Sacolinhas plasticas: o barato que sai caro

São Paulo já pode respirar mais aliviada. Foi sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab a lei que proíbe o uso de sacolas plásticas na cidade. Após mais de quatro anos de batalha, finalmente fomos vitoriosos no estabelecimento de uma lei que vai trazer benefícios palpáveis ao ecossistema paulistano.

 

Embora haja muito alarde sobre a proibição, poucos atentaram para outro ponto fundamental da lei. Além de vedar a distribuição e até a venda de sacolinhas plásticas, os estabelecimentos devem informar e educar os clientes a respeito das sacolas reutilizáveis, feitas de pano ou até de PET reciclado. Com isso, vamos disseminar a ideia da conservação do meio ambiente e da utilização de produtos duráveis.

 

As sacolas plásticas são produzidas com polietileno, o polímero quimicamente mais simples possível. Por ser muito simples, apresentar condições ideais ao uso cotidiano, como impermeabilidade e leveza, e barato, o polietileno de baixa densidade é utilizado também em mangueiras e frascos, por exemplo.

 

Apesar de suas várias aplicações e de ter sido fundamental no desenvolvimento da ciência, motivando inclusive um experimento que rendeu o Prêmio Nobel aos cientistas responsáveis, o polietileno é um grande devastador do meio ambiente. Por ser muito barato, o polietileno usado não tem valor de mercado e não é recolhido. É diferente, por exemplo, com o PET, polímero com valor mais alto que torna financeiramente viável sua reciclagem e, por isso, é recolhido em todo o país.

 

O que vemos, portanto, é uma infestação de sacolas plásticas. Elas poluem córregos, sujam as ruas, entopem bueiros e acumulam-se nos lixões, onde levam vários anos para serem naturalmente decompostas. Essas sacolas têm sua parcela de responsabilidade na superlotação dos lixões, pois ocupam um precioso espaço que poderia ser preenchido com lixo “indispensável”.

 

Este é o conceito chave da proibição do uso de sacolas plásticas: elas são completamente dispensáveis. É claro que tornam o transporte de compras e mercadoria muito mais prático, mas uma sacola reutilizável realiza a mesma tarefa diversas vezes, enquanto a sacolinha plástica é descartada ou utilizada no máximo em uma ou duas outras ocasiões.

 

Proibir o uso de sacolas plásticas é um passo em direção a uma cidade sustentável. Não vai demorar até que o cidadão adquira o hábito de levar consigo uma bolsa ou sacola reutilizável e esquecer que, um dia, poluía sua cidade com as dezenas de sacolas plásticas que gastava em cada compra.

 

Gilberto Natalini

médico e vereador

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