Gerar lixo é uma conseqüência inevitável da vida. Desde tempos imemoriáveis o ser humano separa o que lhe convém e descarta o que não parece necessário, como o osso das carnes e a casca de alguns vegetais. Embora não estejamos mais nas cavernas, continuamos nos livrando do que não é útil, como baterias usadas, computadores muito antigos e eletrodomésticos cujo conserto é mais caro do que um aparelho novo.
Um desafio da atualidade é dar o destino adequado a todo esse lixo, que aumentou consideravelmente nos últimos anos devido à popularização de materiais descartáveis mais práticos e baratos do que os convencionais e reutilizáveis. Ao longo dos anos, aterros e aterros foram acumulando material despejado de forma irresponsável e inconseqüente, que causaram danos sérios aos ecossistemas da região. Com cada vez menos espaço para guardar o lixo, que jamais conseguiremos deixar de produzir, é essencial pensar em maneiras de evitar que o material descartado seja realmente encaminhado a um aterro e perda completamente sua utilidade.
As técnicas de logística reversa são, sem dúvida, uma alternativa interessante e eficaz para diminuir a quantidade de detritos nos aterros enquanto uma solução de longo prazo não é desenvolvida. Ao reinserir os resíduos sólidos em uma cadeia de produção, tanto reaproveitando seus componentes como estendendo a vida dos produtos, é possível evitar que toneladas de material útil sejam descartadas e se acumulem nos aterros da cidade.
É interessante notar como a cidade de São Paulo está atenta à questão dos resíduos e mostra-se participativa quando iniciativas que promovem a logística reversa. Essas práticas são cada vez mais comuns e é possível observar um aumento considerável na mobilização popular conforme um novo evento é realizado.
O recolhimento de lixo eletrônico realizado por nós durante a Virada Sustentável, por exemplo, arrecadou 27 toneladas em dois dias, contra as duas toneladas arrecadadas no ano passado. É um número impressionante, pois 27 toneladas de lixo vão voltar a ter utilidade em vez de contribuir para a superlotação dos aterros. Todo esse material passará por uma triagem e o material que necessariamente precisa ser descartado terá o destino correto, causando o menor impacto ambiental possível.
O sucesso da campanha de recolhimento de lixo eletrônico é um sinal extremamente positivo, pois mostra que o paulistano está preocupado com problemas que o lixo causa e participa das iniciativas adotadas para melhorar a situação. É importante continuar espalhando a idéia e propondo atividades que integrem a logística reversa à rotina do cidadão. Ações e idéias como essa contribuem para uma cidade e um planeta melhores para todos.
Gilberto Natalini
vereador e presidente da Comissão de Meio
Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo