SAMPA: CIDADE SEM MEMÓRIA

Neste fim de semana, tivemos no bairro Jardins, a derrubada de um belo prédio religioso histórico, para mais uma incorporação imobiliária. O CONPRESP permitiu.

Já perdi a conta de quantos prédios com história arquitetônica e cultural nós vimos vir ao chão, para, em seu lugar, subir uma torre “moderna”. Um dos primeiros que eu me lembro, foi há 35 anos, o Casarão dos Matarazzo na Av. Paulista, que deu lugar a um shopping center. Isso acontece com frequência em toda a cidade, seja no centro ou nos bairros periféricos, sem a preocupação com a memória histórica, cultural e arquitetônica.

A lei de tombamento não veio acompanhada de medidas que ajudem os proprietários a preservarem os bens tombados. Há 7 anos, o então Prefeito e depois Governador, flexibilizou as regras do CONPRESP e CONDEPHAAT, dificultando os processos de tombamento e facilitando as licenças de demolição dos imóveis históricos. Isso aumentou muito a sanha de destruição desse patrimônio, em particular pelo setor imobiliário.

Uma cidade que não protege seu patrimônio histórico, sofre de uma doença de amnésia grave e, infelizmente, Sampa está com esta enfermidade. Para honrar nosso passado e proteger nosso futuro, é preciso que o povo paulistano de todas as camadas sociais e regiões da cidade, se preocupe com isso e ajude a mudar o “modus operandi” dos órgãos de preservação e das gestões municipal e estadual.

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

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