Professor da USP discute sobre o enfrentamento ao coronavírus com vereadores

Em reunião nesta quarta-feira (15/7), a Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher realizou um debate com a presença do médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), Gonzalo Vecina Neto, sobre a evolução do coronavírus no Brasil e as medidas de enfrentamento à doença tomadas até agora. O convite foi feito pelo vereador Gilberto Natalini (PV-SP).

De acordo com Vecina, essa discussão ainda está longe de ser pacificada, uma vez que há muitas dúvidas técnicas sobre como funciona a pandemia. O médico explicou que cerca de 40% das pessoas contaminadas pelo coronavírus são assintomáticas, enquanto outros 40% apresentam os sintomas da doença, semelhantes ao de uma gripe. Da população sintomática, cerca de 15% precisam de internação porque tem algum grau de insuficiência respiratória, e ao menos 5% vão para a UTI, e é quando a taxa de mortalidade costuma ser elevada, pois representa os quadros mais graves.

A previsão, segundo o médico, é que o Brasil tenha mais pessoas infectadas e mortas em decorrência da Covid-19 do que os dados oficiais demonstram, já que o diagnóstico da população – a única forma de detectar a doença – não está sendo realizado de forma massiva. “Para controlar a epidemia, é necessário identificar os contaminados e isolar essas pessoas para evitar o contágio”, explicou Vecina.

O médico também enfatizou a importância das medidas de isolamento social para combater a doença, e destacou o abismo social que separa os maiores atingidos pelo coronavírus. “Quem vive na economia informal, na periferia, sem emprego fixo, esse cidadão precisa sair todos dias de casa para conseguir comida”, argumentou Vecina. “Por isso, a doença atinge pobres quatro a cinco vezes mais do que a classe média e ricos”. Para ele, a pandemia evidenciou ainda mais a necessidade de um plano de proteção social e maior distribuição de renda.

Ainda de acordo com o médico, a maior esperança para o controle da doença continua sendo a criação de uma vacina, mas ele acredita ser incerto a produção de uma ainda este ano, devido aos diversos protocolos necessários. Enquanto a vacina não chega, Vecina disse que é essencial manter o uso de máscaras, oferecer programas de distribuição de renda, ampliar a testagem da população e manter as medidas de isolamento social para impedir o superlotamento dos hospitais.

Fonte: Portal Câmara Municipal de São Paulo

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