O Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura-CBiE, Dr. Adriano Pires, analisou com segurança a situação do Etanol (Estadão, B2 de 04/03/2014), lembrando que há seis anos apenas, o álcool era visto como a grande estrela da política energética brasileira, a bem dita “Arábia Saudita Verde” em expressão levantada por Lula.
Lançado em 1975, o Proálcool, com o objetivo de diminuir a importação de petróleo, foi um total sucesso. Porém, em 1986 tivemos o contra choque de petróleo, quando os preços do barril voltaram aos níveis de 1973, que motivou – infelizmente – o governo a abandonar as políticas públicas que levaram ao êxito do Proálcool e – simplesmente – jogou por terra o maior programa mundial de produção de álcool combustível do mundo.
No início da década de 2000, com o crescimento da conscientização ambiental e o fato de o preço da gasolina ter acompanhado a tendência do mercado internacional a partir de 1998, ressuscitaram o álcool como combustível desta vez com o nome de etanol e fizeram até a Petrobras anunciar que produziria diesel e álcool em novas refinarias. Estava instalada a euforia.
Ao sabor dos ventos, sem planos maiores, em 2008 a crise da “marolinha” o governo instala incentivo sem limites para venda de veículos e, para tal, passou a controlar de forma irulenta os preços da gasolina resultando em enorme prejuízo da estatal de 2008 a 2013. (5,6 bilhões de R$).
Em 2012 para minimizar o prejuízo da Petrobras, erroneamente o Governo isentou-a de pagar o Cide e, a partir daí, o etanol perdeu completamente sua competitividade ante a gasolina.
Criando dificuldades institucionais ao maior programa mundial de política energética.
Assim preferiu, lamentavelmente, privilegiar o combustível sujo, matando o etanol, de vital e brutal importância para o Brasil, especialmente na colaboração com o agronegócio, além de nos tirar da vanguarda na produção de combustível renovável.
Agora com toda a sanha na busca por prestígio eleitoral, a bola da vez está voltada para o Pré-Sal pela via da intensa publicidade, que -pelo visto- somente a partir de 2020 é que poderá (e ainda não é certeza), trazer benefícios à receita brasileira, embora até 2020 novas fontes de eletricidade renovável surgirão e acabarão por transformar os carros em consumidores de eletricidade e não de petróleo e, se isso de fato acontecer, é de se perguntar: como ficará o Pré-Sal com todo seu poderio?