São Paulo é um país! Já ouvimos essa frase muitas vezes e ela guarda uma verdade incontestável.
Com seus 470 anos de idade, seus 1509 km² de área, seus 12,3 milhões de habitantes, suas 17 mil ruas, 31 mil km de calçadas, 7 milhões de veículos, 1,6 milhões de motocicletas, 14 mil ônibus da frota municipal, 700 mil árvores nas ruas e praças; seus 117 parques, 500 córregos, 3 rios, seus 3,5 milhões de imóveis, suas 2 mil favelas, seu orçamento de 120 bilhões ano, suas 32 subprefeituras, seus 1,5 milhões de alunos nas 1500 escolas municipais, seus 1037 equipamentos municipais de saúde, 120 teatros; seus 90 mil eventos por ano, e muito mais coisas, São Paulo é mesmo um país.
É a quinta maior cidade do mundo, uma das maiores áreas metropolitanas com 22 milhões de pessoas nos 39 municípios do entorno.
Para alimentar esse “monstro”, com sua imensa desigualdade social e seu orçamento insuficiente tem que se ter uma série de requisitos.
A visão social da gestão, a forma de democracia participativa, a administração descentralizada e local, a moralidade com os recursos públicos, a capacidade de parcerias públicas e privadas, a visão prática de cidade sustentável, a articulação política agregadora e competente, são algumas das exigências ao Prefeito dessa metrópole.
Pelo seu desenvolvimento desordenado e predatório, no correr dos séculos, São Paulo acumulou problemas sociais e ambientais que as vezes parecem insuperáveis. Mas não são!
Pela classificação didática que adotamos, São Paulo possui todos os 6 tipos de poluição: a poluição do ar, da água, do solo, visual, auditiva e climática. A permeabilidade e a cobertura vegetal também são desafios.
Todos eles têm sido combatidos nas últimas décadas, uns mais, outros menos.
Por exemplo: a poluição visual diminui muito depois da Lei de Cidade Limpa.
Também o solo poluído de São Paulo tem sido recuperado por ações de despoluição exigida pela legislação.
Já o ar, as águas, o barulho, tem tido resultados menores. Mas também tem iniciativas que precisam ser incrementadas. As propostas e os caminhos práticos estão postos. Trata-se de fazer mais.
A poluição climática e seus efeitos devastadores tem causas locais, mas as mudanças climáticas dependem de uma governança nacional e global.
São Paulo tem seu Plano de Ação Climática e uma Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas. Um avanço enorme diante da realidade do país.
Tem tomado medidas práticas importantes, como a eletrificação da frota de ônibus sendo expandida, a desapropriação de 150 milhões de m² de mata remanescentes particulares para parques públicos, (hoje são 50 milhões) em andamento, o plantio de cerca de 100 mil árvores por ano no viário, o novo contrato do lixo, que prevê aumento na reciclagem.
Mas todas essas boas iniciativas precisam andar mais rápido, e há necessidade urgente de mobilizar todos os setores da sociedade para participarem muito mais do esforço pela sustentabilidade de São Paulo.
É preciso criar uma mobilização enorme pelo clima na cidade, e que se reflita na melhora da qualidade de vida e na humanização de nossa “aldeia”.
Em nossos livros “Mudanças Climáticas: do Global ao Local” e “Por uma São Paulo mais Sustentável”, tratamos com detalhes do diagnóstico, das propostas e das ações práticas para essa transformação, que tem que ser rápida. O lema “São Paulo pelo Clima” é absolutamente pertinente.
Essa eleição para a Prefeitura diz respeito a isso.
Aquele que melhor abraçar essa pauta e der continuidade, agilizar e multiplicar as ações já existentes na cidade no caminho da sustentabilidade, deverá merecer a escolha dos paulistanos.
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista