Gilberto Natalini SP

               Nesse universo infinito, obscuro, silencioso e desconhecido para nós, existe um pequeno pedaço chamado Via Láctea. Nele tem um canto com um Sol e nove planetas, entre eles, um diminuto planetinha azul, que foi apelidado de Terra.

               Essa tal Terra é composta de matéria incandescente em seu interior, da parte fria que se diz crosta, e é encoberta por de cerca de 71% de água em sua superfície, onde 97,5% é de água salgada.

               É aí que, sabe-se lá porque (ainda se afogam em teorias), há 3,7 bilhões de anos surge a capacidade de reprodução de seres, que lutam por sua existência. São chamados de seres vivos.

               A diversidade e a quantidade deles são tão grandes no decorrer desse tempo, que não se consegue calcular.

               Vivem uns comendo aos outros para sobreviver. Parasitam-se e fazem simbiose. Extinguem-se e surgem outros novos, evoluem no decorrer dos tempos, sobrevivendo os que melhor se adaptam.

               No topo dessa cadeia alimentar estão os humanos, que têm maior consciência de sua própria existência, e aprenderam a explorar e modificar a Natureza como ninguém, com ferramentas, tecnologia e planejamentos infindáveis.

               Esses, os humanos, estão por aqui há 300 mil anos, segundo consta.

               E é aí que mora o perigo!

               A vida por aqui é regulada por um equilíbrio fino, onde o maior ou mais poderoso ser vivo depende, por uma teia de conexões, de todos os outros. Cada fio rompido dessa teia faz o sistema tremer e pode extinguir cadeias inteiras de viventes.

               Pois bem!

               A intervenção exagerada dos humanos, que não param de se multiplicar e já chegaram a 8 bilhões de indivíduos, sobre os recursos naturais e o meio ambiente, tem rompido muitos fios da teia da vida.

               Várias espécies vêm sendo extintas pela ação humana, e milhares estão hoje ameaçadas. Tanto no mundo vivo animal e vegetal quanto em todos outros reinos.

               Na busca da produção da energia, fundamental para as peripécias humanas, há quase 200 anos descobriu-se o combustível fóssil, usado em larga e principal escala hoje, e extraído do seio da Terra.

               Mal sabiam os incautos que a queima desse fóssil iria produzir resíduos gasosos, que acumulados como um cobertor ao redor do Planeta, causariam um efeito estufa, retendo o calor do Sol e aquecendo o ar, a água e a terra.

               E mais: esse aquecimento mudaria o comportamento do clima, que rege toda a vida nesse planetinha, produzindo efeitos extremos temerários.

               E assim estamos nós hoje em dia!          

               Mal sabiam, ainda, os incautos humanos, que tais mudanças climáticas teriam o poder de alterar todo o ciclo da vida, com suas chuvas violentas, suas estiagens prolongadas, seu calor insuportável e seu frio extemporâneo.

               O clima indignou-se e veio para cima de nós!

               Nessa emergência climática, espécies vivas vão sendo ameaçadas e destruídas, na terra e mar. O urso polar e os corais são paradigmas.

               Mas há um mundo minúsculo e desconhecido que surge com importância: os micro-organismos.

               Nesse mundo invisível dos “micróbios” o clima também age.

               Assim, as bactérias, protozoários, micro fungos, vírus e congêneres mexem-se na clandestinidade da vida, diante do aquecimento global.

               Temos visto “o topo da cadeia”, os humanos, debaterem-se diante do adoecimento e da morte, pelo aumento exponencial de doenças infectocontagiosas, como a dengue, a varíola, as viroses respiratórias, as superbactérias comedoras de carne, e a rainha de todas, a Covid-19.

               As vacinas e os antibióticos correm atrás do prejuízo.

               Mas, pelo que parece, as mudanças climáticas e a devastação das fronteiras ambientais vão liberando micro-organismos conhecidos e desconhecidos que têm como alvo outros seres vivos. Vejam a virose que está dizimando as abelhas nos EUA. Esse é só mais um exemplo.

               Mas, na verdade, o grande alvo desses “bichinhos” todos é a carne humana.

               E, sinceramente, acho que estamos só no começo.

GILBERTO NATALINI- Médico e Ambientalista