O FUTURO A QUEM PERTENCE?

Fiquei sabendo há poucos dias que de hoje até 2030 será consumido no Planeta o dobro do combustível fóssil do que estava previsto no acordo de Paris para esse período.

No Brasil, a quantidade de queimadas e de desmatamento bate todos os recordes da última década. A quantidade de plástico e resíduos jogados no mar e no solo é descomunal. A poluição do ar, da água e do solo também prossegue de forma agressiva.

A resposta do Planeta é visível. O aumento da temperatura média anual da terra, ar e mar vai numa velocidade acima do previsto.

Os fenômenos climáticos extremos se apresentam de forma mais frequente e violenta, alternando estiagens cada vez mais prolongadas e chuvas volumosas e destrutivas. Isso é acompanhado de desertificação, aumento do nível do mar, escassez de água doce, ondas intensas de calor, e desabastecimento de eletricidade.

As medidas preventivas e paliativas implantadas pelos governos, empresas, universidades, agricultura e comunidades estão numa velocidade muito aquém das necessidades. Isso se soma a um aumento cruel da concentração de renda, da desigualdade social, da fome e da miséria. E a situação é mais agravada pelo surgimento da pandemia da COVID-19. Junta-se a tudo isso a devastadora destruição da biodiversidade do Planeta.

O diagnóstico está feito e é assustador. O tratamento não tem sido implementado com a abrangência e a rapidez necessárias. Portanto, o prognóstico para esse problema é sombrio. Estamos perdendo a batalha!

A COP-26, em Glasgow, que acontecerá em novembro de 2021, é uma oportunidade ímpar para a humanidade tomar juízo, e fazer o que não foi feito no Acordo de Paris.

A pseudo contradição entre a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico tem que ser superada, mesmo porque já sabemos que a economia verde é uma realidade possível e necessária. É possível haver desenvolvimento econômico com preservação dos recursos naturais e maior equidade social. É possível e imprescindível!

Existem progressos científicos e tecnológicos a serem implantados, em particular nas energias limpas. Mas também no destino dos resíduos (lixo), na substituição de materiais como o plástico, no reuso da água, no reflorestamento, na racionalização da indústria, da pecuária e da agricultura.

Vi há algum tempo uma pesquisa que mostrou que 97% dos entrevistados estavam preocupados com o aquecimento global, mas somente 27% se disseram dispostos a tomar uma atitude de vida para enfrentar o problema.

É aí que mora o perigo!!!

Essa pesquisa deveria ser repetida.

E uma grande campanha, uma cruzada, uma onda de conscientização e pressão democrática tem que ser feita, junto aos governos em todos os níveis, às empresas, às igrejas, às academias, à imprensa e ao cidadão comum.

Está em jogo a vida, dos humanos e dos outros seres vivos.

O Planeta vai ficar. Nós é que podemos sumir.

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

 

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