O governo Lula chega a 100 dias no poder. Ele foi eleito num grande e sofrido movimento nacional para barrar a escalada da barbárie representada pela figura, pelos ideais e ações do Bolsonaro, que tem no seu cerne, o negacionismo, o autoritarismo e a violência.
Lula foi o estuário das forças que se colocaram na defesa da democracia no país, numa ampla frente política que venceu as eleições.
Agora passado os 100 primeiros dias de governo, observamos, como já sabíamos, que não há correspondência dessa frente dentro do governo.
De qualquer forma Lula tem mantido suas promessas de pé, embora tenha dificuldades em várias delas.
A Democracia, as liberdades políticas, o funcionamento das instituições da República, estão assegurados, e foram potencializados na reação ao atentado golpista de 08 de janeiro, que serviu para unir o Brasil na defesa da Democracia.
O diálogo com a nação melhorou, seja com o legislativo, judiciário, a sociedade civil e a imprensa.
Isso é notório.
Na economia o “bicho pega”. O governo Lula não conseguiu dar um rumo ainda em sua política econômica, e parece que a divergência está dentro do próprio governo, na dualidade gastar x poupar.
Lula jurou na campanha combater a fome e diminuir a miséria. Conseguiu continuar o bolsa família, melhorado, mas a economia está estagnada, o desemprego teima em aumentar, e a inflação flagela os mais pobres em razão da carestia de vida.
Ainda é precoce avaliarmos os rumos, pois o governo ainda nem apresentou seu plano econômico ao Congresso e ao país.
Tivemos avanços, sim, no combate às ações criminosas de desmatamento e garimpo na Amazônia e territórios indígenas. Isso é real.
Também estamos retomando o protagonismo do Brasil na vacinação, e a equipe do Ministério da Saúde tem tradição de construir o SUS, embora ainda não vimos a recomposição dos recursos para o SUS.
A violência e a criminalidade continuam mostrando sua cara em nossas comunidades, um caminho a ser revertido pela ação do governo. As quadrilhas do tráfico de drogas e das milícias se infiltraram em todo o país.
No campo internacional, o Brasil parou de dar vexame, e voltou ao leito da tradição brasileira com as outras nações.
O carro chefe desse retorno ao bom senso tem sido a pauta ambiental.
Isso é um alivio para todos nós!
Mas o Lula continua preso a ditaduras como a da Nicarágua e da Venezuela, numa atitude que apequena o Brasil.
Também vimos o flerte do governo com o autocrata invasor Putin, que Lula teima em bajular.
Os 100 dias de Lula chegam com o Brasil na expectativa que ele possa governar evitando a afronta à moralidade pública, cumprindo seu compromisso em diminuir a miséria, promover um desenvolvimento sustentável e respeitar a constituição e as regras republicanas.
Eu torço pelo Brasil.
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista