A Câmara Municipal aprovou o novo Plano Diretor da Cidade de São Paulo. Infelizmente ele é pior que o Plano Diretor vigente, aprovado em 2014.
Naquela ocasião eu era vereador e votei contra o projeto. Ele aumentava muito o adensamento de prédios nos eixos de transporte da cidade.
O adensamento quando calculado e planejado é necessário para racionalizar o espaço urbano. Mas naquela época, o Plano Diretor enviado pelo então prefeito e defendido pelas incorporadoras imobiliárias ampliava muito as áreas de adensamento, e não tinha controle.
Naquele ano eu apresentei um substitutivo feito junto com o arquiteto e urbanista Candido Malta, que incluía o conceito do cálculo de suporte. Em nossa proposta não era proibido adensar, desde que fosse feito cálculo de quanto uma determinada região aguentaria de prédios. Claro que meu substitutivo foi rejeitado pela maioria dos vereadores. O resultado estamos sofrendo hoje.
Bairros inteiros como Vila Madalena, Pinheiros, Vila Mariana, Santo Amaro e muitos outros, estão sendo derrubados, sem planejamento e dando lugar a uma epidemia de prédios, tornando esses bairros insustentáveis.
Agora, foi aprovado o novo Plano, que embora tenha sofrido recuos em suas propostas originais, como a isenção de ISS de estádios de futebol, a redução do raio de 1000m para 700m de distância das estações de trem e metrô para a construção de prédios mais altos, manteve o aumento de mais da metade das áreas de adensamento, sem nenhum cálculo de suporte, ou seja, sem nenhum planejamento urbano, sem logística, sem controle social.
A área ambiental e a sustentabilidade foram para as “calendas gregas” no texto aprovado.
Em pleno século XXI, o século dos eventos climáticos extremos, a Cidade de São Paulo aprova um Plano Diretor que ignora solenemente essa tragédia ambiental e dá um grande exemplo de urbanismo insustentável.
Uma vergonha nacional e internacional.
Estão dizendo que a cidade de São Paulo foi vendida para as incorporadoras imobiliárias.
Mas o fato, mesmo, é que os vereadores de São Paulo, em sua maioria, prestaram um péssimo serviço ao povo paulistano, entregando a Cidade ao desenvolvimento urbano desplanejado e predatório.
Esse é o fato!
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista
