O primeiro Simpósio Brasileiro sobre Diretivas Antecipadas de Vontade ou Testamento Vital debateu os cuidados que as pessoas querem ter no momento da morte. O evento realizado nesta sexta-feira (29/06) contou com a presença de médicos, advogados, psicólogos, pesquisadores e idosos. O evento foi organizado pelo vereador Gilberto Natalini (PV) e pela entidade Faz Muito Bem 50+.
Natalini falou sobre a importância de um assunto tabu, como este, ser debatido mesmo que esteja tão longe da cultura do brasileiro. “As pessoas estão vivendo mais. Nós temos que nos preparar de uma maneira científica e também cultural sobre o fim da vida. O término da vida é um assunto não só para os médicos,” comentou.
O Testamento Vital permite que as pessoas deixem, por escrito, a declaração da sua vontade caso ela tenha alguma doença crônica ou sofra um acidente sem possibilidade de recuperação, e quais os tratamentos quer ter acesso ou não.
Para a diretora da instituição Faz Muito Bem e idealizadora do Simpósio, Lina Menezes, poder decidir os últimos momentos de vida é fundamental para a dignidade de cada um. “Temos o direito de escolher em casos de doenças crônicas ou acidente grave, se queremos ficar ligados em máquinas ou deixar a morte naturalmente acontecer, quando não tivermos mais nenhuma possibilidade de sobrevivência, as opções são nossas,” argumentou Lina que estuda o assunto há mais dez anos.
O procedimento é diferente da eutanásia, proibida no Brasil. No entanto, segundo especialistas, pode ajudar a diminuir o sofrimento do paciente e das famílias na hora da morte.
“É uma oportunidade de escolha entre a Distanásia (morte prolongada com o uso de recursos excessivos, com o avanço da medicina e da tecnologia. Medida que se reforça também com o ensino médico que privilegia o curar e o salvar vidas, há pouco tempo tem dado espaço aos cuidados paliativos), e Ortonásia (que é a possibilidade de se ter uma morte digna, deixando a natureza seguir seu curso, mediante o desejo do paciente)”, explicou Lina.
O principal objetivo do Testamento Vital é que o cidadão decida o que fazer no fim da vida. Decisão respaldada na Resolução 1995/2012 do Conselho Federal de Medicina, que está pendente de regulamentação específica.