São Paulo começa se preparar para a 12ª Conferência
de Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas
Médico e vereador pelo Partido Verde, Gilberto Natalini é reconhecido por seu trabalho pelo desenvolvimento sustentável e defesa do meio ambiente.
“Acredito que o pensamento está mudando e o conceito de sustentabilidade vem ganhando cada vez mais força, o que me deixa otimista para o futuro”, afirma. Além de participar intensamente de eventos e conferências sobre sustentabilidade (incluindo o C-40, que ocorreu paralelamente à conferência das Nações Unidas Rio+20 em junho), Natalini acredita na mobilização popular para promover avanços.
Natalini idealizou e preside a Conferência de Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo, que neste 2013 chega à sua 12ª edição. Em 19 de fevereiro, teremos a primeira reunião preparatória do evento que, entre outros assuntos, vai debater a questão dos resíduos sólidos. A reunião preparatória, será às 9h, na sala Sergio Vieira de Melo, 1º SS da Câmara Municipal de São Paulo.
São Paulo tem condições de chegar ao patamar de cidade sustentável, ainda que, sabidamente, tenha crescido sem nenhuma ordem?
Gilberto Natalini – Temos condições sim. A cidade cresceu de modo desordenado mesmo e é exatamente por isso que está na hora de reverter esse processo. Isso envolve, é claro, muito trabalho e dedicação por parte de todos, inclusive da sociedade. É fundamental pensarmos em projetos de lei, mas não podemos nos esquecer da participação dos cidadãos. Uma criança que segura um papel até encontrar um lixo ao invés de jogá-lo no chão, ou uma pessoa que resolve uma vez por semana deixar o carro em casa e ir ao trabalho a pé ou de bicicleta já está participando de uma transformação. Sabemos que não é fácil, mas sou otimista quanto ao futuro porque vejo uma vontade muito grande nas novas gerações de tornar a cidade mais limpa no futuro.
Podemos considerar a sustentabilidade um item que se relaciona com diversos (ou todos os outros) aspectos, como saúde, qualidade no trabalho, estudos, fluidez no trânsito etc?
GN – Podemos e devemos, porque uma cidade sustentável e com qualidade de vida só é possível se pensarmos de forma ampla. Precisamos de educação de qualidade porque é assim que podemos conscientizar toda a sociedade dos nossos problemas a fim de buscarmos todos a solução. Saúde é fundamental e se relaciona diretamente com a qualidade do ar, com o stress no trabalho e no trânsito, sem falar em opções de lazer e área verde pela cidade. O desenvolvimento sustentável tem como base todos esses itens.
Aliás, como o senhor é médico, gostaria que falasse sobre o impacto de uma cidade “não-sustentável” na saúde das pessoas.
GN – Os impactos são muitos e as pesquisas médicas estão aí para mostrar. Câncer, problemas cardíacos, depressão, hipertensão, doenças ligadas à falta de saneamento básico. Isso sem falar na vida pessoal de cada um. O trânsito, por exemplo, deixa todo mundo nervoso e será que isso não tem impacto nos nossos relacionamentos pessoais, em casa, no trabalho ou com os amigos? Será que as pessoas conseguem render o que podem com esse cansaço acumulado? É muito difícil. Por isso é que devemos pensar em uma cidade sustentável como maior qualidade de vida para as pessoas.
O atual apelo das questões sustentáveis torna mais simples a votação de um projeto na Câmara de Vereadores?
GN – Não sei se torna mais simples, mas com certeza a conscientização da população vai aos poucos se fazendo presente nos debates da Câmara. Somos 55 representantes dos paulistanos e devemos corresponder aos seus anseios. A tendência hoje, não só em São Paulo, é que questões relativas à sustentabilidade e ao meio ambiente ganhem cada vez mais o espaço público.