O Governo do Estado de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (11) uma parceria entre o Instituto Butantan e a Sinovac Biotech para produção de uma vacina contra o novo coronavírus. Pelas informações passadas na coletiva de imprensa a droga contra a covid-19 já está na terceira fase de testes, o último estágio antes da distribuição.
O mundo contabiliza mais de 100 vacinas em desenvolvimento, mas apenas 10 atingiram a fase de testes. A vacina do Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês pode estar disponível no primeiro semestre de 2021 e é feita com vírus inativado .
O acordo prevê testes clínicos da vacina no País com 9 mil voluntários a partir de julho de 2020. Comprovada a eficácia, o Butantan terá o domínio da tecnologia para fornecimento da vacina ao SUS até junho de 2021. A vacina foi batizada de coronavac.
Ela contém fragmentos do vírus e tem uma tecnologia que o Butantan domina. A vacina da dengue já é produzida nessa tecnologia e aí a oportunidade deste acordo. No primeiro momento a vacina pode vir da China, mas em pouco tempo poderá ser produzida em larga escala no Brasil.
Na fase inicial, os testes foram feitos em macacos e os resultados foram publicados na Revista Science. Na fase 1, os testes contaram com 144 voluntários na China; a fase 2 conta com 600 voluntários que estão sendo acompanhados também na China.
A fase 3 de estudos clínicos vai custar R$ 85 milhões ao governo do Estado de São Paulo. Os grupos prioritários para aplicação da vacina seriam os grupos de maior risco, como idosos e pacientes com comorbidades, segundo o governo do Estado.
Outras vacinas em pesquisa
Na última semana, já foi anunciado que o Brasil poderia se tornar um dos produtores mundiais de uma vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a Astrazeneca, com produção local liderada pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz, além de capacidade de distribuição para toda a América Latina.
Até o momento, dois mil voluntários participarão dos testes em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, os mil testes serão conduzidos pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e contarão com a viabilização financeira da Fundação Lemann no custeio de toda a infraestrutura médica e de equipamentos necessários.
Das mais de 70 vacinas em desenvolvimento no mundo, a britânica é a que se encontra em estágio mais avançado de desenvolvimento e uma das mais promissoras. A expectativa é que, se sua eficácia for comprovada, ela receba o sinal verde das agências reguladoras antes do final deste ano.
Fases Estudo Vacina
Fase exploratória ou laboratorial: Fase inicial ainda restrita aos laboratórios. Momento em que são avaliadas dezenas e até centenas de moléculas para se definir a melhor composição da vacina.
Fase pré-clínica ou não clínica: Após a definição dos melhores componentes para a vacina, são realizados testes em animais para comprovação dos dados obtidos em experimentações in vitro.
Fase clínica: É a testagem do produto em seres humanos. Esta fase do processo se divide em três:
Fase 1 – a primeira etapa tem por objetivo principal testar a segurança do produto. São testados poucos voluntários, de 20 a 80, geralmente adultos saudáveis.
Fase 2 – a segunda etapa da testagem em seres humanos analisa mais detalhadamente a segurança do novo produto e também sua eficácia. Em geral, é usado um grupo um pouco maior, que pode chegar a centenas de pessoas.
Fase 3 – na última etapa o objetivo é testar a segurança e eficácia do produto especificamente no público-alvo a que se destina. Nesta etapa, o número de participantes pode chegar a milhares. Mesmo depois da aprovação, nova vacina continua sendo monitorada, em busca de eventuais reações adversas.
“Saber que a vacina contra COVID-19 está em fase final de testes traz uma esperança, começamos a enxergar uma luz no fim do túnel. Estamos torcendo para que os resultados sejam positivos”, disse o médico e vereador Gilberto Natalini.
Fonte: Jornal O Estado de SP