Temos vivido tempos difíceis depois de toda nossa luta pela redemocratização do Brasil. Nossa Democracia conquistada há 35 anos tem caminhado aos saltos e solavancos, a idas e voltas.
Conquistamos as liberdades políticas, mas estamos muito longe de chegarmos à maior equidade social e também à prática republicana da moralidade pública.
Em particular, nos últimos 20 anos, o Brasil caiu numa vala forjada do nós e eles e criou uma polarização falsa e pernóstica que só atrasou o processo democrático.
Ao lado disso, ampliou-se e muito a prática criminosa de assalto ao erário público, praticado por políticos com e sem mandato, por funcionários públicos, empresários e outras “personalidades’.
A roubalheira tornou-se uma prática generalizada no Brasil. Essa prática superou os limites ideológicos e foi realizado pela “esquerda”, a “direita” e o “centro” (as aspas são propositais).
E assim, no bojo de uma pseudopolarização político ideológica, acoplou-se e generalizou-se a corrupção, que desembocou no mensalão, petrolão, bolsolão e outros mega esquemas.
Desse jeito chegamos no limiar desse tempo!
A maioria do país rejeitou na eleição a continuidade da barbárie, da política do ódio, do preconceito, do armamentismo, da fúria contra o meio ambiente e contra a vida, e elegeu outro governo. Mas, persiste o imenso desafio de eliminar a fome e a miséria extrema, de combater a prática da violência contra as pessoas, principalmente as mulheres, contra o racismo e contra os povos originários.
Mantém-se o desafio de moralizar a prática política. Mantém-se a urgência de recompor as políticas ambientais.
É assim que entramos nesse ano de 2023.
Meu sentimento é que podemos melhorar as coisas, mas para isso precisamos estar alertas, contra as práticas fisiológicas, populistas e corruptas, sempre presentes em nosso país.
Estamos alertas e vigilantes, conscientes de nossa tarefa de lutar pela Democracia, pelo desenvolvimento econômico sustentável, com respeito ao meio ambiente; por equidade social, e pela moralidade pública.
Estamos conscientes disso, como sempre estivemos.
Que venha 2023!
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista