Foi bem intenso o debate realizado nesta quarta-feira sobre a construção do Trecho Norte do Rodoanel pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara. No final, faltou consenso e sobrou dúvida no diálogo entre representantes da administração pública e sociedade civil. O maior questionamento é quanto se o empreendimento está em conformidade com o Plano Diretor da cidade e se o licenciamento foi feito de maneira adequada. Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Gilberto Natalini (PV), há pontos que precisam ser esclarecidos. “Há por um lado as leis, e por outro a necessidade objetiva de desafogar o trânsito na cidade”, disse ele ao final do encontro. “Por isso esse debate tem que ser trazido à Câmara, para que se discuta o aspecto legal, e as obras sejam realizadas de maneira a atrapalhar o mínimo possível a vida das pessoas”.
Mauro Victor, morador da Zona Norte, reclamou do parecer emitido pela prefeitura sobre o Rodoanel. O chefe de gabinete da SVMA, Carlos Fortner, apresentou análises de diversos departamentos da pasta sobre o Trecho Norte. Ele reconheceu que a obra traz impactos à região, porém afirmou que ela serve como barreira à pressão do crescimento urbano. “Ainda que se perdessem alguns trechos de mata, entendemos que era importante, senão haveria impacto maior na Serra da Cantareira ou municípios vizinhos”, disse ele.
Quanto ao Plano Diretor, os moradores da Zona Norte questionam a proximidade do traçado proposto para a via do centro da cidade. Enquanto a legislação exige 20 quilômetros de distância, alguns pontos do Rodoanel teriam apenas 12. Marcelo Aguirre, representante da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) na reunião, defendeu que o empreendimento está previsto no Plano e mais do que isso, que ele “está de acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo”.
Aguirre também afirmou que os problemas apontados inicialmente pela SVMA foram corrigidos, e que, na proposta atual, o Trecho Norte do Rodoanel não irá afetar nem as áreas de mananciais, nem o Parque da Cantareira. “O processo foi se ajustando dentro da possibilidade de implantação com menores impactos ambientais, mas a intervenção é dinâmica, ela vai sendo melhorada mesmo depois da obra, na operação”, observou.