulo é pioneira na criação de um Plano do Clima (PlanClima), na criação de uma Secretaria Executiva do Clima (Seclima) e na aprovação (em 2009) da Lei Municipal de Mudanças Climáticas. São Paulo tem uma grande lista e iniciativas de políticas climáticas com exemplos pioneiros, como a eletrificação da frota de ônibus urbanos, a decretação de 150 milhões de m² de parques naturais, a limpeza das ruas da Cidade com água de reuso, entre tantos outros. Porém, pelo gigantismo da cidade, pelo histórico de crescimento desplanejado, pela imensa desigualdade social de sua população e pelo permissivo e descontrolado uso do solo por seu plano diretor, São Paulo também tem grandes problemas urbanísticos, sociais, ambientais e climáticos. Aqui a sociedade civil e o poder público sabem dos problemas e das soluções para tudo isso. E há um esforço considerável para caminhar no sentido de uma cidade mais sustentável. A criação dessa Comissão Construindo uma Cidade Sustentável é uma importante oportunidade de debate e ação de toda a cidade, frente aos desafios climáticos que serão abordados na COP-30.Trata-se de sensibilizar, mobilizar, organizar a população, para conhecer melhor o que a cidade já está fazendo, e não é pouco, e o que precisa fazer, que é muito, para tornar São Paulo uma Cidade resiliente e sustentável. Tarefa nobre, gigante, desafiadora e apaixonante. Vamos a ela!!! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Falhas na gestão de resíduos no Brasil deixam COP30 “sem clima”

Já adentramos 2025, com as novas gestões municipais empossadas – e os preparativos para a COP30, que acontecerá no Brasil avançando a pleno vapor, trazendo luz sobre os temas da agenda climática, ambiental e da sustentabilidade. Estudos internacionais vêm demonstrando que a gestão de resíduos sólidos, apesar de pouco contribuir com o total de emissões de gases de efeito estufa, trazem um grande potencial de #mitigação de #emissões, principalmente de metano. Ocorre que, recente pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) aponta que 31,9% dos municípios brasileiros ainda contam com lixões para destinar os seus resíduos, ou seja, o cenário não poderia ser pior já que os lixões são uma fonte permanente de poluição do solo, das águas, do ar e do clima. E não é por falta de Leis. O prazo inicial que a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei 12.305/2010) dava ao Brasil para assegurar uma destinação adequada de resíduos, com a erradicação dos milhares de lixões ainda em atividade, era de 4 anos, portanto, até 2014, o que não foi cumprido. Além de ser expressamente vedada pela legislação há quase meio século e constituir-se em #crimeambiental, essa chaga, representada pelos lixões, também impacta consideravelmente os cofres públicos. Relatório elaborado pela S2F Partners, consultoria internacional especializada em gestão de resíduos e economia circular, avaliou que em 2020 a gestão de resíduos no Brasil custou R$ 120 bilhões, sendo que R$ 30 bilhões se referem aos custos diretos dos serviços. Os outros R$ 90 bilhões são os custos com as externalidades, ou seja, os custos indiretos decorrentes do modelo atual – com baixíssima reciclagem, sem coleta integral dos resíduos gerados, e com a destinação inadequada de milhões de toneladas que seguem para lixões e aterros controlados. E se parece ruim como está hoje, o cenário pode ser ainda pior. O estudo mostra que se a forma de gerir os resíduos permanecer como está, em 2040, os custos totais (diretos e indiretos) alcançarão cerca de R$ 140 bilhões por ano, dos quais mais de R$ 100 bilhões corresponderão às externalidades. Se a mesma tendência for mantida até 2050, os custos passarão dos R$ 168 bilhões, sendo que cerca de R$ 130 bilhões serão externalidades.(…) E mesmo observando que o tema relacionado à gestão de resíduos foi pouco discutido nas eleições municipais de 2024, é essencial que os prefeitos que iniciam seus mandatos em 2025 coloquem o manejo de resíduos sólidos como uma #prioridade em suas administrações, trazendo bons exemplos para serem apresentados na COP30. https://www.linkedin.com/posts/fabriciosoler_resaedduossaejlidos-mitigaaexaeto-emissaeles-activity-7301192213953150977-FSNf?utm_source=share&utm_medium=member_ios&rcm=ACoAAAGqmfkBycW5xZ0K_MKgFtl6RTdpWlmDgb0 Fonte: Brazil Economy https://lnkd.in/eBVGHDg6   Autores: Carlos RV Silva Filho e Fabricio Soler S2F Partners (s2fpartners.com.br)   

QUE CALOR É ESSE???

O ano de 2024 foi o mais quente da história. Esse ano de 2025, deve superar as temperaturas do ano passado. No Rio de Janeiro, a temperatura bateu 44ºC nesses dias. Assim foi também no Rio Grande do Sul. Na cidade de São Paulo chegamos aos 40°C. E assim tem sido pelo Brasil afora. As chamadas ondas de calor têm se repetido no Brasil e no mundo, com temperaturas cada vez maiores, causando transtornos no clima, nos biomas, na agricultura e na saúde das pessoas. As temperaturas muito elevadas, por dias seguidos, causam enorme desconforto, provocam adoecimento e mortes, principalmente nos idosos e crianças. Os animais e a flora sofrem muito com as ondas de calor. As pessoas devem procurar as soluções individuais para se protegerem: beber água, diminuir a atividade física, evitar a exposição ao sol, se banhar em chuveiros, piscinas, rios e praias, fazer uso de ventiladores e ar condicionado em casa, carros e outros ambientes. O problema é que nem todos têm a consciência de tomar as precauções de hidratação e outros cuidados, se expondo à desidratação e insolação, tão nocivas à saúde. Também parte importante da população por condições econômicas, moram em casas e lugares insalubres, e não dispõe de ar condicionado ou mesmo ventiladores. Sofrem assim o impacto direto das altas temperaturas. Por outro lado, o sistema de saúde e seus profissionais, não estão preparados para atender as vítimas do calor. Portanto, a adaptação a esse ”novo normal” de calor extremo está muito aquém do necessário. E o pior, é que as políticas públicas e práticas sociais e empresariais são absolutamente insuficientes para prevenir e remediar as causas desse calor: o aquecimento global e as mudanças climáticas. Há várias décadas que estamos alertando, junto com cientistas, ambientalistas, climatologistas e ativistas, para esses fenômenos climáticos extremos. As chuvas violentas, os vendavais, as secas e estiagens prolongadas, o degelo, as ondas de frio radicais, a elevação do nível do mar, a desertificação e o extremo calor são os principais fenômenos climáticos que estamos vivendo, e que impactam nas pessoas, na sociedade, na economia, na produção agrícola, industrial e de serviços e também na biodiversidade e nos territórios do Planeta. Infelizmente, a velocidade de tomada de consciência e de ação pelas pessoas individualmente e coletivamente, pelas entidades sociais e empresariais e pelos diversos níveis de governo no Brasil e no mundo, tem sido muito menor do que a velocidade e intensidade que os fenômenos climáticos extremos se apresentam. O que me faz concluir que estamos perdendo, por enquanto, a batalha do clima. Temos que correr antes que seja tarde, antes que seja irreversível. Há infinitas formas de pensar e de agir para colaborarmos nessa jornada climática. Desde plantar uma árvore, até usar energia limpa. Mas os detalhes do “cardápio climático” vamos deixar para um próximo artigo. Todos pelo clima!!! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

O Funcionalismo e o Meio Ambiente; tudo a ver!

Todos sabem da importância do funcionalismo público na sociedade. É por meio destes profissionais que se propõem, articulam e executam políticas públicas que melhoram as condições de vida das pessoas, e que são essenciais para garantir a manutenção dos recursos naturais frente à crescente demanda antrópica. No Estado de São Paulo, a AFPESP representa esse setor social, congregando, defendendo e promovendo o funcionalismo federal, estadual e municipal há 93 anos. Como a maior entidade associativa desse segmento, ela atua com os desafios da modernidade, sendo conduzida por sua Diretoria Executiva, presidida pelo Dr. Artur Marques da Silva Filho, e contando com o suporte de seu Conselho Deliberativo e Fiscal, coordenadorias temáticas e um corpo técnico qualificado. Através dessas estruturas, a entidade oferece uma ampla gama de serviços sociais, culturais e associativos. Entre suas frentes de atuação, destaca-se a Coordenadoria do Meio Ambiente, que tem como missão integrar a consciência ambiental às ações práticas da AFPESP. Sob orientação da Diretoria Executiva, buscamos sensibilizar e mobilizar colaboradores, associados e membros do funcionalismo público para que atuem ativamente na preservação ambiental e na melhoria da qualidade de vida da população. O compromisso da AFPESP com a sustentabilidade está alinhado ao trabalho de instituições públicas essenciais para a gestão ambiental no país, em especial no estado de São Paulo. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), por exemplo, é referência nacional em fiscalização e licenciamento ambiental, garantindo que atividades potencialmente poluidoras sejam conduzidas com responsabilidade. Da mesma forma, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL) desempenha um papel crucial na criação e execução de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente, infraestrutura e logística. Essas instituições exemplificam como o funcionalismo público é peça-chave na implementação de políticas ambientais eficazes e no desenvolvimento sustentável do estado. Com base nesses princípios, a AFPESP se compromete a promover iniciativas concretas e acessíveis, estimulando a participação ativa de seus membros na preservação ambiental. Cada ação, por menor que pareça, contribui para um impacto positivo no meio ambiente. Passo a passo, construiremos juntos um caminho propositivo e participativo em prol da sustentabilidade. Contamos com o compromisso e o apoio de todos para essa missão tão urgente e necessária. Gilberto Natalini é coordenador de Meio Ambiente da AFPESP, médico gastrocirurgião e ambientalista. No setor público destacou-se como secretário do Verde e do Meio Ambiente e secretário executivo de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo. Eleito vereador de São Paulo pela primeira vez em 2000, cumpriu o seu quinto mandato até 2020. É autor de 419 projetos de leis e tem 147 leis aprovadas. Suas principais bandeiras de vida são a democracia, o desenvolvimento sustentável, maior equidade social e a moralidade pública.