“Novo Anhangabaú”: perplexidades durante a pandemia

A reforma do Vale do Anhangabaú está em andamento desde junho do ano passado, e deve ser entregue em setembro deste ano. Recentemente, o “Novo Anhangabaú” virou alvo de criticas após divulgação de uma foto que mostra o antes e o depois deste importante cenário histórico de São Paulo.

O vereador Gilberto Natalini (PV-SP) sempre manifestou-se contrário em relação a esta obra que, atualmente, ainda encontra-se em andamento.

Desde 2014, período que antecedeu a abertura do canteiro, o parlamentar expõe diversos motivos e aspectos polêmicos que embasam a sua posição. Em 2015, o projeto que está sendo implantado foi objeto de duas audiências públicas na Câmara Municipal, presidida pelo vereador Natalini na Frente Parlamentar pela Sustentabilidade. Na ocasião, o repudio foi geral por parte tanto da comunidade do centro, quanto dos movimentos sociais e dos arquitetos presentes. Diante da manifestada vontade popular, e consciente da vultosa verba estimada para realização do projeto, é difícil acreditar que esta obra tão indesejada seria executada. No entanto, a opção da atual gestão municipal foi, de fato, empreender a reurbanização deste importante espaço da cidade.

Tendo em vista as decisões recentemente adotadas pela Prefeitura do Município de São Paulo no que diz respeito ao Vale do Anhangabaú, Natalini manifestou via ofício, nesta sexta-feira (31), sua perplexidade perante os resultados preliminares dos trabalhos de reurbanização e requalificação do Vale do Anhangabaú (o “Novo Anhangabaú”) e alertou, mais uma vez,  para questões importantes a serem consideradas na proposta de concessão de uso da área.

“O local ainda não está pronto, mas já se observa a presença de uma imensa “praça cinza”, desprovida dos antigos conjuntos de árvores de grande porte e dos belos gramados, e ocupada por novas instalações constituídas por centenas de fontes d’água, distribuídas por toda a extensão do Vale. Isto é uma pena, pois toda esta descaracterização urbanística afetou a relação afetiva dos cidadãos com o local, apagou a memória daquele importante cartão postal da cidade, removeu as áreas verdes existentes (um atentado ao centro já demasiado denso, que tanto sofre com “ilhas de calor”), além de criar um imenso vazio molhado, mas, ao mesmo tempo, impermeável, com lâminas e fontes d`água que gerarão um volumoso desperdício dos recursos hídricos, causado pela evaporação permanente e pelas lavagens que serão necessárias para a realização dos eventos públicos previstos nos termos da concessão”, relata o ofício do parlamentar.

Com relação à concessão a título oneroso, que confia à iniciativa privada as áreas situadas no Vale do Anhangabaú, o parlamentar alerta que o “Novo Anhangabaú” prevê a realização cotidiana de atividades de grande porte e a promoção frequente de eventos que atraem multidões, todas práticas, estas, incompatíveis com o momento de pandemia que atravessamos.

Natalini diz “há incerteza acerca da retomada das atividades econômicas, sociais e culturais que envolvem grandes aglomerações, recomendo prudência na escolha do modelo de concessão. A pandemia que estamos vivenciando nos impõe repensar os usos do espaço público, principalmente quando destinados a eventos que comportam grandes aglomerações”.

Por fim, o vereador lamenta o alto preço desta obra frente às imensas carências da periferia da cidade, e solicita ao Prefeito um amplo debate público acerca da concessão, para que desta vez, a vontade popular seja respeitada, ao contrário do que aconteceu no período antecedente ao início desta nova configuração urbana no centro de São Paulo, só assim, evitaremos maiores prejuízos para o município.

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