Cada vez mais no Brasil e no mundo crescem as iniciativas de reciclagem, reuso e reutilização de produtos. Em especial, a reciclagem de óleo de cozinha, que sobra, por exemplo, na refeição do almoço, como da salada temperada, frituras, etc. Todo esse resquício, ao invés de ir para o lixo, pode ser reutilizado em diversas ações, que podem ser muito úteis e fazer a diferença na vida de cada um, mas não é o que geralmente acontece.
De acordo com a consultoria alemã Oil World, o Brasil produz 9 bilhões em litros de óleos vegetais anualmente. Desse volume produzido, 1/3 vai para o mercado de alimentação. O consumo per capita fica em torno de 20 litros, o que resulta em uma produção de 3 bilhões de litros de óleos por ano no país. Dentro deste montante, apenas um litro de óleo pode contaminar 20 mil litros de água e, mais de 200 milhões de litros de óleos usados por mês, vão para rios, córregos e represas, comprometendo o meio ambiente atualmente e no futuro próximo.
Hoje, este mesmo óleo, é considerado um dos maiores poluidores de águas doces e salgadas das regiões mais populosas do Brasil, mais ainda que o desperdício de alimentos, cotados em 41 mil toneladas, segundo a ONG World Resources Institute – WRI Brasil. Outro ponto importante em relação ao seu uso, é a maneira como ele é jogado fora. Jogá-lo pela pia, além de entupir a rede, é prejudicial ao meio ambiente. Há quem diga em colocar o resíduo dentro de uma garrafa plástica e jogá-la no lixo. Entretanto, essa não seja a melhor solução pois, em caso de vazamento, o resíduo pode contaminar águas subterrâneas.
Várias empresas ou donas de casa, costumam reaproveitar este simples líquido em grandes feitos para a utilização no dia a dia, como por exemplo na criação de sabão para limpeza. Mas, se o uso não for doméstico, ele não pode ser descartado em qualquer lugar. As donas de casa podem acondicioná-lo em recipientes e destiná-los a um ecoponto mais próximo. Já para os comerciantes e fast-foods, por descartarem uma quantidade maior, é recomendado entrar em contato com empresas, órgãos ou entidades licenciadas pelo órgão competente da área ambiental e descartar o óleo em uma bombona, de 50 litros, 100 litros ou 200 litros.
Todo ato voluntário em favor do meio ambiente é bem vindo, já que não há uma lei federal obrigando os fabricantes a recolher e reciclar os óleos porém, muitos estados e municípios incentivam lanchonetes e restaurantes a encaminhar o material a locais apropriados. Também, existem entidades que se responsabilizam pelo recolhimento do resíduo em bairros e estabelecimentos. Em todo o território brasileiro, empresas de reciclagem de óleo fazem parcerias com restaurantes, ONGs e supermercados para recebê-los.
Estas ações estão crescendo, mas ainda estão muito pontuais, como já argumentou em audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo, a presidente da Ecóleo, Dra. Célia Marcondes. É necessário ter uma lei para que a reciclagem possa aumentar, pois ela representa ainda apenas 10% do que se joga fora. Do óleo reciclado, 70% é reaproveitado para biodiesel e os 30% restantes, vão para uma ampla cadeia industrial que inclui ração animal, tintas e velas.
Gilberto Natalini- Médico, Ambientalista e Vereador PV/SP