Foi grande a nossa luta para conquistar a Democracia no Brasil. Custou a liberdade de muitos e a vida de outros tantos.
Aos poucos o povo foi se mobilizando e se organizando e o regime militar caiu no Colégio Eleitoral, após ampla participação popular.
Nossa democracia chegou e com ela os ares da liberdade e da esperança. Era 1985.
A democratização trouxe enormes desafios políticos, sociais e morais.
Ganhamos as liberdades políticas, no decorrer dessas décadas, principalmente depois da Constituição 1988.
A Carta Magna foi avançada e moderna, garantindo direitos sociais à população brasileira.
Porém, a democracia econômica e social nunca chegou pra valer.
Embora, inegavelmente, tivéssemos muitos avanços nas áreas da saúde, educação, assistência social, o modelo econômico concentrador e de exclusão social não foi vencido no Brasil.
O Plano Real e as políticas compensatórias foram eventos importantes e relevantes na distribuição de renda e no combate à desigualdade social e à pobreza, mas não foram suficientes para evitar a terrível concentração de renda que cada vez mais cresce entre nós.
Com a globalização em curso, o Brasil se desindustrializou, e se submeteu ao sistema financeiro e à tecnologia internacional.
Nos tornamos, em palavras simples, uma “grande fazenda”.
Hoje, 8 pessoas detêm a riqueza de 100 milhões de brasileiros, e o país gasta 50% de seu orçamento para o pagamento de serviços e juros da dívida pública.
No campo da moralidade pública, nossa democracia não deu as respostas republicanas que gostaríamos.
Apesar da Legislação ter avançado, o que vemos, na prática, são grupos político empresariais que de forma semelhante ao crime organizado foram tomando conta do Estado brasileiro, se apropriando do dinheiro público, misturando o público e o privado, praticando grandes negociatas cujos exemplos mais escandalosos foram o Mensalão e o Petrolão.
Muitos daqueles que pregaram a Moralidade Pública, com raras e heroicas exceções, chafurdaram na mais reles corrupção, se apropriando dos recursos públicos e desmoralizando a República.
Foi nesse cenário que o PT, que nasceu paladino da Ética e se desmoralizou na roubalheira, perdeu a eleição para o caricato Bolsonaro.
Bolsonaro, um filho fiel da ditadura, um defensor da tortura, um porta voz da barbárie, venceu as eleições de 2018, por rejeição do país às lambanças do PT.
Com ele, ressurgiu no Brasil, pessoas e ideias, de uma direita selvagem e bárbara.
Sobre os escombros de uma esquerda fisiológica, incompetente e corrupta, surge uma direita com teses fascistas, que tira o Brasil do século XXI, com suas práticas devastadoras de autoritarismo, de violência, de preconceitos e de devastação ambiental.
Hoje, há 6 meses das eleições, é esse o quadro que se apresenta.
No fundo de tudo, o que está em jogo é a sobrevivência de nossa combalida Democracia.
Sou daqueles que acham que só se conserta a Democracia praticando a Democracia. Nunca com uma Ditadura!
Portanto, aos brasileiros de bom senso, que amam de verdade a nossa Pátria, que respeitam de verdade nossa bandeira e nosso povo, se coloca a tarefa de garantir as eleições, garantir o resultado das urnas, defender as instituições democráticas.
O jogo de Bolsonaro é colocar dúvidas no processo eleitoral e tentar buscar forças para bagunçar o cenário, e, diante de sua provável derrota, dar um golpe, para se perpetuar no poder.
Para isso ele conta com 10 a 15% do povo que são seus apoiadores, com um sentimento anti PT, que atinge boa parte do país e com membros das Forças Armadas, que foram cooptados por ele, com benesses e cargos.
A grande maioria do Brasil não quer a roubalheira e a corrupção e nem o fascismo e a barbárie.
Mas isso ainda não se manifestou no processo eleitoral.
Para nós, patriotas, fica a tarefa central nesse ano: defender a democracia, a liberdade, o crescimento econômico, a equidade social, a sustentabilidade e a moralidade pública.
Por nós mesmos, e pelo Brasil.
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista