Com a instalação de corredores exclusivos de ônibus em São Paulo que, em última análise, consistiu em pintar o chão de branco nas ruas, reservando a área para os ônibus, está provocando uma sequencia de observações e experimentos sempre sob o prisma de dois ângulos; o dos proprietários de carros e os usuários de ônibus.
O proprietário/motorista que não larga do carro de jeito nenhum, está achando péssimo esse serviço implantado, porque a gasto de latas e mais latas de tinta para pintar o chão de faixa branca acabaram surrupiando dos automóveis uma faixa completa –(dizem 126 quilômetros ou 504 mil m²) —- de espaço, complicando ainda mais o já caótico trânsito paulistano.
Mas o lado automobilístico ainda têm mais queixas, pois falam que; suas aquisições movimentam uma massa de recursos líder da economia; que a indústria petrolífera e açucareira também se beneficia horrores; que pagam taxa para estacionar em ruas públicas como se fossem estacionamentos particulares desprovidos de segurança; pagam licença de funcionamento; pagam ainda inspeção veicular; movimentam o mundo de peças usadas e novas, tintas, pinturas, buzinas, rádios, GPS, celulares especiais, licença para ter o veículo independente da outra licença, ambas anuais taxando a mesma coisa. Pagam ainda licenças para serem habilitados. Como prêmio são pressionados a não saírem de suas garagens, condenados ao ostracismo, ameaçados de terem de suportar mais um rodízio triplo semanal, com abusivas multas se forem desrespeitadas a regra do rodízio infernal que vem por ai. Sem auferir nenhuma alternativa a não ser desembolsar taxas e mais taxas.
Mas como em toda versão tem o outro lado da moeda, o fato é que os usuários de ônibus, eternamente prejudicados com a péssima qualidade do transporte público, não se abalaram com essa novidade da nova administração municipal porque – na verdade –nada sofreram – nem a favor nem contra com as novas regras iniciadas com a pintura de faixas no chão, delimitando a área dos automóveis.
Essa apática manifestação por parte dos usuários se deve à constatação real de que nada mudou ou continua tudo como antes na terra de Abrantes.
Os ônibus são os mesmos, não houve nenhuma intervenção no transporte coletivo no sentido de criar alternativas para as linhas sobrecarregadas, mormente as da zona sul, da zona leste, da zona oeste e da zona central, tudo diante do simples fato de que as linhas têm como prioridade atender aos locais mais longínquos indo até o ponto central de ligação ou no centro. Com essa medida de simplicidade franciscana, que apenas serve às empresas consorciadas e seus interesses financeiros, mas não serve ao interesse público que é o que deveria prevalecer e como tudo neste pobre país, o interesse da coletividade que vá para as calendas.
Explicando melhor: os ônibus que fazem o trajeto do ponto inicial na periferia com destino aos terminais de bairro, têm um conceito razoavelmente melhor de atendimento ao público, (pero no mucho) enquanto que o outro tipo, que sai direto da periferia para o centro sem passar por terminais, tem um conceito classificado como horrivelmente péssimo pelos usuários.
É que ao iniciar a viagem, o coletivo vai arrecadando passageiros no trajeto da periferia e quando transita pelo bairro principal já está completamente lotado, com cerca de 300 pessoas dentro dele. É o caso de perguntar-se às autoridades: como fazer para adentrar num ônibus completamente lotado? Têm que entrar por causa do horário de trabalho, sujeitando-se à posição de sardinha em lata. Para se ter uma ideia, no “hall” de entrada de acesso ao ônibus, num espaço de 4 m² ficam dispostas cerca de não menos de 12/15 pessoas, todas espremidas e aguardando abertura da passagem pela catraca de cobrança e como após a catraca também não há espaço, fica presente uma situação absolutamente desconfortável e humanamente depreciativa ao direito do cidadão. Nada diferente do que acontece nos trens da CPTM e no Metrô.
E tudo isso poderia ser evitado com a simples (a palavra simples está assinalada para chamar a atenção) liberação de veículos partindo do fim do espaço da periferia e início do bairro, para “arrecadar” todo o povo que se comprime diariamente nos pontos para chegar a tempo em seu compromisso. Não é mesmo simples? Porque será que não enxergam esse simples providência? Seria falta de visão administrativa do órgão competente ou desídia para evitar gastos do empresário do consórcio de ônibus? Falta ônibus? Falta motorista e cobrador?
São duas alternativas viáveis e postas, pela inércia diretiva, à disposição da falta de capacidade gestora, da negligência, tanto do lado municipal quanto do empresarial, conectado com a pouca ou nenhuma importância e consideração que o usuário merece, pois – afinal – bem ou mal e na visão negligencial, o usuário está (sic) sendo atendido pela magnífica administração pública do transporte coletivo paulistano, com ampla assistência empresarial.
Esta é a razão pela qual o proprietário de carro não faz opção pelo transporte coletivo. Só essa.
De nada adianta fixar novos corredores sem qualquer planejamento para atender o caso como um todo com o que gera esse grande movimento produzido pelas mudanças de faixas.
Sem planejamento, tal medida conseguiu o milagre de aborrecer as duas facções, todas carreadas de consequências danosas ao meio ambiente, à economia com os atrasos que geram dificuldades em todos os polos, enquanto que o usuário de ônibus não está vendo benefício nenhum porque – com o aumento dos que deixaram o carro de lado – há mais gente usando os equipamentos, há o mesmo número de ônibus e – de um modo especial – temos o mesmo desconforto e aborrecimento pelos motivos apontados.
A presente observação aplica-se à movimentação da manhã ou de ida ao trabalho. O movimento de volta, será objeto de novo comentário porque também tem, para o usuário de ônibus, sérios problemas de falta de atenção, com grande dose de desprezo à figura humana.
Provado que neste capítulo não houve qualquer tipo de planejamento para o Toto do problema: houve apenas preocupação em pintar faixas no chão. Mais nada…..