São Paulo possui cerca de 650 mil árvores em seu viário. Isso inclui as ruas e as praças, e não leva em conta as áreas verdes do extremo Sul (Parelheiros), a Serra da Cantareira e algumas manchas verdes na Zona Leste. Portanto, nas ruas e praças da cidade temos essas árvores, numa estimativa que precisa ser aprimorada e atualizada pela Prefeitura.
Há bairros mais arborizados, como os Jardins, Brooklin, Butantã, entre outros. E muitos bairros são bem carentes de árvores, principalmente nas regiões mais periféricas, como a Cidade Tiradentes.
A Mooca, o Brás, o Pari, entre vários outros, são bairros mais centrais, mas também muito carentes de árvores.
De forma geral as pessoas sabem os benefícios trazidos por elas: O conforto térmico, a produção de vapor d’água, a permeabilidade do solo, o abrigamento da fauna silvestre, além obviamente da beleza natural, são vantagens inegáveis. Mas os paulistanos ainda tem uma relação de “amor e ódio” com suas árvores.
São vários os motivos para isso. No decorrer do tempo, a cidade plantou de forma desordenada. Espécies enormes em áreas estreitas, muitas árvores exóticas, árvores muito grandes embaixo de fiações. E principalmente a cidade não CUIDOU de suas árvores.
Nunca se fez um levantamento fitossanitário das árvores de São Paulo. Calcula-se, a grosso modo, que 25% a 30% das árvores do viário tem algum tipo de doença, seja por pragas (cupins) ou por parasitas (ervas de passarinho). Além disso, não há regramento do sistema de poda dessas árvores. As técnicas usadas são variadas, em geral muito agressivas, que expõe as árvores a desequilíbrios e infestações.
A concessionária de eletricidade, por exemplo, tem como meta, sempre desobstruir seus fios, geralmente usando para isso podas drásticas e mutiladoras.
A Prefeitura tem poucas equipes para execução de podas e demais cuidados necessários com as árvores, e o tempo de espera para execução do serviço pode quase sempre passar de um ano.
Assim, por todos esses motivos, o paulistano tem, muitas vezes, as árvores como um estorvo, uma adversária, o que é muito ruim. Após muitas discussões e ações, as pessoas estão aceitando melhor o papel da árvore na qualidade de vida da cidade.
Foi mostrado que as ilhas de calor podem produzir uma diferença de até 12ºC de temperatura, entre o Brás e Parelheiros, durante o verão. Com o aumento médio das temperaturas das mudanças climáticas, as árvores passaram a ser vistas como um refúgio seguro de conforto térmico.
Grupos de pessoas se organizaram para plantar na cidade. Outros para cuidar das árvores. Assim a “militância arborista” vem aumentando significativamente; mas ainda está longe de ser a maioria. A consciência aumentou, mas ainda são poucos que de fato põem a “mão na massa”.
Nos 8 anos que comandou a Secretaria do Verde de São Paulo, Eduardo Jorge e sua equipe plantaram 1,6 milhão de árvores na cidade. Foi um recorde!
Ao longo dos 8 meses que fui Secretário do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, nós plantamos 55 mil árvores, pela Prefeitura.
Há tempo, que na Câmara Municipal de São Paulo tenho participado, incentivado e criado movimentos de plantios de árvores, por pessoas ou grupos de voluntários em muitos bairros. Isso vem aumentando muito.
Posso dar dois exemplos emblemáticos, entre muitos: o Sr. Hélio da região da Penha, que já plantou em torno de 18 mil árvores no Parque Tiquatira e o Sergio Shigueda, com todo seu grupo, que já fez centenas de mutirões de plantios em vários cantos da cidade.
A Prefeitura infelizmente reduziu muito o número de plantio. No primeiro semestre de 2018 foram plantadas somente duas mil e quinhentas árvores pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Isso é muito pouco, diante da demanda.
Outra das nossas preocupações é com a condição fitossanitária das árvores existentes. Sendo assim, destinei emenda parlamentar, para desenvolver um projeto de tratamento de árvores doentes, a partir de uma técnica genuína criada pelo Professor Zorzenon do Instituto Biológico. Fizemos um piloto custeado pela comunidade no City Butantã, onde foram examinadas e tratadas 2 mil árvores.
Produzimos e distribuímos cerca de 300 mil cartilhas de arborização, que também divulgamos pelas redes sociais, com dicas necessárias para quem quer plantar.
Agora, após 18 meses de estudos apresentei na Câmara Municipal, um Projeto de Lei sobre arborização que pretende atualizar o plantio, o manejo e a supressão das árvores na Cidade (Projeto de Lei 329/2018). Foi elaborado pelo nosso gabinete com a ajuda de dezenas de especialistas e ativistas do tema, e vai substituir a Lei atual (nº 10.365/ 1987).
Está tramitando, à disposição de quem quiser opinar.
Pessoalmente, já plantei cerca de 12 mil árvores. Mais as que eu orientei a plantar. Sou um plantador contumaz.
Acho que não precisamos gastar argumentos sobre a necessidade de aumentar a cobertura verde de São Paulo. E também de cuidar bem das que já estão aqui.
Meu lema é: “Plantar, plantar, plantar… A árvore certa, no lugar certo, na hora certa”.
Para isso trabalhamos com afinco. E convidamos todos a virem conosco nessa tarefa.
Gilberto Natalini
Médico, Ambientalista e Vereador (PV/SP)