Opiniao: Economia verde

Com um enorme potencial para aproveitamento de energias renováveis e com tecnologia para produzir biocombustíveis de qualidade, o País se mostra preparado para enfrentar os desafios dessa nova época.

 

Desde 2001, a cada ano promovemos a Conferência Municipal Produção Mais Limpa, reunindo especialistas, representantes do poder público, empresários, estudantes e cidadãos interessados para discutir assuntos que possam trazer alternativas práticas de sustentabilidade para a cidade de São Paulo.

 

Este ano, a 9ª edição da Conferência acontecerá em maio,  com o tema "Economia Verde frente às Mudanças Climáticas”. Durante a crise que atingiu o mundo todo no ano passado e muito por influência da Conferência de Copenhague, na Dinamarca, em dezembro último, começaram a surgir novas ideias no mundo dos negócios. Com a sustentabilidade em pauta, as pessoas passaram a idealizar um novo modelo econômico, de empresas e empregos “verdes”, que estabeleceria um novo padrão de consumo e uma nova relação homem-ambiente.

 

Em um encontro no passado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, defendeu que o investimento na chamada economia "verde" é o negócio do futuro para a comunidade empresarial. Alguns meses antes, a consultora McKinsey, patrocinada pela ONG WWF, havia publicado um relatório listando mais de 200 oportunidades, em dez setores e 21 regiões geográficas, que ajudariam a reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Ou seja, produzir com preocupação ambiental pode ser a grande oportunidade para os empresários nos próximos anos e uma ótima maneira de gerar mais empregos.

 

Para viabilizar as mudanças, porém, será preciso investir antes em alguns setores. O governador José Serra, em um de seus artigos recentes, comentou que na construção deste modelo econômico, os países e as empresas que tomarem a dianteira das inovações tecnológicas sairão ganhando na competição internacional. Portanto, é fundamental, primeiramente, incentivar a pesquisa e a criação de novas tecnologias. Também é preciso criar uma gestão de resíduos e melhorar o aproveitamento da água e das energias renováveis.

 

Nesse sentido, o Brasil está saindo na frente.

 

Com um enorme potencial para aproveitamento de energias renováveis e com tecnologia suficiente para produzir, por exemplo, biocombustíveis de qualidade, o País se mostra preparado para enfrentar os desafios dessa nova época.

 

A coleta reciclável está sendo implantada em diversos municípios e a campanhas regionais contra o uso de sacolas plásticas aparecem cada
vez mais. Essas pequenas iniciativas demonstram uma preocupação geral da sociedade com o meio ambiente.

 

Mesmo assim, ainda é preciso mais campanhas de conscientização. E, nesse sentido, é preciso ação do poder público. Acredito que a Produção Mais Limpa seja uma dessas ações – no entanto  pequena quando comparada ao que há para ser feito. Todas as esferas administrativas devem estar engajadas na criação de leis ambientais e, principalmente, na cobrança para que a legislação seja cumprida pelas empresas e pelos  cidadãos.

 

Como costuma ser dito, os custos de adaptação à nova realidade, para diminuir as emissões, o desmatamento e todos os fatores que provocam
o aquecimento global é mais baixo se comparado ao custo de recuperação dos danos que um planeta em desequilíbrio causaria – ou causará, se nada fizermos.

 

Por isso, a percepção de que o investimento no ambiente e na sociedade podem amplificar o sucesso financeiro é tão importante e precisa ser bem   divulgada. Esse é um dos propósitos da Conferência P+L 2010 e espero que o assunto continue em discussão por muito tempo ainda.

 

Gilberto Natalini

médico e vereador (PSDB/SP)

About natalini