O TERROR DO CRIME ORGANIZADO

Nós vimos, atordoados, a ação terrorista do crime organizado no Rio Grande do Norte. O tamanho e a ousadia do levante criminoso, pegou as autoridades estaduais e federais desprevenidos, embora a ação das forças policiais fossem intensas, o crime aterrorizou cerca de 60 cidades, inclusive a capital.

Há pouco vi uma notícia que uma quadrilha do crime organizado está obrigando os comerciantes de Porto Alegre a pagar um pedágio, sob pena de retaliações violentas.

No Rio de Janeiro, o Estado se debate, com ineficiência, e certa falência, diante da imensa organização do crime, que se instalou e enraizou nas comunidades locais, dividido entre as forças das milícias e do comando vermelho.

Aqui em São Paulo, o tráfico de droga ganhou uma força tremenda.

Se instalou em cada canto da cidade, expandiu seus negócios para além da venda de drogas, atuando em farmácias, óticas, postos de gasolina, transporte público e negócios imobiliários.

Esse último, produziu nos últimos 6 anos uma devastação nas matas remanescentes dos reservatórios de água da região metropolitana, derrubando em torno de 2 milhões de árvores e criando cerca de 50 mil lotes para venda, o que lhes renderia mais de 2 bilhões de reais.

Tudo ilegal, clandestino e criminoso, sob os olhos complacentes e quiçá, conivente dos órgãos governamentais.

Essa quadrilha do crime organizado, estendeu seus tentáculos para todas as regiões do Brasil, para parte da América Latina, e criou laços internacionais, que lhes deram o status da 8º máfia do mundo.

Em vários bairros e comunidades as principais forças políticas e sociais são o crime organizado e as igrejas, sendo que o Estado tem ação fraca ou inexistente. Isso ocorre no Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Hoje, pode-se afirmar que o crime organizado está presente, com representantes em muitas das instituições do Estado, das entidades civis, das comunidades do Brasil.

E estão num período de crescimento, econômico, político e social.

Vejam o desmatamento e o garimpo ilegais na Amazônia, que tem o comando do tráfico de drogas.

A partir dessa realidade vem a pergunta: como o Brasil pode sair disso?

A resposta é difícil e complexa.

As ações de combate ao “estado bandido” do Brasil, dependem de ações dentro e fora do país, depende de saneamento e investimentos em nossas polícias, de presença do Estado nas comunidades com ações sociais e oportunidades que possam competir e isolar o crime.

Depende de um sacolejo de moralidade e modernidade nos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, hoje bastante combalidos diante dos avanços da criminalidade.

O uso de drogas tem aumentado muito no mundo. É um dos negócios mais lucrativos pelo consumo exagerado.

É preciso muita coragem, competência e ousadia dos governos e da sociedade brasileira para barrar o avanço do crime organizado, que tanta desgraça traz ao nosso povo.

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

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