Os atletas e professores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) foram nesta quarta-feira (16) à Câmara Municipal de São Paulo pedir para que o Centro de Traumatologia do Esporte (Cete), da Escola Paulista de Medicina não seja despejado. O prédio da Cete se localiza na Rua Israel, na região da Vila Clementino, em São Paulo, e está sendo reivindicado pela Marinha.
O vereador Gilberto Natalini (PV-SP), reuniu-se pouco antes da votação com representantes da Unifesp, da Marinha e outros vereadores para que o centro continue funcionando na Vila Clementino até que se defina para onde ele será transferido. A Marinha concordou.
Enquanto essa conversa acontecia, a Prefeitura de São Paulo enviou um substitutivo incluindo mais 36 terrenos no Projeto de Lei (PL) 611/2019, passando de 5 para 41 os terrenos a serem vendidos ou doados pela Prefeitura. Sem tempo hábil para os vereadores sequer analisarem o substitutivo, o PL foi colocado em votação. Diante desse absurdo, o vereador Natalini foi obrigado a votar contra o PL. O projeto foi aprovado pela maioria dos vereadores e o terreno do Cete passará para a União, mas com a “garantia” da Marinha de aguardar a definição de um outro local para instalação do centro.
O centro funciona desde 1997 e tem como objetivo estudar, tratar e prevenir doenças. O atendimento é gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com especialistas em medicina esportiva, fisioterapia e ortopedia, entre outras disciplinas na área de Medicina do Esporte e Reabilitação. O equipamento todo mês oferece gratuitamente, por meio do SUS, cerca de 700 consultas, 900 sessões de fisioterapia e 100 cirurgias.
O espaço oferece tratamento para esportistas, especialmente atletas de baixa renda, e nele trabalham 225 profissionais de saúde (médicos, fisioterapeutas e educadores físicos), em sua maioria voluntários. Por lá já passaram medalhistas olímpicos como Maurren Maggi e Arthur Zanetti, além de vários atletas, paratletas e ex-atletas.
Além de oferecer atendimento a esse público, também provê serviços de odontologia, psicologia, nutrição e outras especialidades à população, também por meio do SUS. Na área de ensino, o Cete tem uma das melhores residências em medicina esportiva do país e recebe anualmente 15 residentes médicos.
O Cete é reconhecido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), pelo Comitê Olímpico internacional (Coi) e é um dos 20 centros de excelência FIFA no mundo. Ele tem parceria com as Federações Paulista de Futebol, Ginastica Olímpica, atletismo, paratletas, Basquete, Futebol de cegos e dá suporte médico e empresarial para mais de 1 mil crianças que treinam no Centro Olímpico do Ibirapuera e nos centros esportivos próprios da prefeitura.
“Eu votei contra o PL, porque mandaram o substitutivo incluindo mais 36 terrenos, em cima da hora da votação, sem nem dar tempo para avaliarmos o texto. Não tem cabimento. Com relação ao Cete, vão tirar um serviço médico que atende pelo SUS e com qualidade. Lá tem ensino, pesquisa, e vão entregar para a Marinha fazer alojamentos. Nada justifica. Enfim, esperamos que a Marinha cumpra a sua palavra e deixe o centro funcionando no local, até que outro espaço seja definido”, afirma Natalini.